Curitiba, 19 de abril de 2024 – Jardim Botânico de Curitiba.
Curitiba emenda o 7 de setembro com feriado da padroeira (Foto: Roberto Dziura Jr/AEN)

Enquanto muitas cidades do Brasil lamentam o fato de o 7 de setembro cair em um domingo, sem chance de prolongar o descanso, Curitiba terá um privilégio a mais. Na capital paranaense, para alguns, a folga se estende de sábado até segunda-feira, 8 de setembro, por conta da celebração de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, padroeira da cidade. O resultado será um fim de semana prolongado de três dias.

O Dia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais é um feriado tipicamente curitibano. Ao contrário da maioria dos municípios, que transformam o aniversário de fundação em data oficial, Curitiba optou por consagrar o dia de sua padroeira.

Essa decisão foi tomada em 1967, quando a Câmara de Vereadores regulamentou os feriados municipais, todos religiosos: Sexta-Feira da Paixão, Corpus Christi e 8 de setembro. Já o aniversário da cidade, celebrado em 29 de março, ficou apenas como ponto facultativo.

História por trás do feriado

A devoção remonta ao século XVII, quando colonizadores ergueram uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Luz no chamado “sítio dos Pinhais”, área que mais tarde se tornaria Curitiba. A tradição local conta que a imagem da santa sempre amanhecia voltada para os campos onde os indígenas usavam a palavra “Curitiba” para se referir a uma região de muitos pinhões.

Consultado, o cacique Tindiquera teria indicado o local ideal para a fundação da vila, gesto considerado por muitos como um milagre. Foi daí que nasceu a devoção à Nossa Senhora da Luz… dos Pinhais, referência às araucárias que caracterizam a paisagem paranaense.

Segundo a professora Ana Beatriz Dias Pinto, especialista em Culturas Religiosas da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR), o feriado tem um significado que vai além da fé católica. As celebrações incluem a tradicional coroação da imagem, prática registrada desde 1720.

Durante o ritual, um ator vestido de anjo é içado por um guindaste até o topo da Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, na Praça Tiradentes, para depositar flores sobre a padroeira.

O gesto simboliza a chegada da primavera e a renovação da vida. Em 1995, a Santa Sé reconheceu oficialmente Nossa Senhora da Luz dos Pinhais como padroeira da cidade, reforçando sua importância espiritual e cultural.

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Procissão da padroeira (Foto: Arquidiocese de Curitiba)

No centro de Curitiba, a Catedral guarda a terceira imagem da santa, esculpida em madeira de pinho da Letônia. A obra atravessou momentos marcantes, como um atentado em 1974 e o furto da imagem do Menino Jesus em 1984, mas segue entronizada como símbolo da fé local. Próximo dali, um memorial de bronze inaugurado em 1993 também homenageia a padroeira, em uma escultura de 2,5 metros de altura.

Além dos templos e monumentos, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais também está presente no brasão oficial da cidad. Assim, a cada 8 de setembro, a capital paranaense não celebra apenas uma data religiosa, mas a própria origem de sua história.