Curitibano viaja pro outro lado do mundo para disputar o Mundial de Arquearia Montada
Evento acontece na Mongólia, no final de agosto, e Rodrigo Trinkel será o primeiro brasileiro a competir na história
Rodolfo Luis Kowalski
O atleta Rodrigo Rizzardo Trinkel: curitibano vai viajar para a Mongólia no mês que vem para competir no Campeonato Mundial de arquearia montada (Foto: Franklin de Freitas)
O mês de agosto será histórico para o esporte paranaense. É que na ocasião, entre os dias 21 e 23 de agosto, será realizado na Mongólia o 17º Campeonato Mundial de Arquearia Montada (17th WHAF World Horseback Archery Championship). E o Brasil, pela primeira vez, terá um representante do sexo masculino na competição. E será logo um curitibano o responsável pelo feito: o atleta Rodrigo Rizzardo Trinkel.
Aos 41 anos de idade, Trinkel é mestre de Pa-Kua, esporte que pratica há 22 anos, sendo o dono (junto com seu irmão e sua esposa) de duas escolas da modalidade, uma localizada no bairro Juvevê e outra no Batel. Foi através do Pa-Kua, inclusive, que começou a praticar a arquearia, uma arte milenar, e depois acabou chegando no esporte da arquearia montada, muito tradicional em países como China, Coreia do Sul e Mongólia, que resgata tradições diversas unindo arqueiro, cavalo e técnica.
“Eu comecei a treinar arquearia no solo aqui no Pa-kua, por volta de 2009. Mas enquanto fui aprendendo, ouvia muita gente falando que tradicionalmente se fazia arquearia a cavalo, mas que por uma questão de logística, de dificuldade, foi parando de ser praticado no cavalo e a gente treinava mais no solo. Mas aquilo gravou na minha cabeça, a ideia de fazer o esporte a cavalo. Só que eu nunca tinha andado a cavalo, não tinha experiência”, relata o atleta curitibano.
Em 2010, então, Rodrigo foi aprender equitação, treinando hipismo clássico e western. Em 2011, quando já havia desenvolvido mais a habilidade de andar a cavalo, foi vez de começar, efetivamente, a prática da arquearia montada.
“A técnica de tiro com arco em solo já é a técnica tradicional, mas tem toda a questão de como é que se faz isso em cima de um cavalo. Na primeira vez que fui praticar, não acertei nada. Errei tudo! E paradinho, no chão, eu acertava tudo. Mas daí fui treinando, comecei a procurar lugares onde pudesse treinar a equitação e separar um espacinho para dar uns tiros. Em 2014 já tinha atingido um nível legal de treino, estava me desenvolvendo bem”, emenda ainda o arqueiro.
Rodrigo Trinkel treinando em sua academia: o Pa-Kua foi onde tudo começou (Foto: Franklin de Freitas)
Uma pausa na prática e o crescimento do esporte
Rodrigo Trinkel conseguiu se manter bem ativo no esporte até o final de 2019. Na época, a arquearia montada contava com um polo de prática no Paraná e mais alguns em São Paulo e no Rio de Janeiro, algo ainda muito incipiente. E aí veio a pandemia, que acabou obrigando o curitibano a dar uma pausa na prática. Ele só foi voltar a treinar de verdade, com regularidade, no ano passado.
E quando voltou, percebeu que a arquearia estava ganhando uma força inédita no país. Uma associação, a Arquearia Montada Brasil, começou a organizar campeonatos locais. Ao mesmo tempo, novos núcleos de praticantes surgira em estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e até em algumas regiões do Nordeste. No Paraná, além de Curitiba, há grupos praticando o esporte em Piraquara e em Palmeira. Com um curioso destaque: 70% dos esportistas são do sexo feminino.
“O Brasil já participou do Mundial. Temos uma atleta que se chama Massae Hayakawa e ela foi pra Mongólia em 2008 participar desse tipo de campeonato. E recebemos agora esse convite pro Brasil participar novamente, competir, e estamos montando a equipe. Por enquanto, só eu estou indo para competir e vou acompanhar a Massae, que vai lá como uma espécie de embaixadora do Brasil. Mas outras duas atletas, uma de São Paulo e outras de Goiás, estão vendo de conseguem participar também”, comenta Rodrigo, celebrando o momento que o esporte que ele tanto ama está vivendo.
“O esporte está se difundindo bastantes. Antes, tinha no Rio [de Janeiro] e um pouco em São Paulo. Agora já tem polos no Rio Grande do Sul, em Goiás, Minas Gerais, interior de São Paulo, algum pessoal no Nordeste… É bem bacana, o movimento está acontecendo. E no Paraná acredito que temos uns 20 praticantes, aqui em Curitiba, em Piraquara e na região de Palmeira”, destaca ainda ele.
Vários modalidades dentro de um só esporte: conheça a arquearia montada
Para quem está interessado em começar a praticar a arquearia montada, Rodrigo indica que são três os elementos a se treinar. Um deles é arco no chão (a arquearia tradicional), o outro é a equitação (é necessário saber andar a cavalo) e, por último, o treino de arquearia montada propriamente dito.
“Se a pessoa não sabe nada e quer começar, o indicado é começar aprendendo a atirar com arco no chão. Depois, procurar um lugar para aprender a andar a cavalo. E já com mais experiência, começar a praticar a arquearia montada”, indica ele.
Dentro do esporte, por sua vez, existem diversos os tipos de provas. Numa delas, por exemplo, o alvo (um disco que fica pendurado) fica a 7 metros de altura e o arqueiro precisa ficar alinhado com o poste que segura o alvo para poder atirar para cima. Em outra, numa pista reta, há um só alvo e o arqueiro pode dar só um tiro, que tem de ser disparado enquanto o cavalo está galopando e no momento em que o animal e o atleta ficam alinhados com o alvo. Se o cavalo estiver num ritmo ou velocidade maior, o arqueiro pode ganhar pontos bônus.
Outras prova tem dois alvos, um de frente para o arqueiro e outro de costas. Isso obriga o atleta a ter que se inclinar e ficar na diagonal, praticamente, para poder atirar ao passar pelo alvo. Se acertar os dois tiros, ganha pontos bônus. E numa outra prova há cinco alvos colocados em sequência, com o arqueiro tendo que acertar os cinco na passada. Quanto mais alvos ele acerta, mais pontos conquista. E se consegue acertar vários em sequência, vai ganhando bônus.