Campanha mira no eleitor mais jovem: analogia com o futebol (Pexels)

O Instituto Palavra Aberta, organização sem fins lucrativos que atua na área da comunicação, lançou uma campanha para tentar conscientizar os eleitores mais jovens a respeito da disseminação de notícias falsas a respeito das eleições deste ano. A ONG aproveitou a proximidade da Copa do Mundo e criou a campanha VAR: Verifique Antes de Repassar, com vídeos nas redes sociais.

O slogan “É fake News? A pergunta é sempre a melhor resposta. E na dúvida, pratique o VAR”. O filme de estreia mostra três jovens com celulares e um deles compartilha uma informação duvidosa. Os outros alertam que propagar notícias falsas é uma “pagação de mico” e leva ao bloqueio por parte amigos. Outras peças terão um sósia do jogador Lionel Messi (um “Messi fake”) e um extraterrestre.

“A gente quer que o jovem passe a entender melhor seu papel nesse ambiente informacional. Essa campanha é parte de uma experiência que começou há algum tempo, no programa de educação midiática que levamos para as escolas, para ajudar os alunos a desenvolverem uma leitura crítica da informação”, disse a presidente do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco.

A campanha surgiu dentro do programa #FakeTôFora, desenvolvido neste ano pelo Instituto. A ONG programou 20 horas de aulas que são apresentadas em escolas do Ensino Médio – justamente onde está a grande maioria dos eleitores que votarão pela primeira vez neste ano. “Explicamos como é o processo eleitoral brasileiro, a função dos Três Poderes, como funciona uma urna eletrônica, o que é desinformação, calúnia e difamação, e como checar uma informação”, afirma Patrícia Blanco.

Enxugando gelo
Especialistas em Direito Eleitoral e mídia consideram a educação e a conscientização como os principais fatores para coibir a disseminação de informações falsas pela internet. Em muitos casos, é difícil encontrar o autor da mensagem. Em uma campanha eleitoral, que é um período rápido, o efeito negativo pode ser imediato, sem que ninguém seja punido.

“Tratar da parte visível do problema, que é a desinformação, dá a impressão de que estamos enxugando gelo. Quando retiram um conteúdo, brotam mais 20”, diz Patrícia Blanco. “A nossa proposta é atuar na base , com os mais jovens, na forma como eles consomem a informação. O cidadão precisa ter uma postura ativa em relação à informação. Antes ele recebia a informação sentado na frente da TV, era passivo. Hoje ele tem a possibilidade de questionar, ser ativo, mas replica conteúdos sem questionar. É uma questão de treinamento”.

Para a presidente do Instituto Palavra Aberta, é fundamental mostrar que o debate de ideias não envolve uma linguagem violenta. “É possível se expressar em um ambiente divergente, sem gerar atritos. O jovem pode usar técnicas não-violentas de debate, que não entram necessariamente na polarização. Hoje, se alguém fala algo que o outro não gosta, é cancelado ou bloqueado. Isso é prejudicial para o ambiente democrático”.

Assinada pela agência WE, a campanha será veiculada nas redes sociais do Instituto e da ONG EducaMídia até o fim de setembro com seis peças digitais: um filme manifesto, em que os três jovens abordam o tema da fake news e apresentam o conceito do VAR; três filmes da campanha, apresentados por personagens como sósia de Messi, uma mula sem cabeça e um extraterrestre, com a mensagem de que “nem tudo é o que nos contam”; um jingle que apresenta o conceito da campanha nas versões de 1 minuto e de 30 segundos; e um filme estrelado pelo influenciador Pedro Certezas para o Twitch.