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Audiência pública da Comissão de Saúde da Câmara recebeu prestação de contas do primeiro quadrimestre de 2024. (Foto: Carlos Costa/CMC)

“Por várias vezes falamos aqui do risco e da prevenção da dengue. O potencial risco deixou de ser potencial e hoje é um risco para nossa cidade”, falou aos vereadores a gestora local do Sistema Único de Saúde (SUS), Beatriz Battistella Nadas. A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) recebeu, durante a sessão plenária desta terça-feira (28), a audiência pública de prestação de contas da saúde pública da capital. Coordenada pela Comissão de Saúde e Bem-Estar Social, a apresentação reuniu os indicadores e destaques do primeiro quadrimestre de 2024.

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“A dengue é uma arbovirose de difícil manejo, mais de metade dos países estão sujeitos ao agravo da dengue”, continuou a secretária municipal da Saúde. Nadas já vinha alertando, nas últimas audiências públicas de prestação de contas do SUS de Curitiba, para a necessidade de a população ajudar na prevenção da dengue, combatendo os focos do Aedes aegypti. O mosquito também é o vetor de outras doenças, como febre amarela, zika e chikungunya.

“Morte prevenível”

Até o dia 17 de maio, indicou a gestora do SUS, Curitiba contabilizou 8.625 casos de dengue e 3 óbitos, entre eles o de uma criança de 9 meses, “[uma morte] absolutamente prevenível”. “Precisamos muito de prevenção com relação à dengue. Nós temos que cuidar do ambiente, das residências, dos imóveis, do ambiente público”, lembrou ela, na apresentação desta manhã.

Repelente

“Quando estamos descobertos, por conta de temperaturas altas, precisa ser feito o uso de repelente. Tem que cuidar do ambiente, mas também tem que se prevenir individualmente”, alertou. Segundo ela, a Prefeitura de Curitiba realizou 38 mutirões, com a retirada de 732,5 toneladas de lixo. Nadas reforçou que o mosquito se prolifera em água parada – ou seja, mesmo uma tampinha virada para cima pode se tornar um criadouro. “Para o próximo período, quando voltar a esquentar, nós vamos ter a eclosão de ovos, […] e daí é mais difícil ainda porque é invisível.”

Surto de hepatite

Beatriz Battistella Nadas também chamou a atenção para o surto de hepatite A em Curitiba. De janeiro a maio, foram registrados 255 casos, 5 óbitos e 1 transplante de fígado em decorrência da doença. A transmissão se dá pela via fecal-oral. “É preciso o cuidado com a água, com os alimentos. Mas, especialmente, com a higiene, a higiene das mãos e higiene sexual”, explicou sobre a prevenção.

A vacina da hepatite A, complementou, não está disponível para toda a população, e, sim, para as crianças de até 5 anos de idade. Os principais sintomas da doença são fadiga, mal-estar, febre e dores musculares, urina escura, olhos e pele amarelados (icterícia). Ela pode comprometer o fígado, “órgão extremamente vital a nosso organismo”, o que pode levar o paciente ao óbito.
Fake news sobre as vacinas são “criminosas”, diz Nadas

Vacinação pode melhorar

Em relação à cobertura vacinal, a gestora do SUS de Curitiba destacou que os indicadores locais são superiores à média brasileira, mas avaliou que “são números que podem ser melhorados”. “A cobertura vacinal, para nós, existe sempre esse desafio, uma grande luta conta muita mentira”, declarou. As fake news sobre a vacinação, definiu, são “criminosas”. “As vacinas são um grande avanço da ciência que está à nossa disposição”, declarou.

Acidentes de trânsito

A secretária municipal falou apresentou os demais indicadores da saúde pública, como as causas para óbitos e internamentos. Em 2024, ocorreram 3.557 óbitos, maior parte deles, 2.954, por doenças do aparelho circulatório. Já das 31.357 internações no período, 16.096 foram devido às causas externas, como a violência interpessoal e, principalmente, o trânsito.

“Estamos no Maio Amarelo, mês que é de prevenção às questões decorrentes de acidentes de trânsito e vejo que nós podemos melhorar bastante”, ponderou. “É justamente aqui que nós temos o maior impacto na especialidade da ortopedia”, citou Nadas, sobre a correlação entre os atendimentos de urgência e a fila de espera por procedimentos especializados. Pessoas que precisam de próteses, explicou, “perdem espaço no SUS de Curitiba devido aos acidentados”.
Produção do SUS de Curitiba em diferentes serviços

A audiência pública de prestação de contas também tratou da rede física, dos profissionais e da prestação de serviços do SUS de Curitiba. “O aumento grande de demanda [de quadros respiratórios, suspeitas de dengue e emergências relacionadas à pressão alta e glicemia] levou que tivéssemos que investir em infraestrutura e equipe de nossas Unidades de Pronto Atendimento”, relatou Nadas. Para o atendimento dos casos suspeito de dengue, por exemplo, “também foi necessária fazer a ampliação da área de atendimento, com a colocação de tendas” na área externa das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs)

Pressão no sistema de saúde

De maio a abril, as UPAs tiveram 478.970 consultas médicas. O número, 24% maior que em 2023 e 51% que em 2022, equivale à média 3.991 atendimentos por dia. Além dos casos suspeitos de dengue, a secretária da Saúde atribuiu o aumento da demanda ao número maior de pessoas que passaram a utilizar o SUS por terem sido desligadas de seus planos de saúde. As quebras de contratos, ressaltou, “têm acontecido com cada vez maior frequência”. “Isso é muito grave, precisamos ter olhos para isto.”

As Unidades de Pronto Atendimento da capital registraram, ainda, 1.268.482 procedimentos médicos e de enfermagem (média de 10.570/dia) e 6.473 procedimentos odontológicos (54/dia). Na rede de atenção primária à saúde (APS), a produção foi de 696.275 consultas médicas (8.703/dia), 350.280 consultas com enfermeiros (4.379/dia), 4.446.299 procedimentos médicos e de enfermagem (55.579/dia) e 455.221 atendimentos com a equipe de saúde bucal (5.690/dia).

Na Câmara de Curitiba, a audiência pública de prestação de contas do SUS é conduzida pela Comissão de Saúde e Bem-Estar Social, presidida pelo vereador João da 5 Irmãos (MDB). Também fazem parte do colegiado os vereadores Noemia Rocha (MDB), vice, Alexandre Leprevost (União), Oscalino do Povo (PP) e Pastor Marciano Alves (Republicanos).