Cidades Alcool Pedruco
Pedidos de ajuda saltaram de seis a oito por dia para 12 a 15 na área onde fica a Capital, informam os A.A. (Foto: Luís Pedruco)

Os Alcoólicos Anônimos (A.A.) celebraram, no dia 5 de setembro, 57 anos de atividades no Paraná e 78 no Brasil. E a comemoração veio com um salto de visibilidade. Tudo porque Heleninha, personagem vivida por Paolla Oliveira na novela Vale Tudo, da Globo, assumiu seu alcoolismo e buscou ajuda para o vício justamente… na Alcoólicos Anônimos!

De acordo com o coordenador da Área 37 PRC dos A.A., que abrange a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e outras 45 cidades, a repercussão da personagem alcoólica está sendo bem grande e positiva. A área conta com 65 grupos de A.A.. Alguns contam com reuniões semanais, outros com dois ou três encontros por semana e há ainda grupos com reuniões diárias.

“Nesse período da novela, todas as Linhas de Ajuda passaram a receber mais chamadas, seja por simples curiosidade ou para, efetivamente, solicitar ajuda. O celular central, que atendia em média 6 a 8 chamadas por dia, passou a atender entre 12 e 15 pedidos de ajuda”, informa. Ele também destaca que nem sempre quem solicitou ajuda compareceu em uma sala de A.A. ou levou algum familiar.

Ainda segundo o coordenador dos A.A., quem precisa de apoio pode entrar em contato pelas linhas de ajuda, através dos telefones (41) 3222-2422 ou (41) 99206-8162 ou então pelos sites www.aa.org.br e www.aapr.org.br. Além disso, é possível encontrar todos os 65 grupos com os endereços, os horários de reuniões e os telefones de contato, procurando nos sites de busca por “Grupos de A.A. em Curitiba e região”. Para quem participa, não há qualquer cobrança de taxa ou mensalidade. Basta o desejo de parar de beber para ser membro de A.A.

Maioria pede ajuda quando chega no fundo poço

Ainda de acordo com o coordenador dos Alcoólicos Anônimos, a maioria das pessoas vão buscar a ajuda do grupo quando já não se aguentam mais e chegaram no chamado “Fundo do Poço”. “Nesta situação, ela ou seus parentes buscam ajudas. Outras situações são quando ela não quer, mas os parentes já não conseguem lidar com a situação, ou quando os empregadores tomam medidas mais drásticas com seus empregados, como advertências, suspensão ou ameaça de demissão por justa causa”, comenta ele.

Tanto homens como mulheres participam do grupo, mas a maioria procura dos familiares envolve homens jovens entre 18 e 40 anos. Já nas reuniões que acontecem online, as mulheres estão mais presentes. Nos A.A., essas pessoas vão seguir um programa baseado nos Doze Passos, nas Doze Tradições, nos Doze Conceitos e na vontade individual de cada um que se reconhece como alcoólico.

“Quem frequentar uma sala de AA vai se deparar com homens e mulheres que passaram pela dor do alcoolismo, que não conseguiram sair sozinhos. Na Sala, ele ou ela é acolhido sem julgamentos. É oferecido a oportunidade de ele ou ela ouvir os depoimentos ou partilhas dos presentes. E se ele ou ela se sentir à vontade, também poderá se manifestar. Em uma sala não se fala de religião ou partido político ou qualquer outro tema que não seja a busca pela sobriedade e como fazer para se manter sóbrio por 24 horas. Não há julgamentos. Há acolhimento”, explica ainda o coordenador.

Paraná é o líder no ranking de mortes relacionadas ao consumo de álcool

O Paraná é o estado brasileiro com a maior taxa de mortes atribuíveis ao consumo de bebidas alcoólicas. É isso o que revela a sexta edição da publicação Álcool e a Saúde dos Brasileiros, divulgada pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa). Além disso, o estudo também coloca o Paraná como o segundo estado com maior taxa de internações atribuíveis ao álcool em todo o país.

De acordo com a pesquisa, que cruza informações do Datasus (sistema do Ministério da Saúde) com dados populacionais do IBGE, em 2022 o Paraná registrou uma taxa de 42 óbitos atribuíveis ao álcool por 100 mil habitantes. Com isso, superou o Espírito Santo (com uma taxa de 39,4), que até 2021 ocupava a primeira colocação do ranking. Para se ter ainda uma dimensão do tamanho do problema, no Brasil a taxa de óbitos relacionadas às bebidas alcoólicas é de 32,8.

Os dados da publicados pelo CISA também revelam que o Paraná é o segundo estado com a maior taxa de internações totalmente atribuíveis ao álcool. Em 2023, essa taxa foi de 65,3 no estado, bem acima da média nacional, de 27,0. Apenas o Rio Grande do Sul (com 69,9) registrou um número maior que o paranaense. Já Santa Catarina (na terceira posição) teve uma taxa de 37,1. Ou seja, os três estados da região Sul do país registram as maiores taxas de internações atribuíveis ao álcool de todo o país.