
A Educação Infantil em Curitiba ainda sofre com os efeitos da pandemia de Covid-19. É o que revelam Maria Inês Galvão, da Escola Trilhas, e Luci Serricchio, do Colégio Marista Anjo da Guarda, que nesta quarta-feira (9 de abril) estiveram na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), participando da Tribuna Livre da Casa de Leis a convite do vereador Angelo Vanhoni (PT).
Segundo Maria Galvão, durante a crise sanitária, as escolas de Educação Infantil foram as mais prejudicadas, fechando em maior quantidade, porque não havia como funcionar de forma virtual. “Após a pandemia, muitas famílias se acostumaram com a ideia de que elas poderiam ficar em casa, sem compreenderem que elas estão perdendo muito sem a escola”, disse.
“Em função dessa evasão, as escolas particulares vêm sofrendo com falta de matrículas e de recursos. Com a perda de poder aquisitivo após a pandemia, houve excesso de demanda nas escolas públicas, que não puderam atender todos os pedidos de matrículas. Além disso, as escolas têm recebido de 15% a 25% de crianças que precisam de equipes especializadas para orientar o trabalho junto aos professores, além de tutores remunerados”, alertou Maria Galvão. “A criança não precisa só de acolhimento afetivo, precisa de acolhimento intelectual”, completou Luci Serricchio.
A Tribuna Livre foi transmitida ao vivo pelo canal da CMC no YouTube, registrando as intervenções de Serginho do Posto (PSD), Delegada Tathiana Guzella (União), Andressa Bianchessi (União), João 5 Irmãos (MDB) e Vanda de Assis (PT), que se colocaram à disposição para aprofundar o debate sobre a Educação Infantil em Curitiba, apresentando projetos de lei e avaliando a possibilidade de aportar recursos em atividades formativas.
Convite para palestra internacional
A visita das educadoras à CMC também serviu para um convite. Na próxima segunda-feira (14), às 19h, no auditório Eny Caldeira, do campus Rebouças da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o especialista em educação Fernando Hernández, da Universidade de Barcelona, fará uma palestra sobre a reorganização dos currículos escolares.
“[De 0 a 5 anos] ocorre uma intensa formação de conexões neuronais, influenciadas por estímulos do ambiente, interações sociais e experiências sensoriais que favorecem a construção de conhecimento sobre o funcionamento do mundo e as relações entre as pessoas, que são essenciais para o desenvolvimento”, destacou Maria Galvão, que fez a fala inicial aos vereadores.
“Embora as crianças de 0 a 5 anos sejam pequenas, e muitas ainda não se comuniquem verbalmente, ou caminhem com autonomia, seus sentidos estão em alerta, absorvendo todas as sensações e informações ao seu redor, por isso é fundamental proporcionar a elas o maior número possível de experiências. O que nos preocupa, educadoras e educadores, é a forma como essa fase da vida é percebida pela sociedade. Infelizmente, ainda há quem acredite que, por serem pequenas, essas crianças precisam apenas de cuidados básicos, um olhar de quem gosta delas e de um espaço mínimo para brincar”, alertou a gestora da Escola Trilhas.
“Um olhar limitado para as crianças de 0 a 5 anos de idade ignora que é na primeira infância que o cérebro se desenvolve com maior rapidez, abrindo todas as possibilidades de aprendizagem. Por isso as escolas não devem acelerar nem subestimar a capacidade das crianças pequenas. [Pedimos a vocês vereadores que] dediquem recursos às escolas infantis e à formação de seus educadores e educadoras”, colocou Maria Galvão.