Paraná Diego Saldanha

Ecobarreira: criada em Curitiba há 10 anos, solução chega ao Pará para a COP30

Iniciativa que faz a limpeza de rios chegou recentemente ao Pará e há planos para expansão do projeto pelo próprio Paraná

Rodolfo Luis Kowalski
ECO BARREIRA DIEGO SALDANHA

O ativista ambiental Diego Saldanha e a ecobarreira: “repercussão gigantesca” (Franklin de Freitas)

O projeto da ecobarreira do Rio Atuba está completando 10 anos. A iniciativa foi criada em 2016, motivada pelo altruísmo do ativista ambiental Diego Saldanha. Ele queria dar um exemplo aos seus filhos de educação ambiental e, para isso, construiu no rio que passa nos fundos de sua casa, em Colombo, uma barreira capaz de segurar os lixos que acabam sendo carregados pelas águas. Desde então, dezenas de toneladas de materiais já foram retiradas do Atuba, rio histórico em cuja margem teve início a colonização europeia da região de Curitiba, em 1649.

E para comemorar o aniversário da ecobarreira, boas notícias para o meio ambiente. É que a ecobarreira começou a ganhar o Brasil. Em julho, a iniciativa chegou ao Pará, com a instalação de duas estruturas. Uma delas ficará em Belém, no Canal Tamandaré, e a outra em Benevides. A Natura é quem fez o convite e investiu nos equipamentos, enquanto a limpeza das barreiras fica a cargo dos municípios de Belém e Benevides. Importante lembrar, ainda, que a capital do Pará será a sede da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), o que deve proporcionar boa visibilidade à iniciativa curitibana.

“Essas são as primeiras ecobarreiras fora da Grande Curitiba a serem construídas numa consultoria feita por mim, mas já teve outras que surgiram por aí que são inspiradas no meu trabalho”, relata Diego Saldanha, celebrando a repercussão que a implementação do projeto no Pará teve. “A repercussão foi gigantesca, eu tenho muitos seguidores em Belém e eles adoraram a ideia da barreira lá. É uma cidade que precisa muito, carece muito de educação ambiental, assim como as outras cidades também. Esperamos que em breve outras cidades entrem em contato pra gente replicar o projeto”, emenda ainda o ativista.

Apoio da Sanepar e expansão pelo Paraná

Lá atrás, no ano de 2016, o Bem Paraná foi o primeiro jornal a fazer uma reportagem contando sobre o trabalho de Saldanha. Foi o pontapé inicial para que o projeto ganhasse evidência na mídia, enquanto o ativista ambiental começou a ficar conhecido nas redes sociais. Hoje, por exemplo, soma mais de 1 milhão de seguidores no Instagram.

“Passou primeiro no Bem Paraná, aí automaticamente outras emissoras começaram a me procurar para fazer matéria. A coisa começou a viralizar e eu aprendi que as redes sociais poderiam ser minhas aliadas. Foi quando comecei a documentar meu trabalho, e hoje é o que é, né?!”, comenta Saldanha.

Com a notoriedade alcançada por Saldanha e a força conquistada pelo projeto da ecobarreira, a Sanepar entrou em contato com o ativista para apoiá-lo. Num primeiro momento, foram contratadas uma série de palestras que serão feitas pelo estado inteiro, com Saldanha visitando funcionários da companhia de saneamento e escolas pelo Paraná. “É um apoio grande deles, importante. E num momento posterior pensamos na instalação de mais barreiras também pelo estado do Paraná”, conta ele.

Mais de 30 toneladas de lixo: a ecobarreira ontem e hoje

Ao longo de 10 anos de projeto, Diego Saldanha conta ter retirado mais de 30 toneladas de resíduos do Rio Atuba. Entre os itens retirados das águas, tem de quase tudo: geladeira, fogão, porta de carro, capacete e outros. “O mais comum é garrafa pet, isopor, sacola e plásticos em geral. Mas aparecem as mais diversas coisas ali”, conta o ativista, que pelo menos uma vez na semana se dedica à limpeza do rio.

Quando tudo começou, a barreira era feita com galões de água e uma rede de proteção e ficava flutuando no rio. Hoje, o equipamento passou por atualização e tem o formato de uma balsa. “Eu consigo andar por cima dela [ecobarreira] para retirar os resíduos do rio com muito mais facilidade”, explica Saldanha, que já implementou até uma esteira que ajuda na limpeza. “Hoje em dia, o poder que a ecobarreira tem de captação dos resíduos que descem pelo rio é de 80%, praticamente”, celebra o ambientalista.