Funcionários do Hospital de Clínicas de Curitiba entram em greve nesta quinta

Josianne Ritz

Franklin de Freitas

Os servidores públicos da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), responsável pela gestão dos hospitais universitários e vinculada ao Ministério da Saúde, entram em greve a partir desta quinta (13) em 17 Estados por perdas salariais. No Paraná, a expectativa do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Paraná (SINDSEP-PR) é que de 500 a 600 funcionários do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC), em Curitiba, parem de trabalhar, ou seja 50% do efetivo. Em todo o Brasil, cerca de 50 mil trabalhadores devem aderir à paralisação. 

Jedaias Rodrigues Oliveira, técnico de enfermagem e diretor do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Paraná (SINDSEP-PR), explicou que em respeito o momento de pandemia, os trabalhadores do setor de Covid do HC de Curitiba não vão parar. “O número de trabalhadores vão parar pode ser pequeno. Mas diante do difícil momento que vivemos, os sindicatos decidiram manter as UTIs Covid em pleno funcionamento. Nós não queremos prejudicar a comunidade e muito menos os usuários do SUS neste momento difícil. Nossa greve é por valorização”, explicou ele à reportagem do Bem Paraná. 

A greve é causada pelo impasse criado no processo de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2020/2021. A Ebserh ofereceu um reajuste linear de R$ 500 aos trabalhadores celetistas condicionado à alteração da base de cálculo da insalubridade dos funcionários, que passaria a incidir sobre o salário mínimo, e não sobre o vencimento básico. Na prática, as perdas salariais chegariam a 27%, segundo a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). A paralisação foi aprovada por ampla maioria dos empregados em assembleias  realizadas em 17 estados: Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Amazonas, Minas Gerais, Bahia, Goiás, Santa Catarina, Tocantins, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Maranhão, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Ceará , além do Distrito Federal. Em todo o País, 50 mil funcionários dos hospitais vinculados às universidades federais devem parar. 

Negociação frustrada – O secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva, gravou na noite desta quarta (12) um vídeo com informações sobre mais uma etapa do processo de mediação on-line dos empregados da Ebserh no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Segundo ele, a empresa informou que enviou três propostas a Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais). Em todas há alteração do indexador de cálculo de insalubridade dos trabalhadores. “Esse ponto é considerado cláusula pétrea e a mudança pode impor reduções salariais de até 27%. As entidades representativas dos empregados informaram ao TST não ter autorização dos trabalhadores para negociar proposta que mexa nesse item. Pela postura da empresa está mantida a greve a partir dessa quinta, 13”, afirmou ele.  A Ebserh protocolou dissídio de greve. Nenhuma proposta de reajuste salarial também foi apresentada.