Manifestantes entraram na noite desta quarta (25) no supermercado Muffato do bairro Portão, em Curitiba. Eles protestaram contra a morte do jovem Rodrigo da Silva Boschen, de 22 anos. Ele foi morto após, supostamente, ser flagrado furtando chicletes e chocolate no supermercado na noite da última quinta (19).
Segundo a investigação, ainda em andamento, da Polícia Civil do Paraná, Boschen foi seguido e espancado até a morte por quatro homens. Dois dos suspeitos são funcionários do supermercado e um terceirizado da área de segurança. O quarto investigado é motoboy. O corpo de Boschen foi encontrado abandonado em uma rua deserta perto do Muffato. O caso é tratado pela polícia como homicídio doloso.
Câmeras de segurança registraram o momento em que Rodrigo foi perseguido por funcionários do supermercado. As imagens fazem parte do inquérito policial. O segurança terceirizado e o motoboy continuam presos. Um dos seguranças do Muffato chegou a ser preso, mas foi liberado em audiência de custódia. O outro segurança está foragido.
O que diz o Supermercado Muffato
A defesa do Supermercado Muffato se posicionou, neste domingo (22) sobre a morte. Os advogados Elias Mattar Assad, Caroline Mattar Assad e Flávio W. Lins assinaram a nota. Segundo o texto, a empresa orienta o uso de máxima cautela aos seus seguranças. Diz que se trata de um fato isolado e ocorrido longe do estabelecimento. Negou que tenha havido agressão à vítima. Além disso, ressalta que o supermercado está colaborando com a investigação. Leia a nota na íntegra aqui
A reportagem do Bem Paraná entrou em contato com a assessoria de imprensa do Muffato para falar sobre o protesto desta quarta, mas não obteve resposta.
Vítima trabalhava em multinacional e morava com a mãe
Rodrigo da Silva Boschen, de 22 anos, trabalhava em uma multinacional em Curitiba. Morava com a mãe e quatro irmãos perto do supermercado. Ele frequentava o supermercado em Curitiba por causa da proximidade.
“Neste momento de profunda dor, a família de Rodrigo está buscando compreender as circunstâncias do brutal crime que ceifou sua vida. Confiamos que as autoridades competentes irão apurar os fatos com rigor e celeridade, identificando os responsáveis e garantindo que sejam devidamente responsabilizados. Reiteramos nossa esperança na Justiça”, afirmou o advogado Leonardo Mestre Negri, que representa a família da vítima.
O que diz o boletim de ocorrência sobre o caso Rodrigo
Conforme o Boletim de Ocorrência, os policiais foram acionados posteriormente para prestar atendimento a um indivíduo caído. Ao chegarem, se depararam com a vítima de bruços já sem vida.
Testemunhas foram ouvidas pela equipe policial. Uma delas, que estaria de moto, relatou ter visto os três homens – 1 funcionário e dois seguranças do supermercado – deixando o corpo na rua. Ele relatou ainda ter ouvido conversar entre eles.
Um deles, segundo essa testemunha, teria questionado os demais sobre o estado do homem. ‘Será que está morto?, teria dito. Um deles respondeu: ‘Está só desmaiado”. Após deixarem o corpo, teriam seguido sentido Avenida Wenscelau Braz.
Neste momento, conforme a testemunha, ele teriam acionado o 192. Ele fez um vídeo do local ao perceber que o atendimento a ocorrência iria demorar. Em seguida, de posse das imagens, se dirigiu até o 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros, localizado no Portão. Após verem o vídeo, os bombeiros foram então verificar a ocorrência, segundo descrito no BO. Essa testemunha retornou ao local.
Simultaneamente, uma equipe estava na loja do Muffato do Portão, em atendimento a uma ocorrência repassada como furto. O gerente da loja teria dito que nenhum dos três, que teriam deixado o corpo do homem, já não estavam mais na loja.
Uma das testemunhas ouvidas, teria ainda relatado que o homem estaria fugindo, após furtar o mercado. Os funcionários teriam dado um ‘mata-leão’ e agredido a vítima.