Dois anos após o assassinato do engenheiro Douglas Regis Junckes, amigos e familiares decidiram fazer uma homenagem e, ao mesmo tempo, uma cobrança à Justiça paranaense. No bairro Juvevê, em Curitiba, onde morava e foi morto o blumenauense, está em exposição, desde o último dia 11 e até o próximo dia 25, um outdoor com uma foto de Douglas. Nele, mensagens de saudade e protesto: “Onde está a Justiça? Assassinado dentro do próprio apartamento pelo vizinho que permanece em liberdade”.
O episódio aconteceu no dia 20 de maio de 2018, um domingo. Nesse dia, Antonio Humia Dorrio, o acusado, havia voltado de uma viagem e queria descansar. Acabou se irritando com o som alto do vizinho de baixo, no 4º andar, e foi tirar satisfações – ao que tudo indica, já armado. Teve início então uma discussão, que terminou com Dorrio baleando e matando Junckes.
No começo de fevereiro, a Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR) confirmou que caberá ao Tribunal do Júri julgar o caso. Ao mesmo tempo, porém, foram retiradas duas qualificadoras da acusação de homicídio (motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima), com o réu, então, passando a responder por homicídio simples. Na prática, isso significaria que uma possível pena, que antes variaria entre 12 a 30 anos de prisão, agora deverá ficar entre 6 a 20 anos (isso em caso de condenação, reforce-se).
Ainda não há data marcada para o julgamento. Neste momento, explica Eduardo Junckes, irmão de Douglas, o Ministério Público do Paraná (MPPR) está recorrendo da decisão mais recente do TJPR, na tentativa de reincluir os qualificadores na acusação contra Dorrio. “O que eu mais gostaria é que a própria sociedade lembrasse disso e reivindicasse justiça”, apela o irmão de Douglas. “Uma pessoa cometer um crime desses e permanecer em liberdade, é um absurdo”, complementa ele, explicando que o outdoor, pago por amigos de conhecidos de Douglas, tem o objetivo de mobilizar mais as pessoas e chamar a atenção para o caso.
O outro lado
Em manifestação feita ainda em fevereiro, a defesa de Antonio Derrio celebrou a decisão da Primeira Câmara Criminal do TJPR. Dois pontos principais foram levantados pelo advogado Adriano Bretas e contribuíram para a decisão de retirada dos qualificadores da acusação.
O primeiro deles é que a discussão entre Antonio e Douglas teria evoluído para uma briga, com a arma do crime passando a ser disputada pelos dois. Antonio foi atingido na mão – inclusive acabou sendo detido após buscar atendimento no Hospital Cajuru – e Douglas morreu no local.
O outro é que Antonio não teria surpreendido Douglas, uma vez que chegou a ligar e pedir para o vizinho baixar o som. “Douglas por sua vez mandou ele descer até seu apartamento. Ou seja, não há o que se dizer em surpresa ou meio que impossibilitou defesa”, argumenta Bretas, que no Tribunal do Júri defenderá que seu cliente disparou acidentalmente contra Douglas, durante a briga.