Número de alunos com Transtorno do Espectro Autista cresce 53% no Paraná

Dados do Censo da Educação Básica mostram que quase 29 mil alunos com TEA estavam matriculados em turmas regulares no ano passado

Rodolfo Luis Kowalski
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Nova realidade impõem desafios novos: escolas começam a procurar caminhos de inclusão (asier_relampagoestudio no Freepik)

O Paraná registrou um crescimento expressivo no número de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) matriculados em salas de aula regulares no Brasil. Segundo dados do Censo de Educação Básica, entre 2022 e 2023 houve um aumento de 53,3% nas matrículas, o que elevou o total de alunos com TEA de 18.895 para 28.927.

Em todo o Brasil, inclusive, houve um movimento parecido ao registrado no caso paranaense, com o contingente de alunos com TEA crescendo 50% e passando de 405.056 para 607.144 entre um e outro ano. Entre todas as unidades da federação, apenas São Paulo (106.234) Minas Gerais (54.256), Rio de Janeiro (45.869), Ceará (44.212), Santa Catarina (34.085), Rio Grande do Sul (32.611) e Pernambuco (29.855) possuem mais alunos com TEA matriculados em classes comuns.

Essa nova realidade, no entanto, também impõe novos desafios às escolas públicas e privadas. Crianças autistas têm alterações na forma de se comunicar, interagir e perceber o mundo ao seu redor. Dado o tempo que a criança passa na escola, e a necessidade de comunicação efetiva durante esse período, é fácil perceber a necessidade de uma abordagem educacional adaptada para garantir o sucesso acadêmico e o bem-estar emocional desses alunos.

Paulo Battaglin, diretor da Escola Internacional de Desenvolvimento (EID), líder no nicho de cursos de saúde integrativa, destaca que um dos principais desafios enfrentados pelos professores é o reconhecimento do TEA. Segundo ele, muitas vezes o diagnóstico é tardio ou até mesmo inexistente, dificultando a implementação de estratégias adequadas de apoio.

O especialista ainda ressalta a importância da integração de pessoas com e sem deficiência no ambiente escolar, evidenciando os benefícios sociais e cognitivos dessa prática. “Sob a ótica social, a convivência inclusiva promove a compreensão das diferenças e a valorização da diversidade, contribuindo para a construção da cidadania”.

No aspecto cognitivo, uma abordagem inclusiva no processo de ensino-aprendizagem é essencial, afirma o diretor. Ele destaca que a escola deve ser um espaço onde todos os estudantes tenham acesso ao conhecimento e possam desenvolver suas habilidades plenamente, independentemente de suas características individuais. Isso implica em adaptar os métodos de ensino e apresentar os conteúdos de forma compreensível e acessível para todos.

Além disso, Battaglin explica que os professores precisam adquirir habilidades para utilizar recursos visuais, estratégias de ensino e gerenciamento de sala de aula que promovam a participação e o engajamento de todos os alunos.

A diferença que um professor bem treinado pode fazer é tangível e a Escola Internacional de Desenvolvimento (EID) anunciou recentemente o lançamento de um curso voltado para professores interessados em aprimorar suas habilidades na educação de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que pode ser conferido através do link https://www.escolaeid.com.br/course/tea-para-professores.

Paraná é o estado com mais alunos com altas habilidades ou superdotação

Além dos alunos com TEA, também os estudantes com altas habilidades/superdotação são um contingente crescente nas salas de aulas regulares do Paraná. Em 2023, 8.769 desses alunos estavam matriculadas na rede particular e pública de ensino no estado, um crescimento de 77% em relação ao ano anterior. Já nacionalmente, onde há 37.638 alunos superdotados, esse crescimento foi de 41,6% no mesmo período.

Entre todas as unidades da federação, inclusive, o Paraná é quem apresenta o maior número de alunos com altas habilidades em classes comuns, bem a frente do segundo colocado, Minas Gerais (com 5.275 matrículas). Na sequência aparecem ainda São Paulo (3.376), Rio de Janeiro (2.542), Distrito Federal (2.365) e Santa Catarina (2.244).

Um fator que ajuda a explicar esse cenário é o fato de o Paraná, em sua rede estadual, contar com uma ampla rede de acolhimento. Isso porque a Secretaria da Educação oferta aos estudantes superdotados Salas de Recursos Multifuncionais para Altas Habilidades/Superdotação (SRMAH/SD); Escolas de Referência; Atendimento Educacional Especializado para Altas Habilidades/Superdotação (AEE-I para AH/SD); Turmas Paraná +; e aceleração de estudos para conclusão em menor tempo da série ou etapa escolar e enriquecimento curricular, que deve ser promovido na sala de aula comum pelos professores das disciplinas, conforme a Matriz Curricular de cada ano/etapa escolar.

Além disso, em 2022 o processo de identificação dos estudantes com superdotação passou por uma mudança, com cursos intensivos de formação de professores de toda a rede com foco na atuação em escolas de referência. Além dos professores, também participaram especialistas das salas de recursos multifuncionais para AH/SD, especialistas das escolas em tempo integral e técnicos em educação especial dos Núcleos Regionais de Educação (NREs).