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Senatran sugere velocidade de 30 a 50 km/h em zonas urbanas (Foto: Franklin de Freitas)

O trânsito brasileiro pode passar por mudanças importantes em breve. Na semana passada, o governo federal realizou uma consulta pública para atualizar o Guia de Gestão de Velocidade no Contexto Urbano. O documento serve como base para a União, estados e municípios definirem as velocidades máximas nas vias do país. E com a ideia de reduzir os acidentes no trânsito, umas das hipóteses em avaliação é reduzir a velocidade máxima em zonas urbanas.

A ideia que vem sendo encampada pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) é a de adotar, em zonas urbanas, um limite padronizado de 30 km/h. Já as vias que exercem função principal de conectar bairros e regiões da cidade operariam com limites entre 40 e 50 km/h. Para isso, teriam que apresentar características de infraestrutura que reduzam os riscos de ocorrências graves.

Ainda conforme o Senatran, estudos realizados em diferentes metrópoles já teriam apontado que há pouco impacto no tempo de deslocamento com a adoção de velocidades máximas menores nas vias. Em Curitiba, por exemplo, dados de GPS com voluntários teriam indicado que trafegar acima dos limites de velocidade já impostos representa, na média, só três segundos de economia por quilômetro percorrido. Já um estudo em Fortaleza (CE) onde diversas vias tiveram a velocidade máxima reduzida de 60 km/h para 50 km/h apontou que o tempo de viagem cresceu 6 segundos por quilômetro percorrido. No entanto, os sinistros caíram cerca de 30% e os atropelamentos com vítimas diminuíram em até 63%.

Limite dinâmico é mais uma possibilidade

Outra sugestão, apresentada pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, foi a adoção de um limite de velocidade dinâmico. Ou seja, ajustar-se-ia o limite das vias em tempo real, conforme imprevistos e condições de tráfego. As alterações de velocidade, por sua vez, seriam informadas através de placas eletrônicas.

Caberá ao Ministério dos Transportes avaliar todas as sugestões e aplicá-las em nova edição do Guia de Gestão de Velocidades no Contexto Urbano. Para que alguma possível novidade se torne regra (ou seja, algo obrigatório), é necessário que elas também constem em publicações do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), órgão responsável pela função normativa do Sistema Nacional de Trânsito.

Mais de 260 mil multas por excesso de velocidade em sete meses

Apenas em 2025, no período de janeiro a julho, registrou-se mais de 260 mil autos de infração por excesso de velocidade em Curitiba. Para se ter uma dimensão do que isso representa, é quase o equivalente a uma multa a cada minuto. Mais precisamente, equivale a uma multa a cada um minuto e dez segundos que se passam.

De acordo com os dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), ao longo de 2025 lavrou-se 262.982 autos de infração por excesso de velocidade na Capital. Transitar com velocidade superior à máxima permitida em até 20% é a mais comum: 235.004. Além disso, 25.113 multas foram aplicadas a veículos que transitavam com velocidade entre 20 e 50% acima da máxima, enquanto outras 2.865 multas foram para penalizar quem dirigia com velocidade superior á máxima permitida em mais de 50% – infração considerada gravíssima, inclusive.