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O tema saúde do homem vem tomando cada vez mais importância: deputados também estão atentos (Divulgação/Alep)

Eles costumam dar menos atenção à saúde e buscam com pouca frequência os serviços médicos. Consequentemente, os homens brasileiros vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres. Entre as causas de morte prematura estão as doenças cardiovasculares e o câncer de próstata, a violência e acidentes de trânsito. Assim, as campanhas de conscientização sobre cuidados com a saúde masculina vêm ampliando o seu leque. E são abraçadas firmemente pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).

A Comissão de Saúde Pública da Alep sempre deu respaldo às propostas de levar à comunidade informações, alertas e campanhas de conscientização sobre a saúde dos homens, das mulheres, dos idosos, das crianças e de toda a população.

“A saúde do homem ainda é um grande desafio no Brasil”, avalia o médico urologista Gustavo Marquesine Paul, coordenador da Câmara Técnica de Urologia do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR).

“Dados mostram que os homens vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres. Um dos principais fatores que contribuem para essa diferença é justamente a falta de acompanhamento médico regular. Culturalmente, o homem costuma procurar ajuda médica apenas quando os sintomas se tornam incômodos ou graves. Muitas vezes, já em estágios avançados de doenças que poderiam ter sido evitadas ou tratadas precocemente”, explica.

De acordo com o especialista, “entre os principais problemas que acometem a saúde masculina está o câncer de próstata, que é o tumor de órgão sólido mais frequente nos homens”. “Ele tem alta chance de cura quando diagnosticado precocemente, mas infelizmente ainda é comum encontrarmos casos avançados por negligência ou medo de procurar um urologista”, alerta.

Segundo o médico é por esses, e outros motivos, que “temos insistido tanto na promoção da saúde do homem, com campanhas de conscientização e incentivo à consulta médica regular. Esse cuidado começa já na puberdade masculina, quando o acompanhamento urológico deve começar para prevenir e orientar questões ligadas ao desenvolvimento, sexualidade, fertilidade e saúde geral”.

Vencer o preconceito, o grande desafio para combater o câncer de próstata

Luzes azuis vem iluminado o prédio da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) há mais de uma década, despertando a atenção dos paranaenses. A ação, que marca o segundo semestre do ano em dois momentos especiais, faz parte das programações de importantes campanhas: o “Agosto Azul” e o “Novembro Azul”. Ambas dedicadas a conscientização sobre o impacto da prevenção para uma vida saudável, e voltadas, essencialmente, para a população masculina.

Isto porque o preconceito, muitas vezes ligado à masculinidade, impede que muitos homens busquem atendimento médico e façam exames importantes. Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade e dos Registros de Câncer de Base Populacional do Ministério da Saúde apontam que, para o triênio 2023-2025, esperam-se 704 mil casos novos de câncer no Brasil. O câncer de próstata é um dos mais incidentes, com 71.730 mil casos novos, correspondendo a um risco estimado de 67,86 casos a cada 100 mil homens.

“Vamos parar com aquela coisa de ‘o exame é esquisito’. Não tem nada disso, vamos deixar esse preconceito de lado”, ressaltou, a deputada Cloara Pinheiro (PSD), ao falar sobre o tema, em Plenário, no final do ano passado. Ela lembrou que o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura, podendo chegar a até 90%.

Comissão tem papel crucial na elaboração de políticas públicas

É da Comissão de Saúde Pública, que é permanente, têm caráter técnico-legislativo especializado e integra a estrutura institucional da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), a responsabilidade de analisar os projetos de lei discutidos na Casa de Leis relacionados ao tema. “É uma das principais comissões permanentes do Legislativo, trata de temas com impacto direto na vida das pessoas”, destacou o deputado Tercilio Turini (MDB), ao assumir a presidência do grupo parlamentar.

Entre as atribuições do colegiado, a responsabilidade de manifestar-se sobre as proposições relativas à saúde pública, higiene, assistência sanitária, controle de drogas, medicamentos, alimentos e o exercício da medicina.

Hoje a Comissão de Saúde tem sete deputados: a deputada Márcia Huçulak (PSD); e os deputados Arilson Chiorato (PT), Luis Corti (PSB), Pedro Paulo Bazana (PSD) e Marcio Pacheco (PP); além dos deputados Tercilio Turini (MDB) e Dr. Leônidas (CDN).

Vacinação: novembrinho Azul

O programa “Novembrinho Azul” – de prevenção e cuidados com a saúde de meninos de até 15 anos – foi aprovado neste ano, por unanimidade, pela Assembleia Legislativa (Alep). O projeto, que virou lei no Paraná, foi apresentado e defendido pelo deputado Ney Leprevost (União) e pela deputada Mabel Canto (PP). A legislação estabelece a promoção de campanhas de conscientização, diagnóstico e tratamento precoce de doenças como fimose, hipospádia, hérnia inguinal, distopia testicular, disfunção urinária e varicocele, bem como, incentiva a aplicação da vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano).

A Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica (CIPE), que elaborou a proposta do “Novembrinho Azul”, explica que todas essas doenças têm consequências importantes, caso não sejam cuidadas precocemente. Os médicos especialistas enfatizam que a vacina de HPV é recomendada para meninos e meninas antes do início da vida sexual. O HPV é um vírus que afeta a pele e as mucosas, sendo a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. A vacina previne infecções e doenças graves, como câncer de colo do útero, verrugas genitais e câncer de pênis. Essa campanha complementa a já existente – o “Novembro Azul”, que foca na saúde masculina adulta, especialmente na prevenção do câncer de próstata. 

Durante os debates do projeto, o deputado Ney Leprevost falou sobre a relevância da iniciativa ao levar informações para os meninos, seus pais, cuidadores e responsáveis sobre a importância de cuidar da saúde. “Nosso objetivo é prevenir doenças, bem como conscientizar a população sobre a vacina de HPV. Diferente das meninas, que são acompanhadas por ginecologistas na juventude, os meninos quando saem do pediatra não costumam iniciar um acompanhamento médico periódico”, frisou. A deputada Márcia Huçulak (PSD), vice-presidente da Comissão de Saúde Pública e relatora do projeto de lei no colegiado, destacou a importância do tema, durante a votação do seu parecer: “As campanhas de conscientização exercem um papel educativo fundamental junto à sociedade”. Sancionado pelo Poder Executivo, o projeto do “Novembrinho Azul” foi transformado na Lei estadual 22.395/2025.