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A obesidade leva a outros graves problemas de saúde, como o diabetes (Foto: José Fernando Ogura/AEN))

Um levantamento do Ministério da Saúde revela que 36% da população adulta do Paraná sofre com algum grau de obesidade. O dado faz parte de uma análise realizada em 2023 do Índice de Massa Corporal (IMC) de mais de 1,6 milhão de homens e mulheres do estado. Nesta segunda-feira, dia 4 de março, é celebrado o Dia Mundial da Obesidade. Se somar os casos de sobre-peso, então temos que quase 70% da população no Estado está bem acima do peso.

A data foi estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar a população a respeito da doença, melhorar políticas de combate a esse problema de saúde e promover o debate entre agentes e organizações especializadas na prevenção e tratamento da obesidade. Além disso, a data também é uma forma de tentar diminuir o estigma social a respeito da enfermidade.

Para a presidente do Conselho Regional de Nutricionistas do Paraná (CRN-8), Cilene Gomes Ribeiro, é fundamental estabelecer políticas públicas eficazes para controlar a doença e conscientizar a população.

“A falta de regulação na oferta de alimentos ultraprocessados para crianças em escolas, a falta de regulação da publicidade desses alimentos e a própria falta de educação alimentar e nutricional da população contribuem para esse cenário. As políticas públicas têm que envolver questões de acesso a alimentos mais saudáveis, bem como o acompanhamento real da saúde para que se tenha o monitoramento e o atendimento de quem sofre de obesidade”, aponta.

Ela aponta ainda que o índice de obesidade no Paraná é um sinal de alerta para a sociedade. “A obesidade é uma doença multifatorial. Aliada aos fatores fisiológicos e metabólicos, existem fatores de ordem sociais, como acesso exacerbado a alimentos ultraprocessados que possuem muito açúcar, gordura e sódio. Além disso, são alimentos, em geral, mais baratos, com sabores e odores atrativos. Soma-se a isso, o consumo intenso de fast food que, em geral, são ricos em gorduras e em calorias”, diz.

De acordo com os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) do Ministério, a incidência dos graus 1, 2 e 3 de obesidade é maior nas mulheres paranaenses: cerca de 38% da população feminina é atingida por algum grau de obesidade. O universo avaliado é de 1,1 milhão de mulheres. Já nos homens o percentual da população masculina diagnosticada com algum grau da doença é de 30%.

Desde 2020, a OMS instituiu o dia 4 de março como o Dia Mundial da Obesidade. Anteriormente celebrada no dia 11 de outubro, a data foi alterada para coincidir com a Semana de Cuidados com a Obesidade, que acontece do dia 1 ao dia 7 de março.

OMS considera mal como um dos mais graves para a saúde
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a obesidade um dos mais graves problemas de saúde. Em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, isto é, com IMC acima de 30. A doença pode ser porta de entrada para outros problemas de saúde, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares.

O problema, contudo, não atinge apenas a população adulta. Cada vez mais as crianças e adolescentes também vão apresentando índices procupantes.

De acordo com os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), somente em 2022 foram avaliadas 639.515 crianças menores de dez anos e 326.912 adolescentes, correspondendo a 42,6% e 17,0% da população paranaense nessas faixas etárias, respectivamente. O excesso de peso foi identificado em 37,6% dos adolescentes e 23,7% das crianças.

“É importante que os bons hábitos alimentares sejam iniciados desde cedo com os pequenos. Uma alimentação saudável pode fazer toda a diferença no crescimento e desenvolvimento da criança”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, em matéria da Agência Estadual do ano passado.

A obesidade em crianças e adolescentes é resultado de uma série complexa de fatores genéticos, individuais e comportamentais. O contexto familiar, escolar, comunitário, social e políticos interferem nessa realidade. As escolhas alimentares não saudáveis não são isoladas.

Outros fatores como a ausência ou curta duração do aleitamento materno, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, a inatividade física, bem como o sono inadequado fazem parte dessa lista.

Quantos quilos
Quando uma pessoa é considerada obesa?

Pela definição da Organização Mundial da Saúde, obesidade é o excesso de gordura corporal, em quantidade que determine prejuízos à saúde. Uma pessoa é considerada obesa quando seu Índice de Massa Corporal (IMC) é maior ou igual a 30 kg/m2 e a faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2. Os indivíduos que possuem IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 são diagnosticados com sobrepeso e já podem ter alguns prejuízos com o excesso de gordura.

A obesidade é uma doença crônica, além de ser um dos principais fatores de risco para diabetes tipo 2, doenças do aparelho circulatório e diversos tipos de câncer. Ainda, é um importante fator de risco para maior agravamento de outras doenças como a Covid-19, maior prevalência de internações e maior chance de piores desfechos e letalidade.

A obesidade é um problema de saúde pública extremamente relevante e que ainda não é amplamente reconhecida como uma doença que necessita de diagnóstico e tratamento de forma oportuna, assim como outras doenças crônicas não transmissíveis, e que impacta na redução da qualidade de vida e aumento da mortalidade.