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Obras da Ponte de Guaratuba atingiram 70% (Foto: Arnaldo Neto/AEN)

Ventos fortes, marés imprevisíveis, licenças ambientais que demoraram a ser liberadas e um orçamento que precisou ser reforçado ao longo do caminho. A história da ponte de Guaratuba, no Litoral do Paraná, é marcada por desafios que lembram outras grandes obras no Brasil e no mundo, onde engenharia e persistência caminharam lado a lado para transformar projetos complexos em realidade.

Atualmente, a tão aguardada Ponte de Guaratuba já alcançou 70% de execução, segundo boletim divulgado em agosto de 2025. Com mais de 1.200 metros de extensão, a estrutura vai eliminar a travessia por ferry-boat. Isso vai encurtar o tempo de deslocamento entre Matinhos e Guaratuba e trazer mais fluidez ao tráfego na PR-412, especialmente durante a alta temporada.

O projeto atende às demandas atuais e, ao mesmo tempo, prepara a região para necessidades futuras. Além disso, ele inclui quatro faixas de tráfego, calçadas com ciclovia, faixas de segurança nos dois sentidos e guarda-corpos. De acordo com o cronograma, a equipe deve concluir a obra em abril de 2026. Enquanto isso, os trabalhadores avançam dia e noite em um dos maiores canteiros de trabalho do estado.

Obra gigante

Mais de 600 profissionais participam diretamente do projeto, entre engenheiros, oceanógrafos, pedreiros, soldadores, biólogos e marinheiros. Esse contingente dobrou desde o início da obra, quando pouco mais de 300 pessoas atuavam no local. Com tecnologia e dedicação, a ponte de Guaratuba reforça sua importância histórica e estratégica para a infraestrutura do Paraná.

Enquanto a construção mobiliza atenção nacional, é impossível não traçar paralelos com empreendimentos que também exigiram soluções criativas para vencer obstáculos naturais, técnicos e burocráticos. Veja a seguir pontes cujas obras foram tão complexas quanto a de Guaratuba.

Ponte Rio Niterói 

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(Foto: Lucas Benevides/Prefeitura de Niterói)

A Ponte Rio–Niterói, oficialmente chamada Ponte Presidente Costa e Silva, é um dos ícones da engenharia brasileira e a mais famosa ligação entre a cidade do Rio de Janeiro e Niterói. Inaugurada em 4 de março de 1974, ela tem 13,29 quilômetros de extensão, sendo 8,83 km sobre a água e o restante em viadutos de acesso. 

Na época de sua construção, foi considerada a segunda maior ponte do mundo em extensão contínua sobre o mar. Um de seus pontos mais impressionantes é o vão central de 300 metros, sustentado por um pórtico de 72 metros de altura para permitir a passagem de grandes navios rumo ao Porto do Rio. 

A obra enfrentou desafios como ventos fortes, correntes marítimas e a complexidade logística de erguer estruturas tão altas sobre a Baía de Guanabara. Uma curiosidade é que, até hoje, a ponte registra tráfego intenso, com mais de 150 mil veículos por dia. Além disso, ela já foi cenário de filmes, reportagens e até maratonas especiais realizadas sobre seu tablado.

Ayrton Senna 

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Ponte Ayrton Senna (Foto: DER-PARANÁ)

A maior ponte do Paraná é a Ponte Ayrton Senna, que liga Guaíra, no oeste do estado, à cidade de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul, cruzando o Rio Paraná. 

Inaugurada em 1998, ela tem 3,6 quilômetros de extensão e foi construída para substituir o transporte por balsas. A estrutura agiliza o tráfego entre os dois estados e integrando rotas importantes para o escoamento agrícola e o turismo. 

a ponte é estratégica para a economia regional. Isso porque suporta um fluxo intenso de caminhões, ônibus e veículos leves. Ela se tornou um marco da engenharia brasileira, enfrentando desafios como a largura do rio e as fortes correntes na época da obra.

Ponte Rodoferroviária 

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A ponte sobre o Rio Paraná (Foto: PMAT)

A Ponte Rodoferroviária sobre o Rio Paraná é uma das mais importantes e estratégicas ligações entre o Mato Grosso do Sul e o Paraná, unindo os municípios de Aparecida do Taboado, no Mato Grosso do Sul, e Rubinéia, em São Paulo. Contudo, seu acesso também beneficia diretamente o transporte para o Paraná.

Inaugurada em 1998, ela tem cerca de 3,7 quilômetros de extensão e é singular por abrigar, no mesmo tabuleiro, tanto a via para trens quanto a pista para veículos. Com isso, é possível a integração entre o transporte rodoviário e ferroviário. 

Construída para substituir as balsas e facilitar o escoamento de grãos e outros produtos do Centro-Oeste para o Sudeste e Sul do país, a ponte enfrentou desafios técnicos como a necessidade de fundações profundas devido à largura e profundidade do rio.

Uma curiosidade é que ela é considerada a maior ponte rodoferroviária do Brasil e, além de seu papel logístico, oferece uma vista impressionante do Rio Paraná, atraindo fotógrafos e viajantes que passam pela região.

Anita Garibaldi

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Ponte Anita Garibaldi (Foto: Prefeitura de Laguna)

A Ponte Anita Garibaldi, em Laguna, Santa Catarina, é uma das mais modernas do Brasil. Ela liga as margens norte e sul da cidade pela BR-101. Inaugurada em 2015, a estrutura tem 2,8 quilômetros de extensão.

Além disso, combina um trecho estaiado de 400 metros, com torres de 40 metros de altura, a longos viadutos de acesso. Essa configuração foi escolhida para permitir a navegação na Lagoa de Santo Antônio dos Anjos e, ao mesmo tempo, reduzir o impacto ambiental na região.

O nome homenageia Anita Garibaldi, heroína catarinense que lutou ao lado de Giuseppe Garibaldi no século XIX.

Um dos desafios da obra foi lidar com os ventos fortes e constantes da região, o que exigiu técnicas de construção e cabos especiais para garantir a estabilidade. Além disso, uma curiosidade é que, à noite, a ponte recebe iluminação cênica, tornando-se um cartão-postal de Laguna e atraindo visitantes para contemplar o pôr do sol sobre a lagoa.

Ponte de Danyang-Kunshan

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A ponte mais longa do mundo (Foto: Reprodução/YouTube)

A Ponte Danyang–Kunshan, na China, é reconhecida pelo Guinness World Records como a ponte mais longa do mundo, com 164,8 quilômetros de extensão. Além disso, inaugurada em 2011, ela faz parte da linha de trem de alta velocidade que liga Pequim a Xangai, atravessando rios, lagos, áreas agrícolas e zonas urbanas na província de Jiangsu.

Para enfrentar desafios extremos, a ponte foi projetada para suportar terremotos de até 8 graus na escala Richter e ventos de mais de 300 km/h. Surpreendentemente, toda a construção foi concluída em apenas quatro anos. Cerca de 10 mil trabalhadores foram mobilizados.

Um dos trechos mais impressionantes, entretanto, é a travessia sobre o Lago Yangcheng, famoso por seus caranguejos de água doce, onde os pilares foram instalados de forma a preservar o ecossistema local.

Além de se destacar como um feito de engenharia pela extensão e resistência, a ponte também reduziu consideravelmente o tempo de viagem entre cidades-chave da região. Por isso, ela se consolidou como um símbolo do avanço da infraestrutura ferroviária chinesa.