
A cada dia, mais de 688 mil pessoas que vivem na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) deixam não só suas casas, mas também suas cidades, deslocando-se para trabalhar ou estudar em municípios vizinhos. Esse movimento, conhecido como “migração pendular”, não chega a ser uma migração efetivamente, tratando-se na realidade de um deslocamento temporário. Ainda assim, é algo que impacta mais de 7,4 milhões de brasileiros, que por situações diversas não dormem na mesma cidade em que trabalham ou estudam.
Os dados, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que Curitiba seria o núcleo da nona maior concentração urbana do Brasil, com 688.306 pessoas circulando todos os dias pela capital paranaense e outras 17 cidades próximas para estudo e/ou trabalho — que, juntas, somavam 3,05 milhões de moradores na época do estudo, divulgado pela primeira vez em 2016 e que deve ser atualizado nos próximos anos, com informações do último Censo Demográfico, realizado em 2022. Ou seja, a migração pendular daria 22% do total.
Esse “vai e vem” diário e frenético, inclusive, ajuda a explicar termos como “cidade-dormitório” (designação usada para se referir a aglomerados urbanos surgidos nos arredores de uma grande cidade tipicamente para servir de moradia a trabalhadores da cidade-núcleo da região). É que em municípios como Pinhais e Quatro Barras, quase metade da população trabalhava ou estudava em outra cidade próxima (45,08% e 49,53% da população, respectivamente).
Além da concentração urbana de Curitiba, outros 19 arranjos populacionais com nível relevante de integração entre dois ou mais municípios foram identificados, com um total de 892.958 paranaenses dormindo e trabalhando/estudando em cidades diferentes – em algumas situações, inclusive, morando numa cidade do Paraná e trabalhando num município de outro estado ou até mesmo de outro país, no caso de regiões fronteiriças.
Os maiores arranjos (após o da capital) são os de Maringá e Londrina, ambos na região norte do estado. No primeiro, são 10 cidades em interação, com a movimentação diária de 94.040 trabalhadores e estudantes. No segundo, que engloba quatro cidades, a interação intermunicípios faz com que 65.328 pessoas se desloquem diariamente.
Há, ainda, casos em que a “migração pendular” atinge municípios de dois estados diferentes, como ocorre entre União da Vitória (PR) e Porto União (SC); Mafra (SC) e Rio Negro (PR); e Adrianópolis (PR) e Ribeira (SP). E, finalmente, as interações entre municípios de países diferentes, como ocorre com Foz do Iguaçu, Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazu (Argentina) ou com Dionísio Cerqueira (SC), Barracão (PR) e Bernardo de Irigoyen (Argentina).

Na Capital, quase metade da população se locomove com veículo individual
Conforme o Estudo Mobilize 2022, realizado pela Mobilize Brasil, em Curitiba quase metade dos deslocamentos (48,5% do total) são feitos com utilização de um modal de transporte individual motorizado (como carros ou motos). O transporte público coletivo é a segunda opção mais recorrente, respondendo por 25,2% dos deslocamentos, seguido ainda pelos deslocamentos a pé (23,3%), de bicicleta (2,1%)* ou com outros modais (0,9%).
Além disso, no final do ano passado uma pesquisa encomendada pelo QuintoAndar e pelo Imovelweb revelou que os curitibanos gastam, em média, 38 minutos no deslocamento entre a casa e o trabalho, independentemente do meio de transporte utilizado. Foi o melhor resultado entre outras capitais pesquisadas, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte.