Curitiba pode voltar a ter espaços ao ar livre para escaladas. No mês passado, o vereador Goura (PDT) protocolou um requerimento para que a prefeitura analise a possibilidade de liberar áreas para a escalada, proibida em locais públicos desde a década de 1990 na cidade. A ideia é utilizar locais como a Pedreira Paulo Leminski, a Universidade Livre do Meio Ambiente e o Parque Tanguá. 

O requerimento é para a prefeitura estudar a viabilidade técnica de regulamentar a escalada em áreas que já foram usadas, afirma Goura. É uma reivindicação antiga, hoje as pessoas têm que ir para outros locais, como o Morro do Anhangava e Quatro Barras. Para o vereador, a depender da análise da Secretaria de Esportes e Lazer e da Secretaria do Meio Ambiente, a prática do esporte pode ser regulamentada por meio de um decreeto municipal ou de um projeto de lei.
Julio Nogueira, de 55 anos, escalou em todos esses locais públicos de Curitiba na década de 1980. Não tínhamos academias na cidade e usávamos as pedreiras para treinamento, lembra. Florianópolis liberou a prática na Pedreira do Abraão, tem um módulo da polícia ambiental. Talvez o ideal em Curitiba fosse liberar em um local para ter um ponto de partida, avalia Nogueira, que é vice-presidente do Clube Paranaense de Montanhismo, geógrafo e piloto de parapente.
Expansão
Se por um lado a proibidação da escalada em áreas públicas afastou os praticantes de parques e praças, por outro ajudou na expansão das academias indoor em na capital paranaense. Naquela época (década de 1980), éramos em 12 em Curitiba. Hoje, são mais de mil, afirma Julio Nogueira. Hoje, várias academias oferecem paredões de escalada na cidade, com segurança e o acompanhameto de especialistas no assunto.
Uma das mais antigas na cidade é a Campo Base, que fica na Travessa da Lapa, bem no Centro. Criada há 18 anos, a Campo Base oferece pacotes diários, mensais, trimestrais e semestrais. Os preços variam de R$ 30 (diária sem aluguel equipamento) a R$ 780 (semestral). Os praticantes podem ficar o tempo que quiserem na academia, mas por se tratar de um esporte que exige muito de mãos, braços e pernas, ninguém aguenta escalar durante muito tempo, alerta o proprietário, William Vieira, 31 anos. A pessoa geralmente escala meia hora, para e faz meia hora. Mas pode sair, trabalhar e voltar no mesmo dia.
De acordo com Vieira, o esporte é aberto a qualquer pessoa, independentemente de idade ou peso. Basta ter disposição, afirma. Na primeira aula, o praticante tem uma instrução básica, que dura cerca de meia hora. Depois, pode criar seus próprios caminhos nos paredões e desenvolver sua técnica, sempre sob a supervisão de um instrutor. A Campo Base oferece três modalidades: top rope (que simula uma montanha, em que o escalador deve passar a corda pelos grampos à medida em que avança), escalada guiada (que já tem uma corda) e boulder (um bloco sem corda, com um colchão para amortecer possíveis quedas).
Segundo William Vieira, o público é variado, mas o perfil médio é de homens entre 20 e 30 anos. É um esporte meio masoquista, brinca. E que pode ser relativamente caro: os equipamentos básicos, sapatilha de escalada, saco de magnésio e cadeirinha (que mantém o escalador preso à corda) podem sair por R$ 700. É um esporte caro, mas inclusivo. Cegos e cadeirantes podem praticar. Fazemos trabalhos em escolas e içamos cadeirantes, gera interação entre os colegas.
Vieira apoia a prática em locais abertos. Vai voltar algo que é tradição em Curitiba. As primeiras vias existem desde a década de 1980, mas hoje os escaladores podem até ser presos pela Guarda Municipal se forem pegos, diz. Na França, há blocos nas praças para escalada. Quando a pessoa não tem conhecimento sobre um assunto, fica mais fácil proibir.

Olimpíada
A escalada esportiva terá representantes na Olimpíada de 2020, em Tóquio, no Japão com possibilidade de se tornar oficialmente um esporte olímpico e ser mantida em 2024. Haverá exibições de três modalidades: boulder, dificuldade (guiada) e velocidade. Os competidores participarão de todas as provas, e a soma dos pontos definirá os medalhistas femininos e masculinos. A ideia é oferecer vagas para 40 competidores (20 mulheres e 20 homens).