Paraná Demografia Médica

Número de médicos no Paraná cresce 156% desde o começo dos anos 2000

Há 22 anos, estado somava 12.356 profissionais formados em medicina na ativa. Hoje, já são 31.723, segundo dados do Conselho Federal de Medicina

Rodolfo Luis Kowalski

Número de violênioa contra médicos cresce 68% em dez anos. no Brasil. (Valquir Aureliano)

O Paraná contabiliza, atualmente, 31.723 médicos ativos, uma proporção de 2,74 profissionais por mil habitantes. O número mais que dobrou desde o começo dos anos 2000, refletindo, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o crescimento acelerado do número de escolas médicas e de vagas nas últimas décadas, que levou a um aumento sem precedentes no número de profissionais no estado.

De acordo com a pesquisa “Demografia Médica”, em 2000 havia 12.356 médicos no Paraná. Em 2022, já eram 31.723 profissionais, o que significa que em 22 anos, então, houve crescimento de 156% no número de médicos no estado, que já possui uma proporção de médicos maior do que países como Estados Unidos (2,6), Japão (2,5), Coreia do Sul (2,5), Chile (2,2) e China (2).

Entre as unidades da federação (estados e o Distrito Federal), o Paraná possui o quinto maior contingente de médicos, atrás apenas de São Paulo (151.977), Rio de Janeiro (63.767), Minas Gerais (60.476) e Rio Grande do Sul (33.630). Quando considerada a densidade de médicos por mil habitantes, o estado fica na oitava posição, atrás do Distrito Federal (4,72), do Rio de Janeiro (3,65), de São Paulo (3,26), do Rio Grande do Sul ( 2,93), do Espírito Santo (2,92), de Minas Gerais (2,84) e de Santa Catarina (2,79).

Não surpreende, então, que a situação paranaense seja melhor que a média brasileira. No país todo, havia 546 mil médicos ativos no ano passado, uma proporção de 2,56 profissionais por mil habitantes.

Grande parte dos profissionais paranaenses, entretanto, estão concentrados na capital do estado, que soma 13.860 médicos (43,7% do total do Paraná). Isso significa que Curitiba possui 7,1 médicos para cada mil habitantes, enquanto o restante do estado tem 17.863 médicos espalhados – ou 1,85 profissional para cada mil habitantes.

Para o presidente do CFM, José Hiran Gallo, há médicos suficientes para atender toda a população brasileira, mas as más condições de trabalho em algumas localidades fazem a maioria dos profissionais se concentrar em capitais e cidades com melhor infraestrutura.

“Nós não queremos só um salário e uma carreira de Estado. Não adianta colocarmos médicos bem formados nesses mais de 5.500 municípios que temos no Brasil sem ter uma infraestrutura de trabalho com leitos, equipamentos, medicamentos, acesso a exames, apoio da equipe multiprofissional e remuneração compatível com o preparo e responsabilidade”, afirmou.

País possui médicos suficientes, mas desigualdade na distribuição e acesso persistem
Para o CFM, o Brasil possui médicos ativos, com registro nos CRMs, em número absoluto suficiente para atender às necessidades da população. Mas, apesar do significativo contingente (um dos maiores do mundo), ainda há um cenário de desigualdade na distribuição e fixação desses profissionais e também no acesso a eles.

Os dados apontam que a maioria dos médicos permanece concentrada no Sul e no Sudeste, nas capitais e nos grandes municípios. Nas 49 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes e que juntas concentram 32% da população brasileira, estão 62% dos médicos do país. Já nos 4.890 municípios com até 50 mil habitantes, onde vivem 65,8 milhões de pessoas, estão pouco mais de 8% dos profissionais.

As diferenças também ocorrem entre as regiões brasileiras. No Norte, vivem 8,8% da população brasileira e 4,6% dos médicos do país. O Nordeste, por sua vez, abriga 27% dos brasileiros e 18,5% dos médicos. O Sudeste responde por 42% da população e 53% dos profissionais. O Sul e o Centro-Oeste abrigam, respectivamente, 14,3% e 7,8% da população e têm 15,7% e 8,4% dos médicos do país.

Criação do programa
Mais Médicos fez número de profissionais disparar

O número de novos registros médicos emitidos no Brasil mais do que dobrou no País em 12 anos e bateu recorde em 2022. No ano passado, 39.551 profissionais entraram no mercado de trabalho. Em 2010, foram 18.781.

Segundo o CFM, o volume de novos médicos começou a ter aumento expressivo a partir de 2020, quando, pela primeira vez, o total de profissionais ingressantes no mercado ficou acima de 30 mil. O período coincide com a graduação dos alunos das dezenas de novos cursos abertos a partir de 2013, com a criação do programa Mais Médicos, que expandiu os vagas de Medicina no País.

Ainda segundo o CFM, se for mantido o mesmo ritmo de crescimento da população e de escolas médicas, dentro de cinco anos, o País contará com 3,63 médicos por mil habitantes, índice que supera a densidade médica registrada, por exemplo, na média dos 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), que reúne algumas das nações mais ricas do planeta.