Homem é condenado por matar a mulher na frente do filho, em Curitiba, alegando que ela estaria possuída

MPPR, editado por Rodolfo Luis Kowalski
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Tribunal do Júri em Curitiba (Reprodução/ TJPR)

Um homem de 26 anos vai ter de passar 32 anos na prisão, em regime fechado. Foi o que decidiu o Tribunal do Júri de Curitiba, que acatou a denúncia do Ministério Público do Paraná (MPPR) contra o réu. Ele respondia por feminicídio pela morte da companheira, de 24 anos, no dia 10 de fevereiro de 2024, um sábado de Carnaval.

O crime ocorreu na residência do casal, no bairro Cidade Industrial de Curitiba, e o filho do casal, de apenas dois anos, testemunhou tudo. A vítima sofreu asfixia e, num primeiro momento, o homem ainda tentou simular um suicídio para a família dela. Ele alegava que a companheira teria incorporado um espírito e estaria se asfixiando e batendo a própria cabeça na parede.

A versão dele, no entanto, caiu por terra com a chegada da força policial e da perícia técnica. Principalmente depois que um dos policiais militares teve contato com o menino, que lhe contou, de imediato, que o pai tinha matado a mãe.

Violência doméstica

Na denúncia, a 3ª Promotoria de Justiça de Crimes Dolosos contra a Vida de Curitiba sustentou que o crime ocorreu no contexto de violência doméstica e familiar e em razão de menosprezo do agressor à condição de mulher da vítima. As investigações mostraram que ele se referia com frequência à mulher de forma ofensiva. Inclusive, atribuía a ela o nome de uma entidade espiritual, com o intuito de desmerecê-la.

Na sessão de julgamento, que se iniciou na quinta-feira, 14 de agosto, e terminou somente na madrugada do dia seguinte, o Conselho de Sentença acolheu todas as teses do Ministério Público, reconhecendo a prática de feminicídio por meio cruel (asfixia). O fato do crime ocorrer na presença da criança também pesou para o aumento da pena. Além da prisão, o Juízo determinou a perda do poder familiar do acusado em relação ao filho.