Gabriel Nazário, o colecionador (Foto: Luísa Mainardes)

Para alguns, as luminárias públicas servem apenas para iluminar a cidade. Para outros, como o Gabriel, elas se tornaram um verdadeiro sonho. O interesse diferenciado começou ainda na infância. Em 2012, ele conseguiu a sua primeira luminária e, de lá pra cá, a coleção só aumentou.

Foto: Luísa Mainardes

Gabriel Nazário, 20 anos, coleciona todos os tipos de luminárias públicas em casa, desde as mais novas até as mais antigas. Todas as luminárias ficam guardadas na garagem do pai, mas logo terão um novo espaço. O colecionador conta que para conseguir a sua primeira luminária, quando tinha apenas nove anos, precisou acertar uma perguntinha.

“Vi um caminhão perto de casa que estava cheio de luminárias, muito cheio mesmo. Cheguei em casa e falei: mãe, precisamos ir lá agora. Aí cheguei no caminhão, expliquei que queria uma e o moço que estava retirando me disse: ‘Se você acertar onde fica o reator dela, eu te dou uma.’ Como eu sabia, consegui a primeira luminária da minha vida. Foi um dia muito feliz”, diz Gabriel.

Foto: Luísa Mainardes

A mãe de Gabriel, Paula Nazário, relata que sempre apoiou o gosto do filho. “Fomos numa fábrica de luminárias uma vez, aproveitei minhas férias para irmos. Mas eu achava muito engraçado… tinha que ficar explicando para os funcionários de lá que quem gostava e queria aprender mais era ele, um piazinho, e não eu”, diz rindo.

Para conseguir as luminárias, o processo sempre foi parecido. Entre buscas, telefonemas e mais pedidos, Gabriel conta que conseguir essas relíquias não é difícil, o mais complicado é conseguir uma luminária específica. “Às vezes acham que eu roubo essas luminárias, mas, pensa, é muito difícil. É um poste super alto, a luminária ainda fica num braço mais distante do poste… sem falar que tem toda a fiação ali, né. Conseguir as luminárias de forma legal é muito mais fácil.”

Sucesso na internet
Com a pandemia, Gabriel percebeu a onda de criar conteúdos em casa e decidiu que também queria mostrar o que tinha de diferente: as suas luminárias. Começou postando fotos no instagram, compartilhando com seus amigos, mas logo as marcaram o notaram. “Pensa, para marcas que não têm alguém que crie conteúdos sobre as luminárias, eu era essa pessoa. Ao todo, já tenho 11 luminárias que ganhei para fazer conteúdo. É bem diferente, específico.”

Foto: Luísa Mainardes

No TikTok (@lumpcwb) o curitibano também faz sucesso. Com 162 mil likes na conta, os vídeos contam sobre as luminárias prediletas, histórias e curiosidades sobre o hobby diferenciado. No entanto, mesmo com todo o carinho que recebe na internet, Gabriel conta que ainda não aprendeu a lidar com comentários maldosos e as perguntas ofensivas que são feitas nos vídeos.

“As pessoas perguntam: por que você não coleciona algo normal? Mas eu penso que o normal é chato. E, aliás, o que é normal?”, comenta. Além de Gabriel, o colecionador participa de um grupo com mais de 40 pessoas que têm o mesmo gosto pelas luminárias. Os “lampólogos” também estão crescendo no país.

Cuidado com a coleção
Para continuar com a amada coleção, os cuidados com as luminárias são essenciais. Para Gabriel, que é eletricista, os cuidados agora se tornaram mais simples. Trabalhando com o pai, Adilson de Aguiar, desde pequeno, o menino gostava de aprender tudo sozinho, e foi assim com as luminárias também.

“Com o tempo, as luminárias soltam uma espécie de areia, por causa das fundições delas. De início eu não sabia como fazer, mas liguei em várias fábricas até descobrir. Hoje o cuidado é mais simples. Sempre fico limpando”, diz.

Para os próximos anos, a ideia do colecionador é criar um museu de preservação dessas luminárias antigas. O museu deve começar a ser construído neste ano ainda, nos fundos da casa de Gabriel.

Lívia Berbel, sob supervisão de Mario Akira