
Junho tem a campanha Junho Laranja, de prevenção às queimaduras. Neste ano o tema será violência contra a mulher, por causa de casos registrados de ataques a mulheres.
O objetivo é sensibilizar a população e profissionais de saúde quanto a este tipo crime e a subnotificação dos casos nas unidades de saúde.
A campanha faz alusão ao Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, em 6 de junho, e é promovido anualmente pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ). Esse tipo de acidente provoca cerca de 2,5 mil mortes por ano no Brasil, além de deixar outras milhares com sequelas.
Os impactos das queimaduras vão além da mortalidade, pois podem resultar em sequelas físicas e psicológicas críticas e comprometer as interações sociais e o potencial laboral das vítimas em graus variados.
Apesar de trabalhar a prevenção como um todo, a cada ano é escolhida uma temática para abordar e em 2025 o foco será a violência contra a mulher em razão do aparente aumento do número de casos em que são utilizados métodos que geram queimaduras, como fogo e produtos químicos.
“A gente tem visto diferentes formas de violência contra a mulher, incluindo as queimaduras. Então, é importante a gente falar sobre esse assunto para as pessoas relatarem para o centro de tratamento, para as unidades de emergência, para as unidades de pronto atendimento, que recebem os pacientes queimados em diferentes regiões do nosso país, para que possamos entender de fato”, observa vice-presidente da SBQ, a enfermeira Dra. Raquel Pan.
Ela estuda essa temática desde 2018, devido a uma das atividades do Comitê de Prevenção da ISBI (International Society for Burns Injuries). Naquele período, além da vice-presidente da SBQ, pesquisadores da Austrália e do Canadá realizaram uma revisão sobre a ocorrência de violência por queimaduras contra mulheres e meninas no mundo. Um dos principais desafios encontrados pelas pesquisadoras foi a escassez de dados sobre esse tipo de violência, o que resulta na subnotificação dos dados e na real dimensão do problema.
Raquel Pan continua realizando pesquisas nessa temática no Brasil e em parcerias com pesquisadores de outros países, como é o caso de um outro trabalho que envolve profissionais da Austrália, do Canadá e do Reino Unido para fazer um levantamento das notificações de casos de violência por queimaduras contra a mulher no Global Burn Registry (Registro Global de Queimaduras), uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) em colaboração com a ISBI.
Conscientização
Os objetivos da campanha são sensibilizar profissionais de saúde, a comunidade e as vítimas sobre a importância da notificação/denúncia dos casos de violência por queimaduras e conscientizar a população sobre esse tipo de crime, além de promover formas de colaboração para a redução de sua ocorrência.
Segundo Raquel Pan, a problemática da violência contra a mulher, no caso das queimaduras, geralmente não é para matar, mas sim, para desfigurar. “É algo do tipo: se não vai ficar comigo, não vai ficar com ninguém. São casos que a gente já tem observado em outros países, como no Oriente Médio, principalmente em queimaduras com ácido”, ressalta.
Para alcançar mais pessoas, a SBQ conta com a colaboração de parceiros, presidentes regionais da entidade, diretores de centros de tratamento de queimados, organizações não governamentais e de toda a população para que a comunicação alcance mais pessoas.
Ao longo de junho, estão previstos webinars, eventos presenciais, iluminação de monumentos e prédios públicos e campanhas de conscientização em escolas, universidades e espaços públicos.
Entre em nosso site e confira a programação: https://sbqueimaduras.org.br/junho-laranja