
Moradores e comerciantes no Centro Histórico de Paranaguá, no Litoral do Paraná, relatam que tem convivido com uma situação problemática social na região: o crescente número de moradores em situação de rua. Com o expressivo número de denúncias realizadas pela população, na manhã desta sexta-feira, 21, as Secretarias Municipais de Segurança, Família, Cidadania e Desenvolvimento e Social, Serviços Urbanos, Saúde e Meio Ambiente iniciaram ações na região central.
“Iniciamos as ações com a Guarda Civil Municipal, Ronda Ostensiva Municipal (Romu) e várias secretarias na região do Centro Histórico, Terminal Rodoviário, Rua Mestre Leopoldino, Mercado Nilton Abel de Lima, entre outros pontos na localidade. A ideia é envolver todas as secretarias responsáveis, porque não depende apenas da segurança pública. A Assistência Social e outras pastas têm um papel fundamental para resolvermos a situação social problemática”, observa a secretário municipal de Segurança, Francisco Nóbrega dos Santos.



As equipes conversaram com comerciantes e moradores na região e com as pessoas em situação de rua. Muitas delas são de outras cidades e estados. “Estivemos no período da madrugada também com uma ação de abordagem na Rua Mestre Leopoldino, local que é o principal ponto de reclamação dos moradores e comerciantes. Essas operações ocorrem em especial quando a própria população solicita. Anteriormente a maior concentração ocorria na Rua Conselheiro Sinimbu, também no Centro Histórico onde havia uma pensão que recebia essas pessoas. Com o fechamento do local, elas migraram para a Mestre Leopoldino. Isso só reforça que não bastam abordagens. É preciso esse trabalho em conjunto para verificar cada morador em situação de rua, saber de onde são, se tem documentação, se querem auxílio para internação, se querem voltar para casa, entre outras questões”, ressalta Nóbrega. O secretário lembra que a população pode e deve acionar a Guarda Civil Municipal sempre que necessário. O número é 3721-1846 independente do horário.
ASSISTÊNCIA
A Secretária Municipal da Família, Cidadania e Desenvolvimento Social, Carolina Lourenço reforça que a ação foi planejada de forma integrada para atendimento a população em situação de rua. “Essa ação não será pontual. Continuaremos realizando permanentemente esse trabalho. Vamos atender essas pessoas, entender os motivos para estarem em situação de rua, viabilizar o contato com familiares, tentar priorizar o atendimento no Caps (Centro de Atenção Psicossocial), buscar internação para aqueles que querem essa ajuda”, detalha. A secretária informa que foram muitas ligações e mensagens sobre a situação e que no final do mês de março haverá uma campanha de conscientização com a população. Em seguida, serão divulgados quantitativos e qualitativos sobre os trabalhos realizados.
As equipes também estiveram em um espaço em construção atrás do Mercado Nilton Abel de Lima, ao lado da ponte para a Ilha dos Valadares. O local se tornou abrigo para muitos moradores em situação de rua e estava repleto de colchões, roupas, utensílios, entre outros pertences, além de muito lixo acumulado. As equipes conversaram com as pessoas que estavam abrigadas na construção para conhecer mais sobre a realidade de cada uma, individualmente.




SITUAÇÃO PREOCUPA
Muitos moradores e comerciantes se preocupam com o crescimento no número de moradores em situação de rua na região e alguns têm medo de circular pelo local ou mesmo permanecer em frente às suas casas. Um morador há 50 anos na Rua Mestre Leopoldino, ressalta a problemática. “Está 95% ruim, não estamos conseguindo dormir. É movimentação de dia e a noite. É uma rua pequena e estreita e são mais de 20 ou 30 moradores em situação de rua ao mesmo tempo no local. Além desta rua, o entorno também fica lotado deles. Muitos usam drogas, brigam e são truculentos. É uma situação muito difícil”, lamenta.
Moradora na Costeira, uma jovem que também preferiu não se identificar, foi surpreendida por um grupo grande formado na mesma rua. “Faço corrida pela manhã e não sabia da situação naquele trecho. Quando vi já estava no meio deles. Fiquei com bastante medo, desviei o mais rápido possível. Não passarei mais por aquela rua”, ressalta a residente dizendo que o temor se deu porque muitos estavam exaltados, alcoolizados e apresentavam estar sob efeito de entorpecentes.
Elísio Mendes estava com o filho no carro quando ao estacionar próximo ao Terminal Rodoviário, foi abordado por uma mulher em situação de rua. “Ela estava claramente sob efeito de entorpecentes, veio me pedir dois reais alegando que seria para comprar uma passagem de ônibus, como disse que não tinha, ela enfiou a mão para dentro do carro tentando alcançar algumas moedas. Ela passou o braço por cima do meu filho. Situações como essa estão frequentes e precisam ser tomadas medidas para ao menos minimizar o problema”, avalia. Os moradores em situação de rua contam em Paranaguá com o Centro POP que fornece alimentação completa, atendimentos, um espaço para cuidados de higiene pessoal e equipes para verificar suas necessidades e oferecer auxílio.