MOTORHOME
(Franklin de Freitas)
MOTORHOME
O casal Moacir e Márcia, do Maranhão: “Estamos soltos no mundo” (Franklin de Freitas)

O município de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), se torna nesta semana a capital brasileira dos viajantes. É que entre os dias 8 e 12 de novembro (quarta-feira a domingo) acontece no ExpoTrade a 7ª Expo Motorhome, uma grande feira de campismo e caravanismo. E o Camping da Expo começou a receber já na última semana os primeiros veículos recreativos e barracas, cujo número ainda deve crescer substancialmente em breve: 450 pacotes já foram vendidos e o camping tem capacidade para receber 700 veículos recreativos (como trailers, mini-trailers, kombis, campers, carros, motos e barracas).

Segundo Nilson Antônio, o mercado de campismo já vinha em crescimento antes da pandemia, mas foi em meio à crise sanitária que o negócio acabou deslanchando mesmo. “Agora o mercado está começando a dar uma estabilizada, mas está estabilizando num novo patamar”, explica ele, que é jornalista e ontem (6 de novembro) recebeu a equipe do Bem Paraná no Camping da Expo. “Antes da pandemia a gente via bastante gente aposentada, empresários mais velhos. Agora vemos muitos jovens entrando no segmento, começou a diversificar. As vezes é pessoal que trabalha remoto, gente que tem negócio próprio…”, aponta ainda ele.

Esse é o caso, por exemplo, de Ivan Carlos Possamai. Nascido em Blumenau (SC), ele mora em Orlando, nos Estados Unidos, com sua esposa, Tatyana, e a filha, Sara Elizabeth, que tem um ano e três meses de idade. Como eles trabalham com turismo, vendendo pacotes de viagem para os parques da Disney, da Universal, o SeaWorld e a Legoland, acabaram vislumbrando a possibilidade de trabalhar remotamente, resgatando o que é praticamente uma tradição na família de Ivan: a vida na estrada.

“Os meus pais já tinham o motorhome deles, desde criança eu viajava com eles, e em julho viemos para o Brasil e resolvi comprar a Kombi para acompanhar meus pais, que estão começando uma viagem pelo Brasil. Vamos acompanhar eles até uma altura e depois seguir em viagem do Brasil até o Alasca, atravessando toda a América. A ideia é começar no final do ano a viagem, que vai levar pelo menos meio ano”, conta Ivan, explicando que enquanto a filha for pequena e aguentar a vida na estrada, a família permanecerá em viagem. “Aí depois chega a hora dela ir pra escola e de novo a gente se assenta na cidade”, complementa ele, que junto com as esposas conta as as aventuras em família no canal Family Kombi (@family_kombi).

No camping em Curitiba, inclusive, ele está com a filha e a esposa na Kombi, enquanto seus pais estão acampados logo ao lado, em um motorhome. “Já temos uns 25 anos de experiência no camping. Meu marido era atleta, andava de moto, e a gente viajou pelo mundo inteiro acompanhando ele. Foram 60 anos de trabalhando, de luta, e há dois anos nos aposentamos e agora vamos rodar o Brasil. Já conhecemos um pouco lá fora, mas agora queremos conhecer o Brasil”, comenta Alzira, mãe de Ivan. “Aqui é uma vida mais light, né? Uma vida sem preocupação, sem ter de acordar cedo, de lutar, de trabalhar… E a gente sempre gostou de campismo, né?! Começamos na barraca, o Ivan era um bebê ainda”, recorda ainda ela.

cidades-motorhome-franklin1
(Franklin de Freitas)

Vem gente de todo lugar
Emerson Antunes Ribeiro, o Magrão, por sua vez, é de Brasília (DF) e veio sozinho para Curitiba já que sua esposa, Simone, teve de ficar na capital federal trabalhando (ela é professora e ele, servidor público). Os dois também possuem um canal juntos (“Magrelos na Estrada”), onde contam sobre suas viagens e aventuras, e passaram até mesmo a Lua de Mel na estrada.
“A gente se casou em 2020 só no civil e casamos na igreja mesmo em junho deste ano. Nossa Lua de Mel foi no mini trailer que temos: viemos pra Santa Catarina e depois fomos pra Aparecida, porque minha esposa é devota de Nossa Senhora e daí fomos lá para agradecer tanto pelo casamento como pelo trailer”, relata.

“A gente até costuma falar que esse negócio de trabalhar está nos atrapalhando. Mas qualquer feriadinho, final de semana, a gente sai. Deu uma brecha, já estamos na estrada.”

Por fim, o casal Moacir de Moraes Silva e Márcia de Araújo vieram do Maranhão para a Grande Curitiba num motorhome, numa viagem que durou aproximadamente duas semanas. Juntos há 23 anos e há mais de 30 fazendo da estrada um lar, o casal já visitou quase todos os estados brasileiros (só falta conhecer Roraima) e depois de Pinhais seguirão descendo pelo Sul só devem voltar para o Maranhão em 2024.

“Já são mais de 30 anos na estrada, mas já acampamos desde crianças. Agora vamos ficar aqui até domingo e depois vamos mais pra baixo ainda: ficamos mais tempo pelo Sul e depois na volta também vamos devagar. Vamos chegar no Maranhão lá para o começo do ano que vem. Estamos soltos no mundo e podemos demorar o tempo que quisermos”, celebra.

cidades-motorhome-franklin2
(Franklin de Freitas)

Encontros
“O principal são as amizades”

Tanto para Magrão como para o casal Moacir e Márcia, o principal da vida na estrada não são as viagens em si, mas as amizades que acabam sendo feitas e permanecem ao longo dos anos. “Os amigos [é o melhor do campismo]. Hoje nós estamos aqui aqui nesse lugar, exatamente, por causa desse amigo aqui do lado, que vem de Brasília. E agora já apareceram vários outros que a gente conhece de outros lugares. Então é isso que nos faz viajar, né? A gente vai encontrando mais gente, conhecendo novas pessoas… Hoje podemos dizer que temos amigos e qualquer estado do Brasil, pessoas que a gente vai conhecendo pelo caminho”, relata Moacir.

“A coisa mais importante do campismo são as pessoas, as amizades. Você, por exemplo, vai viajar e fica num hotel. Quantos amigos você vai fazer, quantas pessoas vai conhecer? Poucas, né?! Acampando é outra história. E não importa, acampando você vai ficar no mesmo lugar que todos os tipos de pessoas: aquele que tem um carrinho mais velho, com barraca de chão, e aquele que tem um motorhome de um milhão de reais vão frequentar os mesmos ambientes”.

“Conversar, compartilhar momentos e tomar cerveja juntos. A gente gosta muito disso, conhecer pessoas, fazer amizades. Para mim, isso é o principal”, ressalta ainda Magrão.