Encontrar um amor ou uma paixão que dure a vida toda é algo difícil, talvez até uma utopia para a maioria das pessoas. Esse, porém, definitivamente não é o caso do curitibano Almo José de Paula Júnior. Ainda criança, com apenas cinco anos de idade, ele foi apresentado por seu pai ao futebol de botão (também conhecido como futebol de mesa). E hoje, aos 64, mantém vivo o amor e dedicação ao esporte, inclusive incentivando o surgimento de novas gerações de apaixonados.
“Com cinco anos de idade eu já estava jogando botão, meu pai que me apresentou. Ele viajava muito e, a cada viagem, trazia para mim um time de futebol de botão. Naquela época não tínhamos jogos digitais, não tínhamos celular, não tínhamos nada. Eram os anos 1960”, recorda ele, contando que sua maior diversão era encontrar uma superfície lisa (uma mesa ou mesmo um chão de rua) para colocar as duas traves e os 20 botões (mais os dois goleiros) e iniciar uma partida com os amigos ou seu pai.
Os anos foram se passando, no entanto, e o que era um hobby foi se tornando uma coisa séria, especialmente a partir de 1989, quando o futebol de botão passou a ser considerado oficialmente pelo Conselho Nacional de Desportos um esporte, uma modalidade desportiva. “Comecei jogando pastilha, com botões de lente, tampas de relógio. Daí a coisa foi crescendo ao ponto de virar uma federação e o futebol de botão ser declarado como esporte. A partir daí comecei a treinar mais seriamente”, explica.
“Sou um colecionador de troféus”, diz o curitibano, que conta mais de 100 na estante
Desde então, mais de 100 troféus foram conquistados. Ele foi 11 vezes campeão do Paraná, ganhou em seis ocasiões o Sul-Brasileiro, outras seis vezes o Campeonato Brasileiro e foi quarto lugar num Campeonato Mundial – sem contar os campeonatos locais, como a Liga Metropolitana e a Taça Paraná. Até hoje, inclusive, é o único campeão brasileiro em duas das principais modalidades do futebol de botão, a bolinha e o dadinho (onde o formato da bola e o número de toques que se pode dar antes de um chute muda).
“Sou um colecionador de troféus”, celebra. “Sou o único brasileiro que foi campeão nacional nas duas modalidades, bolinha e dadinho. É a mesma coisa que jogar tênis e squash. São regras diferentes, bolas diferentes, é praticamente outro esporte. Dificilmente alguém vai fazer isso que eu fiz, porque eu saí da bolinha pro dadinho, né? Eu que implantei o dadinho aqui na região Sul”, afirma.
No Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM) soma, atualmente, 2.989 atletas filiados em 16 estados. No Paraná, são 40 jogadores federados na modalidade com dadinho e mais uns 50 de bolinha, além de outros 100 jogadores de futebol de botão de pastilha (modalidade não federada, mas que ganhou força em Curitiba com o surgimento da Liga das Garagens). Ao todo, há sete modalidades oficiais do esporte, sendo a do dadinho a que vem ganhando mais força, mais adeptos.
Saiba
Esporte 100% brasileiro
O futebol de botão, conta ainda Almo, é um esporte que surgiu no Brasil e no Uruguai, por volta de 1930. Nessa época, os uruguaios eram campeões mundiais de futebol (1930, quando foi disputada a primeira Copa do Mundo) e haviam conquistado duas Olimpíadas consecutivas (em 1924 e 1928). “Nessa época, o Uruguai era o país do futebol. Mas o futebol de botão surgiu no Brasil e no Uruguai. Só que lá o esporte não foi pra frente e aqui continua”, explica Almo.