Franklin de Freitas – ShopB

Com a necessidade de distanciamento e isolamento social em decorrência do risco de disseminação do novo coronavírus, a maior parte das pessoas está tendo de passar mais tempo em casa do que de costume. E essa nova rotina tem feito bem ao mercado de videogames em Curitiba e região metropolitana. Empresas que atuam no ramo relatam crescimento nas vendas que chegam a superar 100% no último mês, o que mostra que os games têm sido um remédio eficaz no combate ao tédio em tempos de Covid-19.

Proprietário da ShopB, que possui loja física em Araucária e forte presença no e-commerce, Gabriel Bollico comenta que a demanda por produtos, como consoles e jogos, teve aumento de 110%. “Aumentou absurdamente, aumentou muito a demanda total. Teve um dia que fizemos 122 entregas só em Curitiba, via motoboy. Tenho contato com uma agência e fizemos uma espécie de ‘força-tarefa do delivery’”, conta o empresário.

No Sebo dos Games, que há sete anos realiza vendas online, Adriano do Rocio Slompo conta que a procura aumentou cerca de 30%. No site da empresa, inclusive, está estampado na página inicial uma espécie de campanha, com o título “Fique em casa e jogue um game!”.

“Devido ao isolamento social, as pessoas têm ficado o maior tempo em casa, algumas com seus filhos, e com isso a procura por games expandiu”, conta Slompo, que lamenta ter sido obrigado a adiar a possibilidade de abrir uma loja física.

“Estávamos em processo de estudo de viabilidade para abertura de um ponto físico, mas foi adiado em virtude dos acontecimentos. Mas seguimos trabalhando com entregas via Correios e Motoboy para Curitiba”.

Por fim, na Brasil Games, Meury Marion Miranda, proprietária, comenta que o faturamento segue quase o mesmo do que era antes da crise do coronavírus, com uma pequena queda. Mas o resultado só não é melhor porque a empresa está ‘perdendo’ vendas devido a falta de alguns produtos.

“Estamos nos virando bem, é todo dia, o dia inteiro, realizando entregas. Estão procurando bastante e o pessoal procura por tudo, desde computador até acessórios, jogos, videogames… Entregamos tudo”, diz a empresária. “O que acontece é que tem alguns produtos que estamos perdendo de vender porque não estamos conseguindo comprar, repor estoque. Mas console, por exemplo, mesmo com o dólar nas alturas, sendo um produto caro, os clientes compram.”

Fechamento da fronteira pode complicar alguns lojistas

Há 11 anos à frente da ShopB, Gabriel Bollico conta que uma das políticas de sua empresa é trabalhar apenas com produtos nacionais. E em tempos de coronavírus, essa acabou sendo uma política altamente lucrativa. Isso porque as empresas que dependem de compras no exterior (por exemplo, no Paraguai) estão tendo dificuldades para conseguir produtos, enquanto ele sai na frente por já ter fornecedores dentro do próprio país.

“Console, por exemplo, vem muito pai e mãe negociar, quer comprar para os filhos terem uma distração. Mas quem está comprando muito com a gente são lojistas também, lojistas pequenos. A fronteira fechou, então quem comprava do Paraguai está tendo dificuldades e o mercado nacional teve um up absurdo”, comenta o empresário, relatando que chegou a ficar recentemente sem estoque de consoles PS4 — a reposição chegou recentemente —, e a procura maior era justmaente de lojistas.

Outro exemplo que ele cita é o caso do console Nintendo Swift, que não é produzido no Brasil. “Se analisar Mercado Livre, Amazon, vai ver que o preço foi de R$ 2,5 mil para R$ 5 mil. É a escassez, não estão conseguindo mais. Está valendo ouro hoje em dia [o console]”, afirma Bollico.

Rápida

Jogos infantis lideram procura nas lojas especializadas

Nas lojas da RMC, o líder nas vendas são os jogos infantis, como Minecraft, Crash e jogos da série Lego. Jogos de futebol e de tiro aparecem na sequência da preferência dos curitibanos.

“Sempre vende bastante jogo de futebol, tiro, e agora tem tido muita procura por jogos infantis, porque as crianças estão tudo em casa”, conta Miranda, da Brasil Games. “Por trabalhar com jogos antigos e usados, notou-se o aumento por acessórios como controles para diversos consoles, jogos infantis e jogos para jogar em família como Mario Paty, Mario Kart, Fifa, Pes, etc”, complementa Slompo, do Sebo dos Games.

A dificuldade, no entanto, tem sido conseguir repor o estoque de produtos, para alguns lojistas. “Eu ainda tenho estoque, mas vejo que meus concorrentes estão quase todos sem esses produtos que mais vendemos. Jogos que não são tão procurados ainda acha com os distribuidores, mas os mais vendidos não estamos conseguindo repor”.