
Os dois escorpiões encontrados nesta semana no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Dinalva Túlio, em Santa Felicidade, são da espécie “Escorpião Manchado (Tityus costatus)”. De acordo com a Secretaria da Saúde, o biólogo Diego Ferraz, coordenador do Serviço de Controle de Zoonoses, esteve nesta sexta-feira (8) no CMEI para uma visita de orientação e vistoria do local. Segundo a secretaria, nenhum novo escorpião foi encontrado. “Encontraram um local em muito bom estado nas condições de prevenção de animais peçonhentos”, diz a secretaria.
A equipe recebeu dois escorpiões que haviam sido coletados na semana passada. Os escorpiões foram identificados como sendo da espécie Tityus costatus. Segundo os biólogos, essa espécie “não apresenta acidentes graves”. A espécie também não é agressiva; os acidentes ocorrem apenas quando o animal sente-se ameaçado pelo indivíduo. Sua peçonha causa apenas reação local, tendo uma evolução benigna na maioria dos casos.
A espécie mede de 5 a 7 centímetros de comprimento; é castanho amarelado, com manchas nas pernas e palpos. As espécies encontradas na Região Sul apresentam uma coloração mais escura. O Escorpião Manchado é abundante na Mata Atlântica e ocorre nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
CMEI reabre segunda-feira
A Secretaria Municipal da Educação (SME) fechou a unidade onde os escorpiões foram encontrados e agora o CMEI passa por nova desinsetização. O trabalho, que inclui limpeza, deve durar todo fim de semana. O CMEI será reaberto na próxima segunda-feira (11). As secretaria municipais do Meio Ambiente e da Saúde também destacaram profissionais para evitar riscos à população.
De acordo com a secretaria, dois escorpiões foram encontrados na creche até agora. “As crianças foram encaminhadas nesta sexta-feira ao CMEI Butiatuvinha e voltarão a ser atendidas normalmente no Dinalva Túlio na segunda-feira (11/03). A unidade já havia passado por desinsetização em dezembro passado”, diz em nota.
A situação assustou os pais dos alunos, que chegaram a acionar o prefeito Rafael Greca (PMN) pelas redes sociais. Na noite de quinta-feira (7), o prefeito se manifestou sobre o caso, anunciando a desinsetização do local e inspeção de terrenos baldios vizinhos.
O terreno ao lado do CMEI Dinalva Tulio foi apontado como principal causa da presença dos escorpiões. A Secretaria do Meio Ambiente foi acionada para roçar o terreno.
Duas mortes em 2018
No ano de 2017 foram registrados no Paraná mais de 17 mil acidentes com animais peçonhentos, sendo 2.396 por picada de escorpião com 3 óbitos. Em 2018, entre janeiro e outubro, o Estado contabilizou mais de 11 mil acidentes com peçonhentos, sendo que as picadas de escorpiões somaram 1.879 casos, com a confirmação de dois óbitos.
No Paraná, existem vários tipos de escorpiões nativos, como o marrom (Tityus bahiensis, Tityus costatus, Ananteris sp) e o pretinho, do gênero Bothriurus, espécies que não apresentam acidentes graves. No entanto, a partir da década de 80 foi introduzido no Estado o escorpião amarelo (Tityus serrulatus), espécie de maior periculosidade, sendo o principal causador dos óbitos.
Segundo o chefe da Divisão de Vigilância em Zoonoses e Intoxicações do Paraná, Francisco Gazola, o escorpião amarelo é uma espécie que se reproduz com rapidez. “É uma espécie generalista com grande capacidade de adaptação a ambientes alterados, como os ambientes domiciliares e seu entorno. A presença de apenas um exemplar pode provocar a infestação, porque a fêmea se reproduz de forma assexuada (partenogênose), sem a necessidade do macho”, explicou.
A espécie prefere se proteger em ambientes quentes e úmidos, saindo para caçar e se alimentar. No ambiente domiciliar o escorpião amarelo se abriga sob madeiras velhas, lenha, telhas, tijolos, restos de construção, entulhos e principalmente frestas em calçadas, muros e paredes.
“O lixo domiciliar mal acondicionado, restos de alimentos e sujeira nas casas atraem insetos, como baratas e outros que são alimentos dos escorpiões. Dessa forma, estes animais têm abrigo, alimento e água no entorno das habitações”, detalha Francisco.
Para evitar acidentes, é importante que as pessoas removam materiais desnecessários, mantenham o lixo acondicionado de forma adequada e fechem as frestas para que os escorpiões não se instalem e se reproduzam nas casas.
Como prevenir acidentes com animais peçonhentos
Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;
Examinar calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las;
Afastar camas e berços das paredes;
Não deixar que lençóis ou cobertores sobre a cama e berço encostem no chão. Aranhas e escorpiões podem utilizá-los como apoio para subir e se abrigar entre tecidos e travesseiros;
Não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção;
Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés;
Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos;
Manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros;