
O delegado-geral da Polícia Civil do Paraná, Silvio Jacob Rockembach, culpou hoje a falta de planejamento e organização do Núcleo de Concursos (NC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) pela suspensão das provas do concurso para a categoria marcadas para hoje. O núcleo comunicou o cancelamento das provas na madrugada de hoje, poucas horas antes da realização das mesmas, alegando falta de segurança sanitária nos locais de realização dos exames. Cerca de 106 mil candidatos estavam inscritos para a disputa pelas 400 vagas disponíveis. O governo do Estado e a Polícia Civil anunciaram abertura de procedimento administrativo contra a UFPR por quebra de contrato.
Segundo Rockembach, a polícia ficou sabendo da suspensão das provas pela publicação da UFPR no site do núcleo, hoje pela manhã.
“O sentimento da Polícia Civil é de total indignação. É inadmissível que mais de 100 mil candidatos sejam tratados e desrespeitados da forma como o foram. Não podemos admitir que uma universidade federal, um núcleo de concursos com o know how da universidade federal, apenas reconheça falhas horas antes da aplicação das provas e cancele esse concurso da forma como ele foi cancelado”, disse o delegado. “É um total falta de respeito não só com o candidato, mas também com a Polícia Civil do Paraná. Só quem fez concurso sabe o quanto é difícil para esses candidatos terem que se descolar do Norte, Nordeste, muitos deles se descolaram de ônibus, pediram dinheiro emprestado para estar aqui. É um verdadeiro absurdo que não se pode admitir”, criticou.
De acordo com Rockembach, em nenhum momento a UFPR fez qualquer menção de problemas para a realização das provas. “Se havia falhas, que nós tivessem chamado para uma conversa franca com antecedência. Não haveria problema nenhum. Teria que ter havido essa transparência. Ainda que o concurso tivesse que ter sido cancelado. Mas com a antecedência necessária para que os candidatos não fosse expostos à situação que eles se encontram aqui hoje no Estado do Paraná”, apontou.
“Nós fomos comunicados, na verdade, através do comunicado que foi postado pela universidade federal no site. Eu estive ontem pessoalmente na universidade federal, conversei com o professor que é o coordenador do núcleo de concursos que era responsável pela organização das provas e ele me garantiu que tudo estava em perfeitas condições. E não só ontem. A Polícia Civil vinha acompanhando diariamente. Em várias oportunidades, inclusive por escrito, a resposta que a gente sempre tinha aos questionamentos e às dúvidas era de que o Núcleo de Concursos da Universidade federal estava completamente preparado e em condições de aplicar as provas”, explicou o delegado.
Para ele, a responsabilidade é da falta de organização do NC da UFPR. “Agora estamos apurando, efetivamente, quais seriam especificamente essas falhas. Foi divulgado que seriam falhas relacionadas à saúde pública, questões relacionadas ao Covid. Mas eu posso garantir que, se tivesse havido planejamento e organização pelo Núcleo de Concursos da universidade federal, teria sido perfeitamente possível a aplicação dessas provas respeitando todas as regras de segurança exigidas pelas secretarias de saúde”, afirmou.
“Agora nós estamos apurando todas as situações. A Polícia Civil vai se inteirar, especificamente, quais são as causas que teriam levado à suspensão das provas. Mas eu já vou garantir que com certeza, está relacionado à falta de planejamento e de organização do núcleo. E dependendo do que for apurado vamos tomar todas as medidas legais que forem cabíveis. Inclusive nós vamos buscar a responsabilização pessoal dos responsáveis pelo ocorrido”, disse Rockembach.
O delegado negou que houvesse risco para a realização das provas. “Não havia risco na verdade. A comissão de concursos da Polícia Civil estava em contato permanente com o Núcleo de Concursos da UFPR. E a todo o momento a resposta que a gente sempre tinha é que estava tudo organizado, que eles tinham plenas condições, que eles tinham o efetivo necessário para aplicar as provas. Então, em nenhum momento passou pela nossa cabeça, que a universidade federal não estivesse preparada para aplicar as provas no dia de hoje”, disse.
De acordo com Rockembach, os candidatos devem cobrar da UFPR os prejuízos com a suspensão das provas. “Os candidatos têm o direito de cobrar. Se eu fosse candidato em também cobraria. É uma falta de respeito que não tem nem como falar. Tem que cobrar da universidade federal, que era responsável por organizar, se preparar, e era responsável para a aplicação das provas”, disse. “Nunca passou pela nossa cabeça que uma universidade com a experiência que tem na aplicação de provas, realização de vestibulares, pudesse demonstrar uma falta de planejamento, organização que nos causa uma surpresa tremenda”, admitiu.
O delegado garantiu que o concurso será realizado, mas previu que não com a UFPR. “Esse concurso vai ser realizado. Vamos tomar todas as medidas necessárias. Muito provavelmente com outra instituição esse concurso vai ser realizado. Estamos avaliando aqui de uma forma efetiva o cancelamento do contrato com a universidade federal. Porque o que houve foi uma quebra de contato”, disse.