Rodolfo Luis Kowalski

Considerado o grupo de elite da Polícia Militar do Paraná (PM-PR), com profissionais altamente capacitados para atuar em situações específicas e no controle de distúrbios civis, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) atende cerca de 32 ocorrências por ano em todo o estado, o que dá uma média de três situações por mês. Desde 2003, foram 481 ocorrências, com os oficiais salvando a vida de 9.979 pessoas.

Os dados, divulgados ontem durante um encontro com a imprensa realizado no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, no bairro Rebouças, revelam ainda que as situações de crise, definidas como os eventos que exigem uma resposta especial da Polícia, a fim de assegurar uma solução aceitável, respondem por praticamente um terço dos registros.

No período, foram 155 casos em que a vida humana foi exposta a riscos. Entre as situações mais comuns, destaques para as tentativas de suicídio (50) e rebeliões em presídios (41).

De acordo com o capitão Cleverson Machado, comandante da equipe de negociação do Bope, nas ocorrências mais graves e mais longas quem comanda toda a operação é o Gerente da Crise. Para solucionar o problema, ele conta com quatro alternativas táticas: negociação; técnicas não-letais; tiro de comprometimento; e invasão tática.

A negociação é a mais recorrente (foi utilizada 110 vezes), seguida pela invasão tática (26) e técncias não-letais (9), aponta o policial, destacando que a preponderância da negociação se deve ao objetivo máximo das missões em que o Bope atua, que é preservar a vida. O grande problema são as ocorrências com reféns. Nos deixa com o farol ligado e buscamos agir da melhor maneira possível, destaca.

Aos mais atentos, aliás, falar em ocorrências atendidas pelo Bope desde 2003 pode soar estranho. O batalhão só foi criado em 2010, por força de um decreto. Em 2003, porém, criou-se a equipe de negociação, a última das subunidades que compõem o que é hoje o Bope. Por isso, o número de ocorrências antecedentes ao período de existência do Batalhão como é hoje conhecido explica-se. O Bope foi criado há seis anos, mas na verdade atuamos desde 1977, quando foi criada a Companhia de Choque. Atuamos em missões diferenciadas, ocorrências especiais, afirma o capitão Machado.

Preparação especial e efetivo em alta, mas sigiloso

Para cumprir com seus objetivos, os policiais do Batalhão contam com uma preparação especial. Somos iguais aos outros policiais militares, mas há quantidade maior de treinamentos voltados para missões. Então temos treino diário e cobrança mais rigorosa, pontua o capitão Machado.
Até 2010, inclusive, o Bope contava com um efetivo de 254 policiais. Naquele ano, o então governador Orlando Pessutti assinou um decreto que transformou a Companhia de Polícia de Choque da Polícia Militar em Batalhão de Operações Especiais (Bope). A expectativa, então, era de dobrar o número de oficiais lotados no batalhão.
Embora não fale, por questões estratégicas e de segurança qual é o efetivo atual do batalhão, o capitão machado garante: Tem bastante (policiais), é um número aceitável.
Fazer parte do batalhão, porém, está longe de ser uma tarefa fácil. Além da exigência de ser um policial militar (o ingresso na corporação se dá por meio de concurso público), é exigido que o profissional já tenha um bom tempo como oficial. Daí, para entrar no batalhão é preciso fazer cursos especifícos, como o de negociações, anti-bombas e outros, se especializando na área que irá querer seguir dentro do Bope, explica o comandante da equipe de negociações.


Seis filhos de um mesmo pai, diz comandante

Desde a sua criação, em 2010, o Bope é composto por seis subunidades, que o capitão Machado define como seis filhos com o mesmo pai, mas que fazem serviços diferentes. São elas: a Companhia de Operações com Cães (Canil), a Rondas Ostensivas de Natureza Especial (RONE), o Comandos e Operações Especiais (COE), o Esquadrão Antibomba (EAB), a Equipe de Negociação (EN) e Companhia de Polícia de Choque (CiaPChoque).
Cada uma das unidades cumpre funções específicas dentro da polícia. A Canil, por exemplo, utiliza animais para a detecção de entorpecentes, buscas em matas e procura por explosivos. A Rone, por sua vez, realiza o trabalho ostensivo, por meio de operações de patrulhamento tático para combater ações do crime organizado e de alta periculosidade. Já o COE é a subunidade instruída e treinada para situações de distúrbios civis, resgates, sequestros e controle de rebeliões em estabelecimentos penais. O EAB possui técnicas e equipamento especial para atuar em situações de explosões, e o CiaPChoque atua no controle de distúrbios civis.
Por último, temos a Equipe de Negociação, comandada pelo capitão Machado e criada em março de 2003. A equipe atua em situações que vão desde conflitos familiares até ações criminosas, usando estratégias na tentativa de se preservar vidas.


História

O Batalhão de Operações Especiais tem origem na Companhia de Operações Especiais criada em 27 de outubro de 1964, a qual era uma subunidade do Batalhão de Guardas até então integrada ao 1° Regimento de Segurança Coronel Dulcídio. Em 1967 passou a ter estrutura própria e denominou-se Corpo de Operações Especiais (COE).
Em 1977 transformou-se em Polícia de Choque tendo suas dependências no Quartel do Comando-Geral. Em 27 de outubro de 2010, por meio do decreto governamental 8.627, foi criado o atual Batalhão de Operações Especiais.