Paraná Do quarto para os campeonatos

Curitibano brilha em competições de cubo mágico e Clock

João Stenzel tem 17 anos e se tornou o recordista do sul do Brasil no clock

Lívia Berbel
JOAO CUBO CLOCK

João tem média de 5,7 seg. no Clock e monta um Cubo em menos de dez (Franklin de Freitas)

Já conseguiu montar um cubo mágico? E em menos de 10 segundos? Aos 17 anos, o curitibano João Stenzel já deu “um check” no feito. O que começou como um hobby no seu próprio quarto, se tornou recorde. João dominou outro dos puzzles oficiais do World Cube Association (WCA), o Clock, e bateu o recorde do sul do Brasil com uma média de 5,7 segundos montando o puzzle. Hoje, o curitibano é o 12º ‘clockista’ mais rápido do país.

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A história de João, no entanto, não começou com o clock. Aos três anos, ainda criança, o curitibano ganhou o seu primeiro cubo mágico 3×3, que acabou ficando parado. Aos nove, viu alguns amigos brincando com o cubo e lembrou que também tinha o artefato. Curioso e destemido, João chegou em casa e decidiu que ia aprender também. Assistiu a algumas vídeo aulas no youtube e à noite já montou o cubo para mostrar aos seus pais – mas, claro, não em uma velocidade absurda.


Cubo mágico começou como brincadeira

No início, os cubos eram quase como um hobby. A rotina era aprender em casa, ver vídeos, acompanhar outros atletas com o mesmo talento. Durante a pandemia, no entanto, a chavinha virou. “Eu estava vendo uns vídeos na internet de um pessoal montando e daí eu pensei: como eles montam tão rápido assim? Pesquisei e achei uma playlist de uma pessoa que ensinava o método avançado e comecei a aprender”, contou.

Demorou quase um ano para que João aprendesse o método avançado. No “mundo dos cubos”, são vários os métodos para montá-lo. De início, a cruz na face branca, depois um movimento aqui, outro acolá. É longo o caminho, mas com muita prática, em 2023, João participou da sua primeira competição.

As competições oficiais da WCA funcionam assim: o atleta deve resolver o cubo cinco vezes. Entre as cinco opções, o tempo mais baixo e o tempo mais alto de resolução são descartados, fazendo, assim, a média dos três tempos que sobraram.

Primeira competição do cubo mágico foi desafio

Para João, a primeira competição foi um grande desafio. Muitas pessoas olhando, 100 participantes e uma pressão enorme, como ele conta. ”Eu fiz cinco resoluções, tremendo, pensando em aquele tanto de pessoa me assistindo. E foi uma média muito boa para um iniciante, 18 segundos de média.”

O que o curitibano não sabia é que aquela competição teria um grande valor. Ao final, iniciantes e meninas tinham uma premiação à parte, e João foi o vencedor na categoria dos que participaram pela primeira vez. “Foi lá o terceiro lugar, e daí o segundo lugar, eu não fui chamado. No fim, fui o primeiro lugar de iniciante. A medalha tá ali, inclusive. Acho que é a medalha que mais tem valor sentimental, sabe? Foi quando eu comecei. Foi bem legal, o pontapé inicial mesmo, depois disso só melhorei os tempos”, relembra.

Vale pontuar que somente o ranking geral é oficial, por isso o valor da primeira medalha foi sentimental. Hoje, João tem um recorde de 10,42 segundos no cubo 3×3. O recorde no cubo 2×2 é mais baixo ainda, apenas 2,84 segundos. Isso, claro, são os tempos oficiais, ou seja, marcados durante os torneios. Mas, em casa, João já chegou a tempos menores ainda. No Instagram, ele compartilha alguns de seus recordes pessoais.

João Stenzel com a coleção de cubos mágicos (Franklin de Freitas)

Puzzle Clock: o recorde sul-brasileiro

Foi no meio desse mundo dos puzzles que João conheceu o Clock. Ele consiste em alinhar ponteiros giratórios por meio de engrenagens e pinos. Diferente dos cubos, que têm faces e camadas, ele tem apenas duas faces.

Com vídeos no youtube, João aprendeu a montar o Clock antes mesmo de comprar um. Já que os puzzles são caros, o curitibano demorou para adquirir um Clock, mas conseguiu comprá-lo no início de 2024. Logo na primeira vez, conseguiu resolver em 14 segundos e o tempo foi só diminuindo ao longo dos treinos.

Foram duas competições com pontuações anuladas por DNF (não conseguir resolver o puzzle no tempo) até que João conseguisse o sonhado pódio, e foi com um gostinho a mais. Em 2024, na Unoesc Chapecó, o curitibano fez uma média de 5,70 e um tempo único de 4.98, bateu o recorde paranaense e do Sul.

Hoje, João é o 12º ‘clockista’ mais rápido do país, com um tempo único de 4,93, que conquistou no início deste ano. Todos os tempos e pontuações podem ser conferidos no site da WCA, neste link aqui.

Agora, o sonho do jovem curitibano é continuar nas competições, bater recorder ainda maiores e conseguir patrocinadores. Além de atleta, João está no primeiro semestre de Enfermagem com bolsa de 100%, já que passou em primeiro lugar na prova.

Seu pai, que também é João, fala com orgulho do filho. Sempre esteve presente nas provas e incentiva o atleta a buscar seus sonhos, continuar com os treinos e alcançar tempos ainda menores. “Meu pai e minha mãe sempre me apoiaram. Quando comecei a bater recordes pessoais, ainda que baixos, eles comemoravam comigo. Vai lá que você consegue, eles diziam”, conta João.

A próxima grande prova do jovem curitibano será o Campeonato Brasileiro de Cubo Mágico, que ocorrerá nos dias 18, 19 e 20 de julho, em Curitiba. É o maior campeonato da América do Sul e João quer aproveitar para quebrar outro recordes. “É meio desafiador, mas não é nada impossível”, finaliza o atleta.