
Mais de 100 mil domicílios no Paraná saíram do ‘mapa da fome’ em 2024. É o que revelam dados de uma pesquisa divulgada na última sexta-feira (10 de outubro) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme o levantamento, o número de lares paranaenses com algum grau de insegurança alimentar caiu para 668 mil em 2024, o que representa 107 mil domicílios a menos do que em 2023. Proporcionalmente, o número de domicílios recuou de 17,9% para 15,3%.
Entre todas as unidades da federação, o Paraná apresenta o quarto menor porcentual de domicílios com insegurança alimentar. Apenas Santa Catarina (9,4%), Espírito Santo (13,5%) e Rio Grande do Sul (14,8%) tiveram desempenho mais positivo. Além disso, o resultado paranaense (15,3%) é bem melhor que a média nacional (24,2%). Ou seja, no Brasil quase um em cada quatro domicílios ainda está em insegurança alimentar. No Paraná, essa proporção é de três em cada 20 domicílios.
Os dados do IBGE constam no módulo Segurança Alimentar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada por meio de uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
O estudo classifica a insegurança alimentar em três níveis: insegurança alimentar leve, que é a preocupação ou incerteza quanto ao acesso a alimentos e redução da qualidade para não afetar a quantidade; insegurança alimentar moderada, que é a falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos entre adultos; e insegurança alimentar grave, quando há falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos também entre menores de 18 anos. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.
No caso paranaense, todos os três níveis de insegurança alimentar caíram de 2023 para 2024: leve, de 13,1% para 11,0%; moderada, de 2,6% para 2,3%; e grave, de 2,2% para 1,9%. Em relação ao nível grave, esse percentual representa que 83 mil famílias passaram por privação quantitativa de alimentos, que atingiram tanto adultos quanto crianças e adolescentes.
Taxa de insegurança alimentar no Norte é quatro vezes maior que no Sul
Entre as grandes regiões do Brasil, Norte (37,7%) e Nordeste (34,8%) apresentaram as maiores proporções de insegurança alimentar nos três níveis (leve, moderada e grave), sendo que o grau mais grave foi registrado em 6,3% e 4,8% dos domicílios, respectivamente. Entre as demais grandes regiões, a insegurança alimentar chegou a 20,5% dos domicílios do Centro-Oeste, 19,6% do Sudeste, e 13,5% do Sul.
A taxa de insegurança alimentar grave do Norte foi quase quatro vezes maior quando comparada com o Sul (1,7%). Essa, inclusive, foi a grande região com a menor proporção de domicílios em insegurança alimentar.
A quantidade de domicílios em insegurança alimentar era maior no Nordeste (7,2 milhões). Em seguida vem Sudeste (6,6 milhões), Norte (2,2 milhões), Sul (1,6 milhão) e Centro-Oeste (1,3 milhão). “Em termos absolutos, a região Sudeste, por concentrar a maior parte da população, tem um número elevado de domicílios em situação de insegurança alimentar. Uma coisa é olhar por termos proporcionais, com piores situações no Norte e Nordeste. Mas quando vemos em termos de quantidade, são Nordeste e Sudeste”, explica a analista da pesquisa, Maria Lucia Vieira.