A Boca Maldita teve nesse sábado (dia 8) pela manhã uma manifestação intitulada “Caminhada pela Vida”. O ato cobra justiça pela morte de Caio José Ferreira de Souza Lemes, estudante de 17 anos em abordagem da Guarda Municipal de Curitiba (GM) no último dia 25.

O deputado estadual Renato Freitas (PT) organizou a manifestação e falou sobre o ato. A intenção do deputado é realizar mensalmente uma manifestação para denunciar a violência policial e as mortes decorrentes de abordagens realizadas por agentes de segurança pública no estado.

O deputado lembra que, recentemente, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, revelou que no ano passado 488 pessoas foram mortas em supostos confrontos com as polícias militar, civil e Guarda Municipal no estado, um crescimento de 26,2% acumulado nos últimos dois anos.

“O assassinato de Caio demonstra a urgência da instalação de câmeras corporais em todas as polícias e guardas como medida de política pública permanente, e não à critério do governante de plantão”, disse o deputado. Conforme explica, a câmera corporal é a apuração da verdade no julgamento de conflitos ligados às abordagens, assegurando os direitos tanto do cidadão abordado, quanto do próprio agente de segurança, que terá a chance de demonstrar que os protocolos de operação policial foram seguidos.

O caso

O crime envolveu três agentes da GM e aconteceu na Rua Herondina de Freitas Ribeiro, entre os bairros Campo Comprido e Cidade Industrial de Curitiba, no dia 25. Caio cursava o 3º ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Júlia Wanderley e não tinha passagem pela polícia. No contraturno, trabalhava como jovem aprendiz em uma empresa de telemarketing onde recebia cerca de R$600 por mês. Morava com seu pai em um bairro vizinho e estava passando o fim de semana na casa de um amigo, próximo ao local em que foi morto.

Os guardas se encontram afastados de suas funções. Na versão registrada em boletim de ocorrência, a abordagem teria sido motivada por uma denúncia de tráfico de drogas na região. O adolescente, então, teria avançado sobre os guardas com uma faca de 25 centímetros que supostamente trazia escondida sob o boné. A versão e a existência da faca foram contestadas pelo depoimento e imagens fornecidas por testemunhas.

Gravações das câmeras acopladas nos uniformes dos agentes poderiam ter elucidado o caso. No entanto, a Prefeitura de Curitiba alegou que as câmeras estavam desligadas no momento da ação, o que contraria o protocolo adotado pela GM. Posteriormente, a própria GM admitiu que as câmeras estavam ligadas em modo de espera, mas que não foram acionadas pelos agentes.

Na última segunda-feira (03), contrariando a versão da defesa, um dos guardas envolvidos assumiu à Polícia Civil que a faca foi, na verdade, forjada na cena do crime por eles, na intenção de criar uma justificativa para os tiros que mataram o jovem.