No sábado, 22, aconteceu em Paranaguá, Litoral do Estado, a 7ª edição do Afoxé Filhos de Iemanjá em uma celebração à cultura afro-brasileira. O evento que reuniu cerca de 800 pessoas, foi alvo de ataques em redes sociais. A Associação Cristã de Estudos da Fraternidade Irmanada (Acefi) emitiu na segunda-feira, 24, nota de repúdio destacando que os ataques foram racistas e discriminatórios. Na manhã desta quarta-feira, 26, o presidente da Acefi, Lederson Souza esteve na Delegacia Cidadã para as oitivas sobre o caso.
“Realizamos na terça-feira, 24, o boletim de ocorrência, hoje foi a oitiva e um inquérito será instaurado. Assim que isso ocorrer, a pastora que lançou áudios nas redes sociais será chamada para depor”, explica o presidente. Lederson Souza conta que também procurou o Ministério Público que orientou como fundamentar a representação. “Estamos recolhendo provas e notas de repúdio para segunda-feira, 3, entrarmos com o processo”, adianta.
ENTENDA O CASO
Por meio das redes sociais, um áudio circulou na véspera do evento. O áudio supostamente gravado por uma pastora evangélica convocava os “soldados de Cristo” para jejuarem até o meio dia de sábado contra a “afronta de Satanás” e ainda dizia que o evento daria “legalidade ao demônio para entrar nas casas em Paranaguá”. O jejum serviria justamente para evitar que o demônio entrasse nas residências em decorrência do ato que seria realizado às 17h de sábado, 22.
“O áudio criou pânico entre os participantes. Em duas ocasiões já tivemos ocorrências durante a realização do Afoxé e chegamos a precisar de segurança para dar continuidade ao evento, por isso, as pessoas tiveram medo que algo acontecesse no decorrer o 7.º Afoxé. Pedimos mais seguranças, auxílio da Guarda Civil Municipal e Polícia Militar para evitar que o pior acontecesse”, relata Lederson Souza.
AFOXÉ
O Afoxé é uma manifestação cultural e religiosa que mistura música, dança e canto, com forte tradição afro-brasileira. Esse tipo de celebração é comum em várias partes do Brasil, como na Bahia, Ceará e Sergipe, e sua origem remonta aos estivadores que trouxeram para o Brasil os primeiros afoxés com os afrodescendentes oriundos de escravizados africanos. Lederson Souza, presidente da Acefi, explica que o termo Afoxé significa “orixá na rua” e tem como objetivo levar os elementos sagrados dos terreiros para as ruas, tornando as tradições mais acessíveis ao público.