Curitiba registrou uma série de ocorrências de trânsito envolvendo ônibus entre a noite de quarta e a manhã desta quinta-feira (28 de agosto). Foram três casos diferentes que ganharam o noticiário. Em dois deles, pedestres foram atropelados em momentos de distração. No outro, um motorista acabou sofrendo um mal subido e perdeu o controle de direção. A tragédia só não foi maior porque um dos passageiros pisou no freio e parou o veículo ao perceber que o condutor do coletivo não estava bem.
O primeiro episódio ocorreu no final da tarde de quarta (27), no Alto da Glória. Na ocasião, uma mulher de 28 anos foi atravessar a Avenida João Gualberto, mas esqueceu-se de olhar para os dois lados da via. Quando botou o pé na canaleta, um ônibus biarticulado da linha Santa Cândida/Capão Raso vinha em sua direção e não conseguiu evitar a colisão. Ela acabou ferida e precisou de atendimento no Hospital Evangélico, mas sem risco de morte.
Já na manhã de hoje, mais dois casos. O primeiro deles foi no Água Verde, na Avenida República Argentina. Um homem de 41 anos, que também estava distraído ao atravessar a via, não percebeu a proximidade do ônibus e acabou sendo atingido pelo veículo. Com a colisão, bateu a cabeça no para-brisa de um ônibus ligeirinho da linha Sítio Cercado. Ele sofreu traumatismo craniano e foi encaminhado ao Hospital do Trabalhador.
Mal súbito
Pouco tempo depois, quarenta passageiros de um outro ligeirinho passaram por momentos de tensão na Avenida República Argentina, no Bairro Novo Mundo. O motorista do veículo sofreu um mal súbito e perdeu o controle da direção. O carro parou a menos de dois metros de um comércio, após atravessar a canaleta na pista sentido contrário e derrubar a grade de proteção. A tragédia só não foi maior porque um dos passageiros pisou no freio e parou o ônibus. Ele disse que percebeu que o motorista tremia muito e já parecia não estar conseguindo enxergar.
Depois do acidente, encaminhou-se o motorista ao Hospital das Clínicas. Ainda não se sabe, contudo, o que fez ele passar mal. Felizmente, nenhum dos 40 passageiros que estavam no ônibus ficou ferido.
No começo do mês, busão chegou a entrar dentro de balada
No começo do mês, no dia 11, a Capital já foi palco de outro acidente grave envolvendo um ônibus. Naquele dia, um Ligeirinho acabou invadindo a sede da balda Honey Vox Hi-fi, localizada no bairro Rebouças, entre as avenidas Iguaçu e Marechal Floriano Peixoto. Por conta da situação, a casa noturna teve de suspender suas atividades por tempo indeterminado, devido à necessidade de reformas no local. Até hoje não informaram a nova data de reabertura.
Na ocasião, um carro fez uma conversão proibida no cruzamento entre as avenidas Iguaçu e Marechal Floriano Peixoto. A situação fez o motorista do ônibus perder o controle da direção e invadir a balada. Felizmente, o estabelecimento não estava aberto na hora da ocorrência – a Honey Vox funciona de quarta a sábado. O motorista do ônibus, no entanto, ficou gravemente ferido na ocorrência. Ele ficou preso às ferragens pelas pernas e o desencarceramento dele exigiu mais de uma hora do trabalho da equipe do Corpo de Bombeiros. Depois, foi ao hospital com ferimentos moderados, mas sem risco de morte.
Curitiba é a terceira capital com mais mortes em acidentes com ônibus
Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, mostram que Curitiba é a terceira capital brasileira com mais mortes em acidentes com ônibus. Entre 2020 e 2023, último ano com dados disponíveis, 188 pessoas morreram nesse tipo de ocorrência. Apenas São Paulo (317) e Brasília (199) tiveram mais mortes no período analisado.
Em 2023, contudo, Curitiba já ficou na segunda posição do ranking. Isso porque São Paulo reduziu drasticamente as mortes nos dois últimos anos (com 31 e 45 registros em 2022 e 2023, respectivamente). A capital paranaense, por sua vez, teve 44 e 49 mortes no período. Apenas Brasília (com 52 e 54 óbitos) teve mais falecimentos em acidentes com ônibus.
Já no Paraná como um todo, os acidentes com ônibus causam mais de 500 mortes por ano. Entre 2020 e 2023, 2.225 vidas foram perdidas nesse tipo de ocorrência. E o ano com mais mortes foi justamente 2023, com 602 registros.
Em todo o país, houve 16.082 mortes ao longo de todo o período analisado. E entre todas as unidades da federação, apenas São Paulo (2.564) registrou mais mortes que o Paraná. Na sequência aparecem ainda Minas Gerais (1.516), Santa Catarina (1.215) e Rio Grande do Sul (1.108).