
O verão está se despedindo. Nesta quinta-feira (20 de março), às 6 horas e um minuto, tem início o outono. E em Curitiba, a expectativa é que a nova estação seja “mais normal”, com padrão de chuvas e temperatura dentro da média histórica. Em outras palavras, após um verão muito quente e chuvoso, os curitibanos e moradores de municípios metropolitanos podem esperar dias com temperaturas mais amenas e menos chuvas nos próximos meses. É isso o que apontam os meteorologistas do Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), que ontem apresentaram o balanço do clima da estação que se despede e as previsões para a que se inicia.
De acordo com Leonardo Furlan, meteorologista do Simepar, quem mora na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) pode esperar para os próximos meses (abril, maio e junho) temperaturas mais próximas do normal para esta época do ano e chuvas também mais regulares, ou seja, dentro da média histórica. Na comparação com o verão, então, espera-se que o outono traga mais frio e menos chuvas para a Grande Curitiba.
“De modo geral, abril, maio e junho ficam com chuva dentro do esperado. A gente tem agora o avanço mais frequente de frentes frias, que podem trazer chuvas um pouco mais abrangentes, mais uniformes para a Região Metropolitana de Curitiba, mas vai ficar mais próximo do normal. As temperaturas também vão ficar dentro do normal, a gente vai ter dias mais frios, incursões de ar polar, justamente por conta que nessa época a gente tem um avanço mais progressivo de massas de ar polar, que trazem as temperaturas mais baixas pra região”, afirma o especialista.
Para os próximos dias (entre quinta e sábado), a temperatura na cidade deve variar entre 13 e 26ºC, com tempo estável e predomínio do Sol. Ao longo dos dias, portanto, a temperatura deve variar bastante, com manhãs amenas e nevoeiros seguidas de tardes mais quentes. A partir de domingo, porém, esse cenário já deve começar a mudar, com as temperaturas mínimas ficando um pouco mais elevadas e a possibilidade de ocorrência de pancadas de chuva em vários dias.
“A gente conta a saída do verão e a entrada do outono, mas a natureza tem um processo de ajuste normal, não há uma chavezinha que liga e desliga uma estação da outra. Então a gente vai conviver com um clima que vem se ajustando de certa forma, porque a gente vem entrando nessa condição de neutralidade [em relação a fenômenos climáticos como o El Niño e a La Niña]. Mas, na minha opinião, a gente começou a conviver com uma situação um pouco mais normal das condições climáticas. Vamos ter uma frente fria aí pelo dia 25, uma situação de instabilidade, depois mais para o final do mês outra situação de chuva”, aponta Fernando Mendes, também meteorologista do Simepar.

Previsão para o resto do estado e possibilidade de geadas e nevoeiro
Historicamente, os meses de abril, maio e junho são marcados pela redução no volume de chuvas no Paraná, quando sistemas de alta pressão atmosférica, caracterizados por ar frio e seco, fazem com que o intervalo entre as chuvas seja maior. E para este ano, o outono deve apresentar temperaturas ligeiramente acima da média, porém mais amenas do que o do ano passado, que teve temperaturas até 2,5°C acima da média em todo o estado, com exceção do Litoral. A chuva deve seguir o padrão histórico na região Leste, enquanto as demais regiões, como Oeste, Sudoeste, Centro-Sul e Leste, devem permanecer com clima mais seco em comparação ao outono anterior, já que 2024 foi um ano mais chuvoso nessas áreas.
Ainda de acordo com o Simepar, em relação ao volume de chuvas, as maiores precipitações do outono são normalmente registradas nas regiões Sudoeste e Oeste, enquanto o Norte do Paraná é a área com menores volumes. Já maio tende a ter um volume de chuvas ligeiramente maior do que abril e junho.
Além disso, na nova estação as geadas poderão ser registradas a partir da segunda metade de abril no Centro-Sul do Paraná. “Este outono será caracterizado por variações bruscas de temperatura em curtos períodos, com períodos de calor seguidos de frio intenso. Também é esperado o fenômeno conhecido como veranico, com vários dias consecutivos sem chuva; além da formação de nevoeiros e geadas nas regiões mais altas, como o Sudoeste, Sul, Centro-Sul e Campos Gerais, especialmente no final da estação”, detalha Reinaldo Kneib, meteorologista do Simepar.
El Niño, La Niña e a possibilidade de desastres naturais
Os fenômenos El Niño e La Niña afetam as condições climáticas de todo o mundo. O El Niño, por exemplo, é caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico equatorial e pode resultar em chuvas mais expressivas, que podem deflagrar desastres naturais, como enchentes e alagamentos. O La Niña, por sua vez, é o resfriamento das mesmas águas, com sua atuação resultando em chuva abaixo do normal e temperaturas muito acima da média. Mas, para este ano, espera-se uma condição de neutralidade desses fenômenos. E isso deve se traduzir, com relação às chuvas e temperatura, num regime mais próximo do normal em relação às médias históricas.
“Devido às condições climáticas e às atuações do El Niño e da La Niña, a gente observa que no outono a gente vai ter um padrão de neutralidade. Então, para esse outono, a gente espera um padrão mais neutro [com menos ocorrências extremas, como aquelas que afetaram o Rio Grande do Sul entre abril e maio do ano passado]. Mas, claro, a gente pontua que situações localizadas, avanços de alguns sistemas, bloqueios mesmo, podem ocasionar algumas situações isoladas de prejuízos, por conta de chuvas mais extremas ou até mesmo de seca”, explica Leonardo Furlan.