Pais, alunos e escolas marcam passeata em Curitiba em defesa do ensino especializado

Editado por Josianne Ritz
APAE

Foto: Ari Dias/AEN

Na próxima quarta (20), véspera do início da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, mais de 40 escolas da Grande Curitiba vão participar passeata em defesa do ensino especializado. A mobilização terá início na Praça Tiradentes e seguirá até o Centro Cívico, reunindo estudantes, profissionais da educação, familiares e representantes públicos em uma manifestação histórica.

Leia mais

O objetivo principal do ato é denunciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 7796, que tramita no Supremo Tribunal Federal e questiona duas leis estaduais do Paraná que garantem o repasse de recursos financeiros às instituições especializadas. As Apaes e outras entidades envolvidas alertam que a possível suspensão dessas leis representa uma ameaça direta ao funcionamento dessas escolas e ao direito de escolha das famílias.

As unidades da Apae Curitiba, CEDAE, Luan Muller e Apae Santa Felicidade, estarão presentes. Ao todo, cerca de 300 pessoas da instituição devem participar da mobilização.

“A nossa expectativa com a passeata é chamar a atenção da sociedade para o fato de que as famílias não querem abrir mão do direito de escolher onde seus filhos irão estudar. Queremos mostrar o valor e o reconhecimento das escolas especializadas na vida das pessoas com deficiência e para as famílias”, afirmou Soeli Morais, diretora da Apae Santa Felicidade.

Ensino especializado está em debate

O evento ocorre em meio a um intenso debate sobre os rumos da educação inclusiva no Brasil. Enquanto entidades como a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD) defendem o fim das escolas especializadas, por considerarem o modelo um “retrocesso”, a Apae e demais instituições reforçam que o ensino especializado é uma alternativa necessária e legítima para muitas famílias.

Os alunos apoiam a iniciativa Ana Carolina Nunes da Costa, aluna da Apae, explica: “Eu quero muito continuar estudando aqui, porque tenho as pessoas que amo e é com todo mundo que a gente aprende. Por isso, a nossa escola não pode fechar”. Fernando Parreira Roberto, estudante e auto defensor, engajado na causa defende, “… Então dia 20 nós vamos estar lá na passeata para que a escola da Apae não se feche”, disse.

Leila de Jesus Silveira Barros e Daniel do Nascimento Barros, pais da estudante Laís, que tem deficiência intelectual e epilepsia, defendem a permanência da filha no ensino especializado. “A escola regular não está preparada, de forma alguma, para receber alunos com esse grau de necessidade. Alguns até se adaptam, quando têm um comprometimento mais leve e não apresentam deficiência intelectual associada. Mas, no caso da nossa filha, ela precisa de tratamento e acompanhamento especializados. Esse tipo de atendimento só uma escola como a Apae oferece”, revelam.

A Apae Curitiba oferece atendimento pedagógico, terapêutico e assistência social às pessoas com deficiência intelectual e múltipla, síndromes diversas, transtorno do espectro autista (em todos os níveis de suporte) e doenças raras. Todos os professores são pós-graduados em Educação Especial e Inclusiva, e parte da equipe possui formação em PCM – Gerenciamento de Crises, garantindo um atendimento humanizado, seguro e especializado.

Nas últimas duas décadas foram mais de 800 mil atendimentos gratuitos. Desde 1962,  somos um movimento transformador, dedicado à inclusão e ao cuidado das pessoas com deficiência. Hoje, contamos com cerca de 500 estudantes em duas escolas especializadas que atendem crianças, adolescentes, adultos e idosos.

ADI coloca em risco o financiamento das escolas especializadas

A ADI nº 7796, coloca em risco o financiamento de escolas especializadas, ameaçando o direito fundamental à liberdade de escolha das famílias e o acesso a um atendimento que, para muitos, é a única opção capaz de garantir o pleno desenvolvimento de seus filhos.

A passeata do dia 20 de agosto pretende reforçar a importância da liberdade de escolha na educação e demonstrar à sociedade o impacto positivo que as escolas especializadas têm na vida das pessoas com deficiência.