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Início da fundição da escultura de Paulo Leminski, no Ateliê de Esculturas do Memorial Paranista. Curitiba, 25/07/2025. Foto: José Fernando Ogura/SECOM

A estátua de bronze do escritor, músico e poeta Paulo Leminski (1944–1989) ganhou forma. Nesta sexta-feira (25/7), os 300 quilos de bronze que irão formar a imagem do autor de Catatau, Toda Poesia, entre outras obras marcantes da literatura brasileira, foram derretidos nos fornos do Ateliê de Escultura do Memorial de Curitiba e colocados em moldes refratários para dar a forma final da peça que será instalada no Memorial Paulo Leminski, dentro da Pedreira, espaço de grandes shows e eventos da capital paranaense que leva o nome do escritor.

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Na presença das filhas Áurea e Estrela Leminski, o metal, transformado em líquido a uma temperatura precisa de 1.180°C, foi vertido em 10 formas refratárias que moldam a escultura em tamanho natural do autor curitibano. “Essa iniciativa da Fundação Cultural é fruto de uma conversa de longa data e ver isso acontecer, depois de tanto tempo sendo sonhado no papel, agora transformado em bronze, é uma coisa linda”, disse Áurea.

O processo totalmente artesanal, comandado pelos escultores Rafael Sartori e Edson Lima com apoio de toda a equipe de artistas residentes do Memorial Paranista, exigiu precisão e preparo. Os fornos do Ateliê foram ligados às 6h, e às 14h15 atingiram a temperatura ideal (1.180°). O metal precisa ser vertido no tempo exato nos moldes em cera, revestidos por material refratário. Caso contrário, a peça é perdida.

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Início da fundição da escultura de Paulo Leminski, no Ateliê de Esculturas do Memorial Paranista. Foto: José Fernando Ogura/SECOM

O Ateliê de Esculturas e Fundição do Memorial Paranista é o único do gênero que é público no país.

A próxima etapa será a montagem das peças e o acabamento da estátua.

Saiba onde vai ficar a estátua de Paulo Leminski

Após finalizada, a escultura será instalada na Pedreira Paulo Leminski, ao lado do Memorial que leva seu nome. A inauguração está prevista para o dia 24 de agosto, data em que ele completaria 81 anos, e antecederá o Festival Paulo Leminski, programado para o dia 30 do mesmo mês. “A obra é um presente da Prefeitura de Curitiba para homenagear o artista, que também teve uma trajetória fortemente ligada à cena musical brasileira”, afirmou o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marino Galvão Júnior.

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Foto: José Fernando Ogura/SECOM

A escultura é assinada pelo artista Rafael Sartori e retrata Paulo Leminski sentado em um banco de bar, com um violão ao lado, elemento que simboliza a profunda ligação do escritor com a música.

“Parece que ele ganha vida de novo. O trabalho ficou incrível, captou os pequenos detalhes. Tenho certeza de que as pessoas vão querer conhecer, tirar fotos e até sentir aquela vontade de dar um abraço nele”, disse Áurea.

Do lado de fora do Ateliê, através da parede de vidro, alguns visitantes do Memorial Paranista acompanharam o processo. Ana Cláudia Santos estava com o filho Pedro. “Estava passeando aqui com meu filho e tivemos sorte de assistir a esse processo tão bacana. O Pedro já perguntando quando fica pronto para voltarmos pra ver a obra pronta”, disse Ana Cláudia.

A escultura foi construída a partir de uma fusão de diversas imagens do poeta, enviadas pela família, para transmitir sua presença de forma autêntica. As próximas etapas são o molde em cera, queima, fundição em bronze e polimento.

A presidente do Instituto Curitiba de Arte e Cultura, Juliana Midori, também acompanhou o trabalho de fundição da escultura.

Sobre Paulo Leminski

Nascido em Curitiba, Paulo Leminski é autor de obras marcantes como Catatau, uma prosa experimental, e a coletânea de poemas Distraídos venceremos. Sua poesia se caracteriza pela síntese, pela reflexão sobre o tempo e pela fusão de referências eruditas e populares — do haicai japonês à MPB, passando pelo jargão publicitário —, o que mantém sua obra viva e popular até hoje.

Leminski também deixou um legado na música, com composições gravadas por nomes como Caetano Veloso, Itamar Assumpção, Ney Matogrosso, Paulinho Boca de Cantor, Moraes Moreira e Gilberto Gil. Em 1984, colaborou com Guilherme Arantes na trilha sonora do especial infantil Pirlimpimpim 2, exibido pela Rede Globo.