Entidades médicas do Paraná entram na justiça para garantir vacinação de todos

Cinco da sete pessoas que morreram neste ano não estavam na faixa etária que recebeu vacina

Redação Bem Paraná

As diretorias da Associação Médica do Paraná (AMP) e do Conselho Regional de Medicina no Estado (CRMPR) decidiram, hoje (11), ingressar com duas medidas judiciais com o objetivo de garantir a vacinação de todos os paranaenses contra a gripe A H1N1.

 Uma é a notificação judicial contra a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que pede que o governo estadual tome as medidas necessárias para assegurar a vacinação irrestrita da população. A outra ação é a habilitação das duas entidades como amicus curiae – figura jurídica que habilita o proponente no processo judicial – em uma ação do Ministério Público do Paraná contra o Ministério da Saúde e o Estado do Paraná, que tramita no Tribunal Regional Federal da 4ª. Região (TRF4), com o mesmo objetivo.

 A AMP e o CRMPR, em conjunto com as sociedades científicas de Pediatria, Infectologia e Pneumologia, enviaram um documento ao Ministério da Saúde, no dia 19 de abril, exigindo a distribuição da vacina contra a gripe A H1N1 para todos os paranaenses. O documento chegou a Brasília, no dia 22 de abril e, até agora, nenhum representante do MS se manifestou.

 Na segunda-feira passada (dia 3), o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, desembargador Vilson Darós, suspendeu a liminar deferida no dia 12 de abril que ordenava a disponibilização de vacina contra a gripe A H1N1 para toda a população paranaense. Não concordamos, de forma alguma, com a atitude do TRF4 e queremos reforçar nossa luta que começou no início de março, deste ano. Queremos evitar uma nova epidemia da gripe A no Paraná e, principalmente, impedir a exposição de grupos como crianças de dois a 19 anos e adultos com mais de 40 anos, à doença, declara o presidente da AMP, Dr. José Fernando Macedo. 

 

Na carta enviada ao MS consta que o Center for Disease Control (CDC) e o Advisory Committe on Immunization Practices (ACIP), órgãos oficiais de Saúde dos Estados Unidos, recomendam que um dos grupos a receber a vacina seja composto pelas pessoas com idade entre seis meses e 24 anos. O MS, do Brasil, contraria essa recomendação e determina a vacinação ao grupo etário de seis a 24 meses, e não anos.

Outro argumento apontado pelas entidades é o fato de que até o primeiro trimestre deste ano, haviam sido registradas sete mortes por causa da gripe A, destas, duas eram vítimas de zero a quatro anos e outras três com idade entre cinco a 19 anos, somando um total de 71,5% dos óbitos. Segundo Dr. Macedo, as crianças ficarão muito expostas a uma possível segunda epidemia da gripe H1N1, que, conforme estudos científicos, pode ser ainda mais letal.

 Para o presidente do CRMPR, Miguel Ibraim Abboud Hanna Sobrinho, a vacinação tem de ser estendida à faixa etária dos dois aos 19 anos. “No último ano, as aulas foram suspensas e as crianças em idade escolar foram consideradas grupo de risco, especialmente por causa da transmissão do vírus”, completa.