Fazer reunião de pauta, pesquisar sobre os assuntos definidos, entrevistar, redigir uma matéria jornalística, editar e publicar. Esse processo de fazer um jornal, que é conhecido por muitas redações de jornalistas no Paraná e no Brasil, foi adotado como ferramenta de ensino em uma escola de Curitiba. Os alunos vão lançar, ainda neste mês de maio, a primeira edição de seu jornal laboratório. O projeto vem como o exercício da redação, leitura, pesquisa e da conscientização sobre a importância do combate às fake news.
Ao todo, seis estudantes compõem a redação do jornal Gazeta EPA, da Escola Pedro Apóstolo, que fica no bairro Capão Raso, na capital paranaense. Para que os repórteres do projeto fossem escolhidos, a equipe pedagógica realizou um processo seletivo. Os estudantes passaram por uma entrevista com os profissionais da escola e realizaram provas de gramática e redação. O periódico dos estudantes terá edições a cada 21 dias, com oito páginas. A escola também fará uma versão online do jornal.
Por que surgiu a ideia?
Conforme explica a diretora da instituição, Carolina Paschoal, a ideia de montar um jornal coloca os estudantes em confronto com a realidade. “Embora eles estejam conectados através das redes, ficam um pouco alheios sobre o que está acontecendo no mundo, em temas como a ciência, política ou até mesmo pesquisas realizadas dentro da própria escola”, comenta.
Em abril os estudantes selecionados já iniciaram a montagem da redação e os primeiros encontros, inclusive para aprender alguns conceitos mais básicos da prática jornalística. Para o aluno Felipe Scherer, do 9º ano, a experiência tem sido divertida e, ao mesmo tempo, enriquecedora. “A todo momento estamos recebendo novas informações e conhecimento que poderão ser utilizados para o resto de nossas vidas e ainda de uma forma descontraída e legal”, afirma.
Visita à redação do Bem Paraná
Uma das etapas de preparação para o novo jornal foi uma visita à redação do Bem Paraná, no Centro Cívico de Curitiba. Os alunos puderam conhecer de perto como trabalham os jornalistas, além dos setores da redação e as versões pelas quais o jornal se comunica com o leitor (impresso, online, redes sociais e podcasts). Também foi possível ouvir dos jornalistas da redação algumas experiências da prática da profissão.
A chefe de redação do Bem Paraná, Josianne Ritz, que recepcionou e acompanhou os alunos durante a visita, falou um pouco da importância deste encontro. “É sempre muito legal conversar com estudantes interessados em jornalismo. Também é uma excelente oportunidade de revisitarmos a nossa história profissional”, afirma.
Entender e evitar fake news
A diretora ainda reforça a importância do envolvimento não só dos estudantes selecionados, como de toda a comunidade escolar, para que saibam valorizar a apuração das notícias e da prática jornalística, em tempos de aumento de fake news na internet. “O jornal ensinará os jovens a ampliarem suas habilidades críticas. A pesquisa será o meio de conseguir isso, pois precisarão aprender que antes de escrever sobre qualquer assunto precisarão averiguar os fatos, se quiserem que seus textos sejam levados a sério”, afirma Carolina.
Dentro desse processo, a diretora também fala da necessidade de cuidado dos estudantes com a escrita. Por isso, na sua opinião, a prática jornalística pode servir como um exemplo para os alunos do Ensino Fundamental, que estão em processo de construção de suas habilidades. “Sabemos que para ser um jornalista, antes de tudo é fundamental ler, estudar e se especializar. Respeitamos e não temos a pretensão de nos apropriarmos desta que é uma profissão tão indispensável para a vida de todos. O que desejamos é ajudar os alunos a aprenderem através dela e, por isso, faremos um trabalho numa posição de aprendizes que futuramente possam se tornar, se assim desejarem, profissionais”, explica.
A chefe de redação do Bem Paraná concorda com a necessidade desse tipo de ação, e da visita à redação de um jornal pelos estudantes, neste processo de conscientização dos jovens sobre a importância das notícias. “Dá uma esperança de dias melhores no meio desta onda de fake news e desinformação”.
Além de todo o conhecimento adquirido no projeto, Felipe também acredita que o fortalecimento dos laços entre os alunos é um ponto importante deste tipo de projeto. “Esse projeto também aprimora a escrita dos alunos que é algo que sempre é utilizado, tanto em um cenário acadêmico quanto profissional”, afirma.
E a expectativa dos estudantes envolvidos no processo aumenta a cada dia e novos conhecimentos que eles agregam. A primeira edição está em processo de construção, o que aumenta a vontade de entregar com qualidade o jornal finalizado aos colegas da escola, que serão seus leitores, assim como os pais e a comunidade do bairro. “Espero uma boa recepção de todos, e que desperte a curiosidade, principalmente dos alunos, em nossas matérias que serão escritas com muita dedicação”, diz Felipe.
Sobre a Escola Pedro Apóstolo
Respeito ao próximo, igualdade, humildade e liberdade de expressão. Esses foram os principais valores que inspiraram a criação da Escola Pedro Apóstolo. Mais de vinte e cinco anos depois, a instituição orgulha-se de ter mantido seu foco e expandido sua atuação. Sediada em um terreno localizado no bairro Capão Raso, com 2.984 metros quadrados, atualmente atende alunos da Educação Infantil ao Ensino Fundamental II e oferece aulas em meio período (matutino e vespertino), intermediário e integral bilíngue.
A formação integral do aluno é o propósito da escola e consiste no aprimoramento do desenvolvimento intelectual aliado ao emocional. Com ambientes projetados para que os alunos se sintam pertencentes do seu espaço, há uma constante busca por novas tecnologias, formação continuada e metodologia de ensino.
