
Atear fogo em lixo em terrenos baldios responde por um terço dos incêndios no Paraná, alerta o Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR). O CBMPR registrou entre janeiro e julho desse ano 4.830 incêndios em vegetação no Estado. Desses, 1.641 começaram com fogo ateado a lixo em terrenos baldios. O índice corresponde a mais de 33,9% do total.
E não é isolado: no ano passado, ocorreram 11,9 mil incêndios em vegetação no Estado; 4,5 mil em terrenos baldios, o que corresponde a 37,8%. A relação é clara e preocupa o Corpo de Bombeiros.
“Atear fogo a resíduos em terrenos baldios pode terminar em grandes incêndios florestais ou em residências. A fumaça traz transtornos graves para o trânsito e problemas de saúde se inalada”, afirma a porta-voz do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná, capitã Luisiana Cavalca.
No tempo seco do inverno a situação se agrava ainda mais. De janeiro a maio de 2025 houve o registro de 1041 incêndios em terrenos baldios e 641 apenas nos meses de junho e julho. Isso corresponde a 38,1% de todas as ocorrências dessa natureza no ano. Foram 54 em junho e 587 em julho, destacando que a primeira quinzena de junho teve tempo chuvoso no estado.
Segundo a capitã Luisiana, a destinação correta dos resíduos é fundamental para evitar o início de incêndios de grandes proporções. “Móveis descartados em terrenos muitas vezes são queimados, o que é sempre perigoso”, diz.
Corpo de Bombeiros orienta sobre os riscos com a queima de resíduos
O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) alerta os paranaenses sobre os riscos de queimar lixo nos terrenos baldios. “A queima do lixo é uma prática que deve ser abolida. Gera os riscos de incêndio florestal, em residências, problemas à saúde das pessoas próximas à fumaça e até acidentes automobilísticos”, explica a porta-voz do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná, capitã Luisiana Cavalca.
Atear fogo a terrenos baldios é crime previsto na Lei 9.605/98. O artigo 250 do Código Penal prevê prisão de 3 a 6 anos e multa para quem iniciar incêndios que exponham a vida e integridade física de pessoas, além do patrimônio alheio. Denúncias devem ser feitas pelo telefone 190 da Polícia Militar do Paraná (PMPR).
Conscientizar a população acerca dos riscos é também função das administrações municipais. “As prefeituras podem nos ajudar a fiscalizar as condições dos terrenos baldios, quanto ao corte da vegetação e materiais despejados nesses espaços. Além disso, é importante que haja um serviço de coleta dos resíduos ou locais específicos para que sejam destinados”, diz a capitã Luisiana.
Detecção: VFogo ajuda no combate a incêndios no Paraná
Com dados de georreferenciamento de várias instituições – incluindo a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) –, uma plataforma do Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental) tem auxiliado a Defesa Civil e o Instituto Água e Terra (IAT) a detectar focos de calor antes que se tornem grandes incêndios, facilitando o acionamento do Corpo de Bombeiros para combate ao fogo.
O VFogo começou a ser desenvolvido há dez anos e atualmente faz um trabalho de sensoriamento remoto por satélites de alta resolução temporal e espacial, ambiente de processamento de alto volume de dados geoespaciais em diferentes formatos (Big Data) e modelos matemáticos de análise e aprendizagem construídos a partir de técnicas de inteligência artificial.
O sistema faz acompanhamento em tempo real com dados dos equipamentos do Simepar, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Nasa, e conta com uma dezena de satélites de agências europeias e americanas que geram imagens – alguns deles com atualização a cada 10 minutos.
“O VFogo, com o uso dos satélites, detecta incêndios com temperaturas acima de 300°C ou que tenham atingido uma dimensão de 30 metros de extensão, por um metro de largura”, explica Gabriel Henrique de Almeida Pereira, pesquisador do Simepar.
O VFogo em 2024 detectou mais de 50 mil focos de calor, número muito superior a 2023, quando foram detectados aproximadamente 20 mil focos. Nos últimos três anos, os picos de ocorrências foram entre os meses de maio e outubro. Em janeiro de 2025 o sistema detectou 918 ocorrências: em fevereiro 974, em março 1.410, em abril 569 e em maio 1.473 focos de calor.