
A pandemia do coronavírus dobrou a procura por consertos de bicicleta em Curitiba e a tendência é que o serviço continue em alta no fim do ano e em 2023. Muitas pessoas passaram a ver o ciclismo como uma boa opção para praticar exercícios durante os meses mais duros da pandemia, o que aumentou a venda de equipamentos novos nos últimos dois anos. Com a chegada do verão, a expectativa é que mais usuários procurem serviços de manutenção e conserto.
A tendência é que a busca por consertos se intensifique mais em 2023, pois o recorde de vendas foi registrado em 2020, quando a procura cresceu 50%, segundo a Aliança Bike, a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas. Em 2021, o crescimento foi 34% no primeiro semestre, mas houve um recuo no segundo semestre.
Para este ano, a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e similares) prevê 750 mil unidades produzidas no país, mesmo patamar registrado no ano passado. A Abraciclo avalia que o crescimento dos últimos dois anos seguiu uma tendência mundial de mobilidade, com aumento da procura por bicicletas para deslocamento e não apenas para lazer.
O crescimento das ciclovias também ajudou. Em setembro, a prefeitura de Curitiba anunciou uma licitação para instalar mais 23,7 km de novas novas ciclovias e rotas compartilhadas na cidade, ligando o Centro e 12 bairros. Outros 17 km foram entregues nos bairros CIC, Xaxim e Sítio Cercado. Atualmente, são cerca de 200 km.
“A procura aumentou bastante, depois da pandemia o ciclismo teve um aumento muito grande na cidade”, diz Edilson de Souza, um dos proprietários da Conserta Bike, oficina especializada no bairro Portão. “Agora que esquentou e o tempo melhorou, com uma amenizada nas chuvas, a procura mais que dobrou. A expectativa para 2023 é muito boa, estamos até pensando em aumentar o espaço. Estamos pegando muitos serviços”.
Os serviços mais procurados são a troca de pneus e a revisão das bicicletas. Uma revisão simples custa R$ 180 e o serviço completo, com revisão de freios hidráulicos e suspensão, sair por aproximadamente R$ 350. A lavagem também tem boa procura e custa R$ 35. Já uma lavagem com desmonte da bicicleta por ser contratada por R$ 90. Souza também é beneficiado por trabalhar em uma área com muitas ciclovias e vias compartilhadas, como o bairro Portão.
Um espaço familiar e cheio de vida
Proprietário de uma das oficinais mais tradicionais de Curitiba, a Cicles Muchau, no bairro Novo Mundo, Celso Muchau espera que o movimento melhore ainda mais no próximo ano. “O pessoal comprou muitas bicicletas novas nos últimos e vai precisar de revisão”, afirma. “Teve uma melhora bem grande na pandemia, o pessoal se empolgou e comprou muita bicicleta, principalmente as de aro 29”.
A troca de pneus também é o serviço mais executado pela Cicles Muchau, que está há 41 anos no mercado. “Fazemos muitos consertos de câmara e serviço de centragem das rodas. O resto aguenta mais”, diz Celso Muchau. Um “reaperto geral” da bicicleta custa R$ 120.
O ideal, de acordo com Muchau, é dar uma geral na bike ao menos uma vez por ano, para quem usa somente na cidade. “O pessoal gasta em média R$ 150 para fazer uma revisão”, diz. Edilson de Souza recomenda uma revisão a cada seis meses para quem utiliza a bicicleta diariamente ou em terrenos acidentados. “Depende muito do terreno. Se o ciclista faz trilha com muito barro, tem que fazer revisões com menos tempo. Se ele anda somente na cidade, vai depender muito da satisfação dele com a troca de marchas”.
No ano passado, a Pesquisa Anual de Comércio Varejista de Bicicletas, coordenada pela Aliança Bike, mostrou que a procura por serviços mecânicos aumentou em 30% em relação a 2020 e representou mais de 27% do faturamento dos estabelecimentos do setor.
No Brasil, é possível comprar uma bicicleta nova com um valor entre R$ 700 e R$ 20 mil, os chamados modelos de entrada e intermediária (mas existem modelos mais caros, para profissionais). No primeiro semestre deste ano, segundo a Abraciclo, a categoria mais produzida no país foi a Moutain Bike, com 65% do total. Na sequência aparecem a Urbana/Lazer (25% da produção) e Infantojuvenil (6,3%).