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Claudio Neves/Porto de Paranaguá

As duas primeiras mulheres a atuarem como estivadoras no cais do Porto de Paranaguá começaram a trabalhar neste mês. Atualmente, 986 estivadores trabalham nos Portos de Paranaguá e Antonina. Agora, as irmãs gaúchas Eduarda e Fernanda Garcia da Costa fazem parte desse grupo. A primeira escala de trabalho foi cumprida no último sábado (10).

A Portos do Paraná tem se empenhado para ampliar a presença feminina em todas as suas atividades, inclusive por meio de adequações na infraestrutura. O cais, por exemplo, foi adaptado com banheiros femininos em 2022. “É um momento histórico. São mulheres que tendem a agregar ainda mais à nossa capacidade de mão de obra aqui em Paranaguá”, afirmou o diretor de Operações da Portos do Paraná, Gabriel Vieira.

Ao todo, 37 mulheres foram aprovadas no processo seletivo para trabalhadores portuários avulsos (TPAs), realizado pelo Ogmo (Órgão Gestor de Mão de Obra) de Paranaguá. A seleção teve 7.415 inscritos, sendo 815 mulheres (10,9%). Entre as aprovadas, estão 14 estivadoras, duas arrumadoras, 15 conferentes e seis vigias. Algumas ainda aguardam convocação para assumirem os postos.

O ingresso foi possível após a adoção de um processo seletivo pelo OGMO (Órgão de Gestão de Mão de Obra), encerrando um ciclo de 34 anos sem renovação por seleção e 122 anos de uma categoria formada apenas por homens. O processo seletivo teve como critério de desempate o fator gênero, dando prioridade às mulheres como forma de incentivar a ocupação de funções tradicionalmente masculinas. O Ogmo também desenvolve o programa Companheiros de Jornada, que estimula trabalhadores experientes a acolherem e apoiarem os novos profissionais.

“Temos mulheres portuárias que genuinamente acreditam no crescimento e no desenvolvimento do Porto pela diversidade. Este momento, idealizado lá atrás, está se concretizando hoje, o que nos traz uma alegria imensa”, disse a diretora executiva do Ogmo, Shana Bertol.

As novas estivadoras são Eduarda Garcia da Costa, Fernanda Garcia da Costa e Juliana Alves Araújo Ferreira. Elas foram apresentadas oficialmente na noite de segunda-feira (12), em um encontro com o prefeito Adriano Ramos, a vice-prefeita Fabiana Parro e representantes de sindicatos ligados ao trabalho portuário.

A história das novas estivadoras

A primeira a ingressar no trabalho foi Eduarda, de 27 anos, estudante de Letras – Português/Inglês, que trabalhava como garçonete no Rio Grande do Sul. “Quando vi que duas mulheres haviam passado no processo seletivo da Estiva, há dez anos, na minha cidade, fiquei com isso na cabeça. Prometi que um dia faria a prova e passaria também. Quando abriu aqui em Paranaguá, não pensei duas vezes e vim”, contou Eduarda.

Já Fernanda, de 33 anos, advogada, veio a Paranaguá apenas para acompanhar o marido na prova – mas foi ela quem passou. Ambas têm familiaridade com o setor portuário por influência do pai, arrumador no Rio Grande do Sul. “Assim como nos inspiramos nas nossas conterrâneas de Rio Grande, esperamos incentivar as mulheres parnanguaras a participarem das próximas seleções”, ressaltou Fernanda.

Uma mudança histórica, diz Prefeito de Paranaguá

Segundo o prefeito, que já foi estivador, a entrada das mulheres marca uma mudança na história do setor em Paranaguá. A vice-prefeita destacou o simbolismo da conquista e o potencial de abrir espaço para outras mulheres.

“Fomos bem recebidas, os colegas nos ajudaram bastante. Viemos de Rio Grande (RS), também uma cidade portuária. Hoje, com mais maturidade, estamos prontas para o desafio. É gratificante viver isso em Paranaguá e esperamos que mais mulheres venham também”, contou nova estivadora Fernanda Garcia da Costa.

O presidente do sindicato lembrou que a inclusão de critério de desempate para mulheres no processo seletivo foi decisiva. A mudança no modelo de ingresso também foi apontada como uma virada na trajetória da entidade, que deixa o modelo de indicação e adota a seleção por mérito.