Litoral do Paraná escola na rua

Fim de semana em Guaratuba terá oficina de prosa, poesia e batalha de rimas

Eventos vão acontecer os dias 27 e 28 de setembro

Editada por Isabelle Sales
Graffiti na praça – Crédito_ Acervo Escola de Rua

Projeto cultural promove oficina gratuita de poesia e Slam Ressoa em Guaratuba (Foto: Escola de Rua)

Guaratuba será palco de um fim de semana dedicado à poesia e à expressão cultural. Nos dias 27 e 28 de setembro, o projeto Escola de Rua Paraná promove uma oficina gratuita de prosa e poesia no Kasulo Espaço Criativo, das 14h às 17h, com as professoras Lígia Regina Klein e Maria A. Cavazotti. A programação se encerra com o Slam Ressoa, batalha de poesia falada marcada para domingo, às 17h, que promete movimentar a cena local.

Poesia como megafone da periferia

Para a ministrante da oficina, a poesia marginal tem sido o megafone pelo qual os jovens gritam: “Nós existimos, estamos aqui, temos voz e queremos nosso lugar na mesa!”. A linguagem é o instrumento que permite nomear as realidades, refletir sobre as relações e identificar limites e possibilidades, tornando-se essencial para que comunidades marginalizadas expressem seu mundo e compartilhem expectativas.

O encantamento de Klein pela poesia marginal começou ainda nos anos 1970, ao ler autores da chamada “geração mimeógrafo”, como Ana Cristina César, Paulo Leminski e Chacal. Acostumada com uma poesia formal, ficou impressionada com a poesia que não se encaixava nos cânones. “Vai ter uma festa / que eu vou dançar / até o sapato pedir pra parar. / Aí eu paro, tiro o sapato / e danço o resto da vida”, recorda a professora que, ao ler o poema de Chacal, “nunca mais parou de dançar”.

Aos 73 anos, ela afirma que o contato com a juventude de Guaratuba tem sido uma “lição de vida absolutamente necessária”. E destaca: “O que nos encanta – eu e Maria participamos do Escola de Rua e estaremos juntas oferecendo a oficina – são as pessoas: as manas e os manos. Suas histórias, suas lutas, sua arte. É um mundo em que as contradições não são apagadas, mas questionadas, enfrentadas e, obviamente, expressas em poesia, música, dança, graffiti.”

Hip hop e educação: o que a rua ensina

Como professora e pedagoga, Klein ressalta que todos os conteúdos escolares são relevantes, mas o conhecimento sistematizado sempre está um passo atrás da realidade. Já o hip hop permite um diálogo imediato entre conhecimento e experiência. Desse diálogo surgem novos conteúdos, novas reflexões, novos anseios e lutas, que a escola tradicional – dado seu modelo formalizado e disciplinar – não alcança.

“A escola formal se beneficiaria muito aproximando-se da escola de rua. Principalmente, poderia romper com o preconceito que existe contra a população marginalizada e incluir, sem medo, o exercício de olhar a realidade profunda da periferia”, afirma Klein.

Segundo ela, a educação oficial ainda desconhece profundamente quem são seus alunos além dos muros da escola. “Esse desconhecimento é um nó cego a ser desatado com urgência. E só dando voz aos manos e manas é que podemos nos aproximar dessa realidade.”

O Escola de Rua Paraná é um projeto aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Paraná, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, Ministério da Cultura – Governo Federal.

Serviço

Escola de Rua – Oficinas de poesia gratuitas
Local: Kasulo Espaço Criativo – Rua Nicolau Abagge, 563 – Centro, Guaratuba
Data: 27 e 28/09, das 14h às 17h
Ministrantes: Lígia Regina Klein e Maria A. Cavazotti
Slam Ressoa: 28/09, às 17h