Em 14 anos, taxa de motorização no Paraná cresce mais de 50%

Em 2010, eram 48 veículos para cada grupo de 100 habitantes. Em 2024, proporção aumentou para 73, segundo dados do Plano Estadual de Segurança no Trânsito

Redação Bem Paraná
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Frota paranaense está em crescimento acelerado nas últimas décadas (Franklin de Freitas)

Entre 2010 e 2024, a taxa de motorização no Paraná saltou de 48 para 73 veículos por 100 habitantes. Isso representa um crescimento de 51,2% na frota ativa. O dado faz parte dos trabalhos de pesquisa para a elaboração do Plano Estadual de Segurança no Trânsito (PETRANS-PR 2025-2030), divulgado pelo Estado na semana passada.

O Paraná foi o primeiro estado do Brasil a concluir o documento, que tem por objetivo fortalecer a implementação das políticas de segurança viária e promover mobilidade sustentável no Estado. Para isso, oferece uma ferramenta robusta para o monitoramento e a avaliação contínua das ações.

O trabalho encontrou outros números. No mesmo período, houve queda de 24% na emissão de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs). Mas houve o crescimento de 54,3% no número de habilitações femininas por 100 mil habitantes.

Também se destaca a alta taxa de mortalidade por lesões no trânsito no conjunto de municípios com menos de 20 mil habitantes, que representam 21% da população estadual, concentrando 29% das mortes por esta causa no ano de 2023.

Já municípios com mais de 100 mil moradores abarcam 55% da população estadual e 42% dos óbitos por lesões de trânsito. As faixas etárias mais afetadas são jovens entre 20 e 29 anos (21% das mortes em 2023) e idosos com 60 anos ou mais.

Mortes no trânsito

O PETRANS-PR tem como meta global trabalhar para reduzir em 50% o índice de mortes no trânsito por 100 mil habitantes até 2030. Tomando como base o ano de 2020, a projeção é que o número caia para 10,8 dentro dos próximos cinco anos.

Para isso, o plano estadual estabelece um conjunto de ações estratégicas que englobam melhorias na infraestrutura viária, fortalecimento de ações intersetoriais entre as áreas de segurança pública, saúde, educação, meio ambiente e mobilidade urbana. Envolve, também, fortalecimento da governança no setor, totalizando 30 metas específicas e 115 ações previstas.

A elaboração do PETRANS-PR foi conduzida pelo Grupo Técnico Interinstitucional para implantação das ações previstas no Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito no Estado do Paraná (GT PNATRANS-PR). O plano reúne 35 entidades entre secretarias estaduais, entidades públicas e representantes da sociedade civil organizada.

Após cerca de dois anos de extenso processo de construção, coordenado pelo Detran-PR, o plano foi aprovado pelo Grupo Técnico Interinstitucional em junho. Agora, vai para análise e aprovação da Casa Civil e de demais órgãos competentes para, então, ter seu lançamento oficial.

O Petrans 2025-2030 também deve contribuir para o alcance das metas do Pnatrans, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Cada morte em acidentes nas rodovias paranaenses custa, em média, R$ 1 milhão

Conforme as médias consolidadas entre rodovias estaduais e federais, o custo médio por sinistro é de aproximadamente R$ 107 mil. O custo médio com feridos chega a R$ 159 mil e, nos casos de óbitos, fica em torno de R$ 1 milhão.

Em 2023, as lesões de trânsito geraram um custo de mais de R$ 20 milhões em internações no Sistema Único de Saúde (SUS) no Paraná. Já em 2024, o valor ficou acima de R$ 18 milhões, dos quais R$ 10 milhões foram de internações por lesões de trânsito envolvendo motocicletas.

De acordo com o Pnatrans, o Paraná apresenta desafios comuns a outras regiões do Brasil, como o elevado número de sinistros em rodovias e áreas urbanas relacionados a excesso de velocidade, consumo de álcool e desrespeito às leis de trânsito.

O Plano Estadual representa, assim, compromisso com a preservação da vida. Seu êxito depende de engajamento coletivo, o que inclui estado, instituições e, especialmente, os cidadãos.

“A construção coletiva do PETRANS-PR mostra que estamos tratando a segurança viária com a seriedade e o comprometimento que ela exige. Não é apenas um plano, mas uma política pública permanente em defesa da vida”, afirma o presidente do Detran-PR, Santin Roveda. Ele também é o secretário executivo do GT Pnatrans-PR.

Curitiba chama municípios para reduzir mortes no trânsito

O trabalho já desenvolvido na capital do Estado para reduzir as mortes no trânsito – agora com o reforço do Hipervisor Urbano – será ampliado para os municípios vizinhos. A Secretaria para o Desenvolvimento da Região Metropolitana de Curitiba está intensificando o diálogo institucional e a mobilização social para colocar em prática, ainda neste ano, as metas do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito, criado pela Lei 13.614/18. Estão previstas, entre outras ações, estudos, grupos de trabalho e campanhas para conter o número e a gravidade dos acidentes.

Desde o início do Programa Vida no Trânsito (PVT), em 2011, Curitiba registrou queda de 54% no número de mortes causadas por acidentes nas ruas da cidade. Em 2011, houve o registro de 310 mortes em acidentes, enquanto em 2024 foram 141.

O secretário Thiago Bonagura explica que a intensificação desse trabalho busca abranger todo o anel metropolitano. “Todos estamos sensibilizados com as tragédias noticiadas recentemente. Dados mostram que, nas últimas seis semanas, os sinistros de trânsito cresceram 20% na Grande Curitiba, pressionando leitos hospitalares e serviços de emergência”, comentou.

Fator humano

O secretário argumenta que, embora Curitiba tenha reduzido as mortes em 54% desde 2011, 32,3% dos acidentes fatais registrados no ano passado foram consequência direta de falhas humanas. Entre elas, excesso de velocidade, distração ao celular e desrespeito à sinalização.

“Por isso, considerar o fator humano é fundamental. O plano nacional fixa a meta de diminuir em pelo menos 50% as taxas de mortos e feridos no país até 2028 e lista 70 ações de gestão, educação, fiscalização, engenharia de tráfego, segurança veicular e atenção às vítimas”, pontuou.

A RMC possui 29 municípios, nove deles conurbados e interdependentes em matéria de mobilidade. Ali, circulam mais de 3,7 milhões de habitantes, o que exige soluções metropolitanas integradas.

De acordo com o superintendente de Trânsito, da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito (SMDT), Bruno Pessuti, é fundamental compartilhar as boas experiências da cidade de Curitiba, principalmente na área da educação no trânsito. E também absorver ideias que possam surgir ao longo do processo, para que o trânsito se torne mais seguro.