
O Sistema FAEP impulsiona produção de morangos na Grande Curitiba com apoio aos produtores. E isso ajudou a região a se tornar a maior produtora do Estado.
Do ranking dos dez maiores produtores do Estado, seis estão na região. A produção de morangos na região gerou um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 165,2 milhões em 2022 (dados mais recentes levantados pelo Departamento de Economia Rural) montante que corresponde a 42% do VBP gerado pela fruta em propriedades rurais paranaenses.
O líder na cultura é São José dos Pinhais.
O produto na RMC está em franca expansão. Em São José dos Pinhais, por exemplo, a produção quase quintuplicou em cinco anos: de 798 para 4,7 mil toneladas. Em Araucária, o salto foi de 1 mil para 2,9 mil toneladas. Na Lapa, a produção triplicou, chegando a 1,2 mil toneladas. O caso mais expressivo é o de Agudos do Sul, cujo volume cultivado saltou de 85 para 1,1 mil toneladas.
Essa disparada não se deu por acaso. Nos últimos cinco anos, o Sistema FAEP levou a campo 101 cursos diretamente relacionados ao cultivo de morangos. Além disso, esse movimento ganhou um impulso adicional: desde o início de 2023, a entidade tem, por meio de um projeto-piloto, implantado a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) na Região Metropolitana de Curitiba. No total, 105 propriedades da RMC vêm recebendo o serviço personalizado, sendo muitos produtores de morango atendidos nessa primeira etapa.
“O morango se consolidou como uma boa oportunidade aos produtores, porque demanda pequeno espaço e permite tirar uma renda considerável. Os cursos do Sistema FAEP ajudam demais, pois preparam o produtor para a atividade. Agora, com a ATeG, a produção de morangos tem mais um impulso. Tudo isso tem desenvolvido a região, a ponto de a RMC se tornar esse polo produtivo. Não à toa, os municípios que mais realizaram cursos são os que mais cresceram na atividade”, diz Débora Grimm, diretora técnica do Sistema FAEP.
Além disso, a entidade mantém parcerias, como o Programa de Desenvolvimento Produtivo Integrado da Região Metropolitana de Curitiba (Pró-Metrópole), que reúne entes como a prefeitura de Curitiba, o Sebrae-PR e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), entre outros, que ajudam a impulsionar a atividade.
Conhecimento que implica economia
Quando decidiu investir no cultivo de morangos, Isabel Kryzanovski foi até uma loja de produtos agropecuários e comprou os equipamentos de irrigação, de acordo com orientações do vendedor. Dias depois, ao começar o curso do Sistema FAEP, no entanto, constatou que alguns dos instrumentos eram desnecessários. Com supervisão do instrutor, a produtora instalou a estufa de acordo com critérios técnicos – e, com isso, economizou dinheiro.
“Eu não entendia de irrigação. O vendedor falou que eu precisava de um regulador de pressão para cada linha de irrigação. Na aula, aprendi que eu poderia instalar apenas um manômetro de glicerina e fazer a regulagem à mão. Eu consegui devolver os equipamentos e economizar mais de R$ 900”, exemplifica Isabel.
A produtora cultiva morangos sem qualquer defensivo químico, aplicando técnicas do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que permitem combater pragas e doenças do morangueiro de forma natural e/ou com insumos biológicos. Isabel adota práticas como instalar armadilhas naturais para capturar insetos prejudiciais à cultura – utilizando, por exemplo, garrafas pet, fermento, água e açúcar ou colas naturais.
“No monitoramento, identifiquei muitas pragas, mas também uma população grande de predadores naturais. Então, nem precisei entrar com produtos biológicos. Os próprios predadores combateram as pragas. Estava tudo equilibrado”, conta Isabel.
Com o negócio estruturado, a produtora estabeleceu uma rede de clientes, que garante a comercialização de toda a produção. Enquanto seu marido, Thales Baggio Portugal, continua atuando como consultor em pecuária, ela se dedica ao cultivo, colheita e venda dos morangos. Para isso, conta com o trabalho dos pais, João e Regina, e a ajuda do irmão Moisés.