

Um ajuste aqui. Um zíper ali. Uma reforma inteira acolá. A vida em um ateliê de costura tem a ver com personalização. E este é um desafio em tempos de e-commerce que oferece praticidade na compra de roupas. Mas a costureira Deborah Castilho Urbanovicz, no bairro Santa Cândida, em Curitiba, tira de letra.
Desde criança Deborah via a mãe, Vera Castilho Urbanovicz, costurando. A tia, Marli Castilho, também seguiu a profissão. A escolha era uma alternativa para mulheres que precisavam cuidar dos filhos. Era possível trabalhar de casa.
Deborah, chegou a Curitiba com apenas 9 anos, vinda de Joaquim Távora. São mais de vinte anos na capital, grande parte deles dedicada a deixar as pessoas mais confortáveis em suas roupas.
Antes de ter seu próprio ateliê, trabalhou em confecções e também com a mãe, hoje aposentada. Em 2009, Deborah iniciou o curso de Produção Industrial no Senai, que foi concluído, mas não se afastou dos reparos.
Clientes
Uma estimativa feita pela consultoria BTG Pactual revela que a Shein faturou cerca de R$ 7 bilhões em 2022. A empresa chinesa tem um mix de produtos de vestuário amplo e a preços mais competitivos que as varejistas nacionais, porém isso não afeta tanto os negócios de Deborah.
“Muita gente compra dessas lojas, mas os modelos e tamanhos geralmente vêm errados. Seja a pessoa magra, baixinha ou alta, sempre precisa fazer um ajuste. Às vezes até refazer a peça inteira”, conta a costureira.
A clientela, além das moradoras e moradores do Santa Cândida, também chega de outros bairros – inclusive alguns que ficam longe, como o Bigorrilho e Ahú. Os ajustes vão de troca de zíperes, fazer a barra a customizar vestidos de festa.
Ateliê
Depois que a mãe e a tia de Deborah pararam de costurar, ela manteve o legado das mulheres da família. Desde 2012 ela e mais duas costureiras trabalham a poucas quadras de casa. Lá passam a semana inteira atendendo clientes particulares e também empresas maiores, que precisam do olhar mais atento das costureiras.
A parceria foi primordial no período da pandemia da Covid-19. “Tivemos que fechar e eu tive minha filha nessa época. Mas aí tinha os pedidos dessa facção, que continuou vendendo online e também comecei a fazer as máscaras para ajudar na proteção”.
Amor à profissão
“Como diz a minha mãe: costureira não fica rica, mas também não passa fome”, diz Deborah. Costurar, para ela, vai além de criar um item de moda. Também tem a ver com a pessoa se sentir confortável.
Acidentes domésticos fazem clientes buscarem ajuda das costureiras. Uma peça queimada pelo ferro de passar, outra mastigada pelo cachorro ou manchada. “Sempre tem jeito de arrumar. Às vezes pegamos um tecido parecido, pensamos em uma solução para salvar a roupa”.
Apesar da rotina corrida – o atendimento é de segunda a sexta-feira das 8h às 18h e aos sábados até 12h – Deborah não se vê fazendo outra coisa. “Ah, eu gosto muito de costurar. Não pretendo parar tão cedo”.
Serviço:
Ateliê da Deborah
Estrada das Olarias – 1353 – Santa Cândida
Telefone: 41 99713-6006