
O desmatamento em trechos de Mata Atlântica estão em tendência de queda entre 2023 e 2024. Os dados foram apresentados pelos dois principais sistemas de monitoramento do bioma mais ameaçado do país – o Atlas da Mata Atlântica, coordenado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e o SAD (Sistema de Alertas de Desmatamento) Mata Atlântica, desenvolvido em parceria pela SOS e MapBiomas.
Os dados, no entanto, revelam que a redução foi modesta e que as florestas continuam sob forte pressão.
Segundo o Atlas, que acompanha fragmentos com mais de três hectares (ha) em áreas de mata madura, a perda de vegetação caiu de 14.697 hectares em 2023 para 14.366 hectares em 2024 – uma redução de apenas 2%. Tal desmatamento representa a emissão de cerca de 6,87 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, valor comparável às emissões anuais de Camarões ou do Distrito Federal brasileiro.
Já o SAD, que detecta desmatamentos menores e enxerga áreas em regeneração, registrou queda de 14%. Foram, no total, entre matas maduras e mais jovens, 71.109 hectares desmatados em 2024 frente a 82.531 hectares do ano anterior. O total de alertas caiu de 7.396 para 5.693, mas a área média por evento subiu de 11,2 para 12,5 hectares. Isso indica desmatamentos maiores e mais concentrados.
Diretor executivo da SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto explica que a queda registrada nos dados é tímida diante do necessário – que é o desmatamento zero. As perdas permanecem altas, principalmente em áreas historicamente críticas, e avançam sobre matas maduras, que são insubstituíveis em biodiversidade e regulação climática.
“Em outras palavras, o desmatamento ainda representa uma grande ameaça para o futuro da Mata Atlântica. E esse é também o futuro de todos nós, já que o bioma abriga cerca de 70% da população brasileira e sustenta mais de 80% do PIB nacional. No contexto das crises globais do clima e da biodiversidade, das tragédias ambientais e das recorrentes crises hídricas no Brasil, a degradação da Mata Atlântica amplia o risco de colapso dos serviços ecossistêmicos essenciais à nossa qualidade de vida, à segurança alimentar e à economia do país”, afirma.