
O primeiro semestre de 2025 foi marcado por um cenário de contrastes em Curitiba: de um lado, novos empreendimentos surgindo em diferentes bairros; de outro, o fechamento de estabelecimentos tradicionais que marcaram gerações.
Segundo dados da Secretaria de Planejamento, Finanças e Orçamento de Curitiba, o número de empresas abertas no primeiro semestre de 2025 cresceu 36% em relação ao mesmo período de 2024.
Foram 36.972 novos registros empresariais entre janeiro e junho, contra 27.131 no ano anterior. Esse salto consolida a Capital como um dos polos mais atrativos para o empreendedorismo no Sul do Brasil, especialmente nos setores de alimentação, serviços e varejo.
Festval lidera a abertura de novas lojas em Curitiba
Entre as redes que mais investiram na capital está o Festval, que intensificou sua presença em Curitiba com uma série de inaugurações estratégicas.
No dia 9 de outubro, a marca abriu as portas de uma nova unidade na Praça Osório, no Centro, um ponto histórico e de grande movimento diário. No próximo dia 23 de outubro será a vez da inauguração da unidade Juvevê. Já em julho, o Festval Pallazzo, na Avenida Batel, trouxe um conceito sofisticado e moderno, ao lado do Palacete das Rosas.
No mesmo mês, outra loja foi inaugurada na Praça Ouvidor Pardinho, no Rebouças. Em setembro, a rede abriu mais uma unidade no Bacacheri, ampliando a cobertura para atender consumidores da região norte da cidade.
Muffato e Condor também apostam em novas localizações
O Super Muffato também apostou na ampliação de lojas em 2025. Uma nova unidade foi inaugurada próxima ao Shopping Jardim das Américas, em setembro.
Outra novidade que chamou a atenção foi a criação de supermercados 24 horas. O Muffato da Rua XV de Novembro, na esquina com a Mariano Torres, passou a operar em tempo integral. O Carrefour do Cabral, que já existia, também adotou o funcionamento em todos os turnos, atendendo públicos noturnos e trabalhadores de diferentes horários.
O Condor, por sua vez, ampliou sua atuação com uma nova loja inaugurada no Barreirinha em julho e terá novas aberturas nos bairros Tarumã, Campo do Santana e Mercês.
O outro lado da moeda: fechamentos de estabelecimentos queridos
Mas nem tudo foi crescimento. Enquanto as grandes redes avançam, restaurantes tradicionais, bares e docerias conhecidas encerraram as atividades neste ano. Mudanças no comportamento do consumidor, o aumento dos custos operacionais e a adaptação às novas dinâmicas de mercado acabaram tornando inviável a continuidade de alguns estabelecimentos queridos.
Por que tantos restaurantes estão fechando?
Ao ver nas redes sociais o anúncio do fechamento de um restaurante famoso, muita gente pensa: “faliu”. Mas nem sempre é esse o motivo. Segundo o advogado Frederico Glitz, especialista em Direito Empresarial, as razões para encerrar um negócio são diversas e, muitas vezes, estratégicas.
“Algumas vezes são também questões sucessórias, quando, por exemplo, o titular da atividade acaba não conseguindo transmitir para uma segunda geração. Então, simplesmente, fechar um restaurante não significa propriamente uma falência, pode ser inclusive um novo projeto que se anuncia”, explica o advogado.
Além disso, podem ser questões que envolvem readequação, por exemplo, do público ou da atividade. Em alguns casos, uma concorrência que eventualmente se impôs e que forçou o encerramento daquele negócio.
O perigo de fechar de forma ilegal
Apesar de parecer simples, encerrar um negócio exige tantos cuidados quanto abrir um. E muita gente acaba cometendo um erro comum: simplesmente fecha as portas e segue a vida, sem formalizar o encerramento.
Esse “fechamento informal” pode gerar sérias dores de cabeça. Débitos com impostos, encargos trabalhistas e previdenciários continuam existindo, mesmo que o restaurante esteja com as portas trancadas.
“Então, a gente fala, por exemplo, de uma desconsideração da personalidade jurídica para eventualmente cobrar as dívidas trabalhistas, fiscais, previdenciárias, diretamente de quem compunham aquela sociedade e, eventualmente, até situações em que vão se apurar. Por exemplo, no caso previdenciário, a retenção indevida de valores que podem constituir também um crime”, alerta Glitz.
Isso também vale para sócios minoritários ou familiares que nem estavam diretamente ligados ao dia a dia da empresa, mas constavam no contrato social. Ou seja, a desorganização no fim do negócio pode atingir pessoas que só estavam no papel.
Por isso, é fundamental dar baixa formal no CNPJ, pagar os tributos, acertar pendências com funcionários e sair da sociedade com tudo regularizado. Isso evita complicações no CPF e na vida pessoal dos envolvidos.
Lembre dos principais endereços que encerraram as atividades em 2025
Camponesa do Minho

O caso mais recente é o do Camponesa do Minho, que encerrou as atividades no dia 30 de junho de 2025. Com 46 anos de história, era um dos restaurantes mais tradicionais de comida portuguesa da cidade, conhecido especialmente pelos pratos com bacalhau. A decisão de fechar foi tomada por Joseli Galvão, chef e proprietária, que aos 76 anos decidiu se aposentar. O imóvel onde o restaurante funcionou por tantos anos está agora à venda.
Tissi
O supermercado Tissi do Pilarzinho anunciou o fechamento nesta segunda (28). A loja funcionava na Rua Raposo Tavares, 250 há 21 anos.
Em mensagem à comunidade, o Tissi agradeceu os anos no bairro: “Após anos fazendo parte da rotina da comunidade, a unidade deixa uma mensagem de gratidão a todos os clientes”. É a segunda loja da rede que fecha na mesma região. A outra, que era localizada na Rua Domingos Moro, número 153, no bairro Tanguá, abriu em 2019 e fechou em 2023. A rede também fechou uma loja em Campo Largo, na Região Metropolitana.
Irmãos Abage

A tradicional loja de Curitiba Irmãos Abage anunciou, em março de 2025, o fechamento após 100 anos de trajetória. As lojas do Bigorrilho e do Boqueirão encerraram. Também deixaram de funcionar a loja online. A empresa era especializada em materiais elétricos, iluminação, LED, decoração, cabos e fios.
Bar Kapelle

Em agosto, após 51 anos de tradição boêmia, o Bar Kapele fechou suas portas. Localizado na rua Saldanha Marinho, nº 670, o lugar era conhecido por embalar as noites de sexta e sábado com boa música e muita cerveja. Desde 2008 até a última noite de vida do bar, por exemplo, Mauro Marinelli era o responsável pela cantoria, sempre com muita música popular brasileira (MPB).
Confeitaria Lancaster

Com uma despedida silenciosa, sem qualquer aviso oficial aos clientes, a Confeitaria Lancaster – localizada na Praça Zacarias, no Centro da cidade, e com mais de 50 anos de história – fechou as portas na virada do ano.
Mercadoteca Mossunguê

Após quase uma década de atividades, o complexo gastronômico de Curitiba Mercadoteca Mossunguê encerrou sua operação no dia 31 de agosto. Considerado um marco na cena gastronômica curitibana por ter sido o primeiro mercado compartilhado da cidade, o espaço dará lugar a um novo projeto, que já nasce cercado de expectativa. A novidade tem previsão de inauguração para o início de 2026 e será comandada por Raphael Zanette, do Grupo Vino!, em parceria com outros dois empresários com forte atuação no setor.