
Por trás de obras de linhas de distribuição, transmissão, subestações e usinas, a Copel realiza resgates de artefatos históricos e contribui para a preservação do patrimônio arqueológico brasileiro. Entre 2014 e 2024, a companhia identificou e preservou 285 sítios arqueológicos. Cuidar destes espaços onde grupos humanos viveram e deixaram suas marcas é uma das exigências legais que envolvem construções do setor elétrico.
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Os artefatos encontrados nas áreas de influência dos empreendimentos são, em sua maioria, instrumentos de barro e pedra, pertencentes a vários grupos. Alguns objetos foram identificados como tendo até 3.500 anos de existência. Eles foram localizados nos estados do Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso e Rio Grande do Norte, regiões onde a Copel possui empreendimentos.
Sítios arqueológicos: vasilhames, restos de fogueira, ruínas
O arqueólogo da Copel, Divaldo Sampaio, explica que a variedade é imensa. “Temos sítios de grupos caçadores-coletores, cujo principal vestígio são os instrumentos de pedra lascada e os fragmentos de sua fabricação. Temos sítios de grupos horticultores-ceramistas, cujo principal vestígio são fragmentos de vasilhames cerâmicos e as famosas lâminas de machado, em pedra polida. E temos, também, sítios históricos, que correspondem a ocupações depois da chegada dos colonizadores europeus”, enumera.







A lista de descobertas inclui, ainda, as estruturas utilizadas por esses grupos. “Identificamos desde restos de fogueiras até ruínas de edificações mais recentes, passando por remanescentes dos telhados dos abrigos e restos mortais de seres humanos que habitaram esses locais”, afirma. Neste último caso, houve o resgate das ossadas nos sepultamentos identificados.
Informações para o Iphan
Conforme dita o processo de licenciamento ambiental, a Copel precisa repassar diversas informações ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão federal responsável pela proteção de bens culturais. São informações como tipos de empreendimento, dados técnicos dos projetos de engenharia e, também, impactos que podem acontecer com a implantação e a operação da obra.
Na sequência, de acordo com a classificação obtida para cada empreendimento a partir da análise e decisão do Iphan, a empresa realiza estudos solicitados pelo órgão. Essa etapa pode ser realizada tanto com mão de obra própria quanto por meio da contratação de empresas e profissionais de qualidade reconhecida no mercado.
Os sítios localizados podem ser resgatados ou preservados em seu local de origem. O cientista social e analista socioambiental da Copel, Vitor Longo, explica a diferença. “Quando acontece o resgate, os artefatos são encaminhados para instituições que fornecem os endossos institucionais para os projetos de pesquisa a serem realizados pela Copel como museus e casas de cultura. Já a preservação do sítio em seu local original possibilita que o seu contexto histórico seja mantido”, afirma. “Tanto o resgate quanto a preservação são fatores importantes para a realização de pesquisas que levam o conhecimento ao alcance de todos”, complementa.
O analista da Copel acrescenta que, por determinação das leis que tratam do assunto, os sítios arqueológicos devem ser preferencialmente mantidos em seu lugar de origem. “O resgate deverá ser realizado somente após esgotadas todas as alternativas de preservação no local”, expõe.
O cuidado da Copel com o tema teve reconhecimento técnico e institucional. Um dos projetos da companhia sobre preservação dos sítios arqueológicos em seu local de origem foi selecionado para ser apresentado no 10º Seminário Brasileiro de Meio Ambiente e Responsabilidade Social do Setor Elétrico (SMARS), realizado em maio do ano passado.
O trabalho também foi publicado na revista EletroEvolução, publicação do Comitê Nacional Brasileiro de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (CIGRE). Trata-se de uma organização sem fins lucrativos que busca promover o intercâmbio e o desenvolvimento da engenharia no Brasil, no campo da produção de energia elétrica.
Sítios arqueológicos: educação patrimonial envolve comunidades locais
Uma das ações previstas pelo Iphan é a educação patrimonial. A proposta é apresentar para as comunidades locais a importância dos sítios arqueológicos, promover o reconhecimento do território como espaço de memória coletiva e valorizar a identidade cultural regional.
“O patrimônio é de todos os brasileiros. É através da educação patrimonial que conseguimos mostrar os resultados das pesquisas realizadas e a importância disso para a formação da identidade brasileira”, explica Sampaio.
As ações de sensibilização são direcionadas para as comunidades locais que fazem parte das áreas de entorno dos empreendimentos. Isso inclui trabalhadores das obras, alunos e professores de escolas públicas e privadas e moradores residentes nas áreas de influência direta e indireta das construções, bem como profissionais que trabalham em centros culturais e museus. Gestores e fiscais das obras realizadas pela Copel também integram o público-alvo da ação educativa.