
Comprar uma furadeira ou ferramenta para uso esporádico está virando uma coisa do passado. Hoje, com a tendência de compartilhamento e a experiência de uso deixando de estar necessariamente associada à propriedade de um produto, o mercado de aluguel de máquinas e equipamentos para obras está em alta no Paraná. Segundo a Associação Representante das Empresas Locadoras de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas dos Estados da região Sul (Analoc Sul), desde 2021 o setor já cresceu 10%, um movimento que impulsiona empresas de micro, pequeno e médio portes a alugarem equipamentos que vão desde os portáteis para manutenções e reformas até os mais pesados para construção civil, saneamento e construção rodoviária.
Prova disso é que desde a fundação da Analoc Sul, em 2020, o número de locadoras associadas mais do que dobrou (alta de 146%), passando de 13 empresas para 32 nos estados da região Sul e com expectativa de crescimento. “Há várias empresas buscando informações e interessadas nessa área de atuação”, conta o presidente da entidade no Sul, Evaldir Theurer, apontando ainda o Paraná é o estado com maior representatividade no aluguel de máquinas da Região Sul, seguido pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina em terceiro.
Não à toa, Curitiba será palco nesta semana, dos dias 12 a 14 de julho, da 1ª Analoc Rental Show, evento de locação, com exposição de equipamentos e congresso, onde locadores do país poderão estar frente a frente com os fabricantes, fazer networking com empresas contratantes e se atualizar sobre os principais temas do seu mercado de atuação. Em paralelo à feira acontecem o 9º Congresso Nacional de Valorização do Rental e o 4º Encontro Locadores BR, duas importantes conferências do calendário do segmento, que apresentarão palestras gratuitas. A expectativa com os eventos é de movimentar todo o ecossistema de locação, propiciando a geração de negócios e difusão de tecnologia e novidades do mercado.

Setor cresce e olha com otimismo para o futuro
Em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), está localizada a Aapa Comércio de Peças e Equipamentos da Construção Civil, uma locadora que já soma 33 anos de mercado. “Nossa empresa trabalha com venda de equipamentos, assistência técnica, venda de peças e locação. Fazemos a feijoada completa”, comenta o empresário Florisvaldo José dos Santos, explicando que a procura pelo serviço de locação tem crescido por conta da agilidade oferecida pelas locadoras na hora de atender a demanda dos clientes. “Temos condição de atender mais rápido que a indústria, por causa da burocracia. O locador precisa de rapidez, é o que fez a nossa empresa muito conhecida”, diz ainda ele.
Antes da pandemia, o forte da empresa era atender obras em barragens. Hoje, o foco maior está na área de saneamento básico, com clientes no Paraná, em Santa Catarina e no Centro-Oeste do Brasil. Além de atender as empreiteiras atuando em obras de grande vulto, porém, a locadora também atende todo tipo de pessoa jurídica, pessoas físicas, condomínios e particulares. E nesses casos, o grande atrativo está no preço oferecido.
“Quem aluga faz uma economia muito grande. Por exemplo, você quer fazer uma coisa pequena, precisa de uns furos na tua laje. No mínimo vai ser de comprar um martelete SDS e mais uma broca, gastando aí uns R$ 1,2 mil. Se você loca, vai economizar 90%: paga R$ 90 para ficar um dia com o martelete, adquire a broca, depois devolve o equipamento, fica satisfeito e não tem problema nenhum. A economia é muito grande”, afirma Santos, comentando ainda que as projeções para o segundo semestre são boas. “Semana passada foi muito boa. Conseguimos bons negócios, fizemos um bom número de contratos. O segundo semestre promete, são muitas obras pelo Paraná, tanto públicas como privadas”.
Hoje, inclusive, a Analoc avalia que cerca de 90 a 95% de tipos específicos de equipamentos são adquiridos por empresas de locação, como é o caso de gruas, guindastes e plataformas de trabalho aéreo. No caso das compras de torres de iluminação essa proporção varia entre 70 e 80%, com relação às betoneiras fica entre 65 e 75% e quanto aos geradores de energia, de 55 a 60%. “Mais de 80% do setor é formado por micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais (MEI). Quando o mercado está mais comprador, mais empresas surgem, ou seja, tudo está interligado ao sucesso da economia”, diz o presidente da Analoc Sul.
Das vantagens de se locar em vez de comprar
Operando desde 2017 no mercado, atendendo em municípios da Grande Curitiba, a Construtora Lotiza do Brasil, que atua na área de pavimentação, faz hoje a locação de 80% dos seus maquinários. A família que toca o negócio, inclusive, está na segunda geração no setor de construção, sendo que anteriormente atuava no mercado de obras pesadas para o governo federal, em rodovias, quando o pai ainda comprava máquinas. Hoje, Robson Guzatti, presidente da construtora, comenta que a locação é mais vantajosa – por exemplo, ao invés de comprar um equipamento de 500 mil (que é o preço de mercado), com o mesmo investimento a empresa consegue fazer toda a base para iniciar uma obra de pavimentação, o que envolve a contratação inicial de pessoas, insumos e as locações.
“São duas análises. A primeira delas operacional: não tendo a imobilização dos equipamentos, não há desvalorização nos balanços e conseguimos crescer mais rápido, alcançar um crescimento exponencial, fazendo investimentos em qualificação e capacidade operacional, e não em equipamentos”, cita Robson Guzatti, presidente da Construtora Lotiza do Brasil, comentando que essa situação permite à empresa atender mais contratos e evita que ela fique com capacidade ociosa nos momentos em que o mercado está menos aquecido.
“Sempre investimos muito em equipamento, mas hoje temos uma gestão diferente: nosso foco é a administração de contratos. Temos uma proporção de 80% dos equipamentos locados e assim conseguimos olhar mais para o centro da operação, que é executar e entregar uma obra, e deixar esse outro serviço, de investimento e manutenção de equipamentos, para nossos parceiros comerciais. Faz todo sentido esse tipo de parceria, porque nos concentramos na execução das obras e os parceiros, em entregar esses equipamentos que precisamos em capacidade operacional”, afirma Guzatti.