Jorge Prado

O Centro de Curitiba foi palco de uma confusão generalizada no começo da tarde desta terça-feira (30 de agosto), em mais um episódio envolvendo vendedores ambulantes de alfajor. Pelo menos 15 pessoas teriam se envolvido nas cenas de pancadaria, que terminaram com pessoas feridas, inclusive com marcas de facadas, de acordo com a Polícia Militar (PMPR). Ao todo, oito suspeitos acabaram presos.

João Pedro, que trabalha numa empresa de agenciamento de modelos, foi uma das pessoas agredidas pelos vendedores de alfajor. Ele conta que a empresa para a qual atua mantém uma equipe na Rua XV, fazendo uma espécie de caça-talentos para encontrar possíveis novos modelos. Os vendedores de alfajor, contudo, atuam na mesma região, nas proximidades da esquina da Rua XV com a Riachuelo.

“Eles [vendedores de alfajor] fazem abordagens e privam a gente de estar trabalhando, qualquer outra pessoa ou empresa. Diversas vezes conversamos com eles para chegar num consenso, vendemos produtos diferentes, não tem motivo para briga, intriga”, relata o jovem, explicando que houve uma primeira confusão quando ele e outros colegas tentaram conversar com os vendedores ambulantes.

“Descemos para conversar, mas os caras não queriam e agrediram a gente, aí começou uma briga generalizada, todo mundo batendo em todo mundo”, conta João Pedro, dizendo ainda que, após essa primeira confusão, houve uma nova tentativa de diálogo e aí os ânimos esquentaram de vez. “Descemos para tentar resolver, ter uma conversa civilizada. Todos eles vieram para cima da gente novamente e entramos dentro de ume stabelecimento no Centro. Me tiraram a força, 10, 15 pessoas, e começaram a me bater, pisaram na minha cara. Se não fosse a população eu tava morto agora”, desabafa o rapaz.

Rixa por espaço para venda

De acordo com o Tenente Conde, do 12º Batalhão da PM, o que aconteceu foi uma disputa por espaço de venda. “[Os venedores de alfajor] Não queriam que outros vendedores ocupassem o espaço. Em razão disso, vieram a agredir esses outros indivíduos, esses outros vendedores”, afirma o policial, revelando que as forças policiais conseguiram prender oito suspeitos após as cenas de pancadaria.

Segundo o tenente, a primeira confusão ocorreu nas proximidades da Praça Santos Andrade. Mais tarde, os dois grupos voltaram a se encontrar e enfrentar na XV de Novembro, próximo da Riachuelo. “Alguns indivíduos foram brutalmente agredidos. Fizemos patrulhamento E abordamos todos os indivíduos, que foram presos. as vítimas foram bastante agredidas, alguns com marcas de facadas. Estão sendo atendidas pelo Siate e vamos fazer encaminhamento deles na sequência”, disse.

Confusões que se acumulam

Ainda segundo o tenente Conde, essa não é a primeira vez que a polícia registra alguma confusão envolvendo os vendedores de alfajor. “Não é a primeira vez, já tivemos pelo menos dois episódios anteriores envolvendo esse pessoal que vende alfajor em via pública. Eles não acatam as nossas orientações, importunam os cidadãos passando, tentando forçar que comprem os produtos”, afirma o agente.

Em fevereiro deste ano, por exemplo, quatro desses vendedores de alfajor foram presos após agredirem e ferirem três guardas municipais na Rua XV. No mês seguinte, um soldado da Polícia Militar interferiu na abordagem de um desses vendedores ao ver que um pedestre estaria sendo constrangido por eles. O s vendedores reagiram e agrediram o policial com socos e chutes, numa confusão que ainda teve o dono de uma ótica na Praça Santos Andrade sendo agredido.

Na ocorrência de hoje, o Bem Paraná chegou ao local da ocorrência quase no mesmo instante em que a Polícia Militar e algumas viaturas da Guarda Municipal. Enquanto a reportagem esteve no local, diversos comerciantes da região desabafaram sobre a situação, relatando que os vendedores de alfajor abordam agressivamente os pedestres e atrapalham o trabalho do comércio na região, não sendo raro, inclusive, a ocorrência de cenas mais violentas, envolvendo desde xingamentos a quem se recusa a comprar os alfajores até agressões físicas contra pessoas que tentam vender outros itens no local, como balas.